Maquininha de cartão: saiba os riscos de usar a maquineta para retirar dinheiro do saldo de crédito
A prática pode gerar prejuízos à saúde financeira e até acarretar problemas legais
Utilizar o limite disponível no cartão de crédito para quitar algum valor em aberto ou para outros fins vem sendo uma prática cada vez mais comum. A ação é costumeira entre autônomos e empreendedores, que já possuem o equipamento para transações do seu negócio, e podem recorrer à alternativa em um momento de emergência. As consequências podem ser prejudicais para a saúde financeira e, até, acarretar problemas legais.
O impacto na saúde financeira do usuário é a falsa sensação de liquidez, podendo levar ao uso descontrolado do limite do cartão, criando uma bola de neve de dívidas difíceis de gerenciar. Já que, mesmo utilizando o cartão de crédito na maquineta para pagar uma conta em aberto na intenção de se livrar logo do débito, outra dívida é gerada, alerta Thales Santana, diretor de relacionamento de clientes da CardWay.
Ao realizar essa operação, o usuário tem que pagar a taxa da operação da maquininha e paga ainda os juros do cartão.
“As operadoras de maquininhas cobram uma porcentagem sobre o valor movimentado. Além disso, o montante retirado entra como despesa na fatura do cartão de crédito, sendo financiado com os juros do crédito rotativo caso não seja pago integralmente. Esses juros, frequentemente superiores a 300% ao ano, tornam essa prática uma das mais caras formas de acessar dinheiro”, informa Santana.
Um caminho para evitar a utilização da maquineta para retirar valores disponíveis em crédito, são alternativas mais viáveis, como empréstimos pessoais, que geralmente oferecem taxas mais baixas, ou a negociação direta com o banco. Thales Santana ainda aponta que é fundamental que os consumidores entendam os riscos e busquem opções mais seguras em momentos de dificuldade financeira.
Implicações legais
Além dos custos elevados, também existem problemas legais envolvidos na prática de autofinanciamento, que se refere à prática de um indivíduo usar sua própria máquina para processar transações com seu cartão pessoal. De acordo com a advogada Eduarda Brito, dependendo da legislação local, esta prática pode ser considerada uma forma de fraude ou evasão fiscal, podendo resultar em penalidades legais.
“Isso acontece porque ao passar o cartão da empresa, dos seus representantes legais e pessoas relacionadas em benefício próprio pode também indicar o uso indevido do seu cartão e do crédito concedido pelo emissor”, afirma.
Nesse sentido, quando você retira o fundo de crédito na maquineta, está “tomando empréstimo”, de certa forma, com um banco, pagando as taxas da maquineta, quando deveria estar pagando as taxas de um empréstimo tradicional.
“As maquininhas foram projetadas para transações comerciais legítimas, e seu uso para transformar crédito em dinheiro pode ser interpretado como uma violação de contrato com a operadora, resultando no bloqueio do serviço e até complicações fiscais”, completa a advogada.