Governança corporativa em empresas familiares
A Folha Finanças desta semana entrevistou André Melo, Sócio Fundador da AGS Investimentos. Ele foi entrevistado por Camila Haeckel, do Inspiração Invest, parceira deste blog. A AGS é uma empresa que é especializada em controladoria, na estruturação de operações financeiras de longo prazo, na elaboração de Valuation e como Advisor, apoiamos famílias na governança corporativa afim de deixá-las aptas a efetuar operações de fusões e aquisições.
Na conversa, o sócio da AGS explica como funciona o processo de empresas familiares, além da importância de ter um sistema de governança bem estruturado.
A empresa que André fundou tem quase 30 anos de experiência atuando no mercado financeiro e de capitais, consolidada como um excelente canal de relacionamento, em amplitude nacional, e com uma rede de contatos com bancos de investimentos, fundos de private equity e instituições financeiras.
André atua ainda como conselheiro independente em empresas familiares investidas por fundos de private equity.
Confira a seguir, a entrevista com André Melo.
O que você entende como governança corporativa?
Governança é um instrumento de controle e de gestão que coloca em sintonia as empresas e o mercado, o qual contempla a relação da empresa com os stakeholders, ou seja, governança é considerada um instrumento de controle e de gestão que coloca em sintonia as empresas com o mercado, abrangendo não só a relação com os acionistas presentes e potenciais, mas também fornecedores, consumidores, membros da família proprietária e a coletividade.
O que caracteriza uma empresa familiar?
Uma empresa familiar tem como característica ter o DNA do seu fundador, seus sonhos e o nível de comprometimento de fazer acontecer, independente do tamanho e do tempo de constituição, assim, é considerada uma empresa familiar da pequena empresa do bairro a grande empresa do Estado.
O grande desafio se dá na sucessão, visto que todo sucessor é herdeiro, mas nem todo herdeiro é sucessor, assim, entendemos que a grande vantagem será perpetuar o negócio criado pelo fundador e por consequência a liquidez e o patrimônio de toda família.
Em nossa vivência com empresas familiares observamos uma grande sobreposição entre o que e patrimônio pessoal, da família e da empresa, eles se confundem entre a propriedade e o controle, gerando no longo prazo uma instabilidade nos relacionamentos entre os fundadores e seus herdeiros.
Quais as principais vantagens de implementar um modelo de governança em uma empresa familiar?
Como vantagens temos perpetuar o negócio criado pelo fundador e por consequência a liquidez e o patrimônio de toda família, a melhora da qualidade da gestão das informações para os gestores e acionistas, a melhora também na percepção de risco da empresa e por consequência a redução dos custos de captação de recursos.
Quais são as principais características de uma empresa familiar que implementou um modelo de governança?
Os fundadores e herdeiros terão que trabalhar muito no desapego pelo poder em detrimento de dar oportunidade a uma profissionalização, assim, surge a figura do conselho de administração que irá apoiar nesta transformação.
Destaco também que a contabilidade e seus controles são peças fundamentais de uma governança com suas demonstrações sendo auditadas e refletindo a realidade da atividade operacional.
Por fim, é crucial a efetiva segregação da figura dos gestores, que irão receber pelos seus trabalhos desempenhados e metas atingidas e dos acionistas, estes vão receber os lucros efetivamente gerados.
Depois de implementada uma governança, quais os ganhos de longo prazo?
A fim de gerar uma perpetuação dos sonhos dos fundadores, a evolução natural de um processo de governança corporativa será o acesso das empresas ao mercado de capitais, não só nacional como mundial, aí muda completamente os recursos que serão acessados pela empresa gerando mais liquidez a família e crescimento sustentável da liquidez e patrimonial dos fundadores e de seus herdeiros com criação de valor para os sócios/acionistas.