Finanças para autônomos: saiba como gerir as despesas pessoais e do seu negócio
Organizar os custos separadamente é imprescindível para o sucesso e rentabilidade do negócio
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Manter o próprio negócio tem inúmeras vantagens como independência financeira, realização pessoal, liberdade para administrar tudo do seu jeito, potencial de lucro ilimitado, entre outras. Por outro lado, os desafios também são muitos. Um deles é dirigir as finanças do sonhado empreendimento, pilar importante para o sucesso e rentabilidade de qualquer empresa.
Para os autônomos, misturar as contas pessoais com as corporativas pode ser o início de um desequilíbrio financeiro, resultando na falta de clareza na hora de avaliar os custos e lucros da empresa, podendo prejudicar a administração do fluxo de caixa.
Além de ter noção dos valores que entram e saem, na hora de analisar o rendimento de uma empresa, conduzir a origem do dinheiro e ter um destino estabelecido para cada valor são essenciais para uma leitura fiel à realidade da saúde do negócio. Por isso, anotar e acompanhar os gastos fixos e variáveis é imprescindível, afirma o economista e consultor financeiro Lucas Garrido.
De acordo com o consultor, impor um limite de quanto pode ser gasto para cada necessidade também é uma alternativa proveitosa para não passar do ponto na hora de pagar por algum serviço ou comprar algum material, por exemplo. Ele explica que a estratégia deve ser aplicada tanto no momento de custear as despesas enquanto pessoa física, quanto na hora dos gastos corporativos, mas em planos separados. Dessa forma, com os valores bem estabelecidos, a previsão dos gastos pode ser facilitada.
Contas
O especialista Garrido também lembra que o primeiro passo a ser seguido por quem começa a empreender é abrir uma conta destinada apenas às movimentações provenientes do negócio.
“Após a montagem do orçamento pessoal e profissional, as duas contas bancárias serão fundamentais para operacionalizar todo o planejamento financeiro desenhado anteriormente”, afirma o economista, destacando a importância da distinção das contas bancárias.
Lucas Garrido também destaca que boletos e faturas precisam ser pagos por suas respectivas contas, ou seja, conta pessoa jurídica pagando os custos e recebendo a receita da empresa e a conta pessoal movimentando as saídas e recebimentos da pessoa física.
Cartão de crédito
Além de compartilhar a mesma conta para os dois fins, outro ponto que pode virar um vilão na gestão contábil é utilizar o cartão de crédito da pessoa física para realizar alguma compra de interesse da empresa. Para o uso do recurso, é fundamental ter um cartão de crédito para cada objetivo, pessoal e corporativo, para que os custos não se percam na fatura pessoal, dificultando a soma dos gastos com o negócio, ponto importante para ter uma visão esclarecida do custo total em manter a atividade.
Rendimento
Alguns dos fatores que fazem o autônomo misturar as duas despesas pode ser a falsa sensação de que o dinheiro gerado pelo negócio é do proprietário, o rendimento variável e não dispor de um salário fixo também podem ser alguns dos fatores que dificultam o planejamento.
O economista Sandro Prado destaca que geralmente, o lucro da empresa é retirado para o proprietário de forma integral, porém, é necessário fazer uma separação do total faturado, já que, os valores também precisam ser direcionados para o capital de giro do negócio.
“É bom lembrar que o que você ganha com uma atividade empresarial autônoma é um dinheiro que é da empresa. Então uma parte você deve deixar como capital de giro ou imobilizar e fazer investimentos e uma parte você tira para os seus gastos pessoais”, lembrou.
Pró-labore
Por esse motivo, Lucas Garrido aponta para a importância de estabelecer um salário que o autônomo possa retirar todos os meses do total lucrado, a fim de não consumir do caixa da empresa, o chamado “pró-labore”, que significa a remuneração dada ao proprietário de uma empresa.
A prática pode ser uma saída para a variação da renda do autônomo, que pode sofrer mudanças de acordo com épocas do ano, confundindo a construção de um plano pessoal assertivo. Com um valor em mente para todos os meses, o empreendedor pode se planejar de forma mais coerente com suas finanças.
Sandro Prado explica que para definir esse valor, o empreendedor deve analisar com cautela o rendimento mensal da empresa com base nos registros aconselhados acima, já que, cada realidade é uma e com uma visão clara das entradas e saídas, o autônomo pode chegar a um valor viável e possível para retirada.
Sazonalidade
Seja empreendendo no setor com prestação de serviços ou comércio, as festas e demais comemorações do ano interferem no faturamento da empresa, ocasionando flutuações na renda. Para enfrentar os altos e baixos, construir uma reserva de emergência também deve fazer parte do pensamento de quem tem o próprio negócio.
“A reserva de emergência é a ferramenta principal para enfrentar a sazonalidade e flutuações da geração de renda de qualquer profissional autônomo. O ideal é montar uma reserva para cobrir de 3 a 12 meses do custo mensal do negócio e em paralelo é importante o autônomo montar a sua reserva pessoal que vai reforçar uma eventual sazonalidade do negócio”, aconselha Lucas Garrido.
Acompanhamento
No momento de orçar os custos próprios e da empresa, elencar valores deve estar alinhado também com o hábito de contar com gastos não programados, para assim, ter margem para imprevistos e não ser pego de surpresa por algum contratempo. Garrido lembra que não basta só fazer o planejamento, acompanhar o seu andamento é tão importante quanto.
“No dia a dia é bem difícil parar para anotar todos os gastos, o que sugerimos como boa prática é semanalmente você acompanhar quanto está gastando em relação ao orçamento total desta forma poderá ajustar e saber se está na meta de gastos do mês”, aconselhou.