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O cenário de desenvolvimento das empresas pernambucanas em tempo de transformação

Camila e Eduarda Haeckel do Inspiração Invest, e André Farias, CEO do Experience Club - Divulgação

O convidado de Camila e Eduarda Haeckel, do Inspiração Invest, parceiras da Folha Finanças, desta semana é André Farias, CEO do Experience Club Nordeste. O grupo comandado por ele na região tem como um dos propósitos, proporcionar a melhor curadoria de conhecimento para que os empresários associados possam ter ferramentas para liderar os seus negócios para as próximas décadas.

Na entrevista, André faz uma análise sobre o panorama do desenvolvimento das empresas pernambucanas, me meio a um período de mudanças provocadas pela pandemia do novo coronavírus. 

O grupo que André lidera no Nordeste, o Experience Clube, é uma rede que conta com 80 importantes companhias do Estado. A rede gira em torno de 170 líderes empresariais e executivos. 

Confira a conversa com André Farias e veja como está o cenário empresarial e a expectativa para o próximo ano. 

Como você analisa o desempenho das empresas pernambucanas durante a pandemia?

Antes de pensarmos em transformação, como também em dificuldades, precisamos entender que o período da pandemia foi também muito importante para construir caminhos a empreendedores que desejam montar seus negócios e encontraram janelas de oportunidades.

No momento mais complicado, no primeiro quadrimestre, foram abertas 1,1 milhão de empresas, de acordo com o boletim Mapa de Empresas, do Ministério da Economia. A quantidade representa um aumento de 6% em relação ao primeiro quadrimestre e aumento de 2% quando comparado com o segundo quadrimestre de 2019. 

Foi um tempo de oportunidade pra muita gente que viu no isolamento a construção de oportunidades.

Partindo para uma visão de busca pela sobrevivência, manutenção de relevância e acima de tudo de preservar caixa e empregos, em Pernambuco, as empresas realizaram uma rápida construção de equipes.  Os grupos foram chamados de “Comitê de Gestão de Grandes Emergências” para definir os objetivos a serem alcançados, ou seja, criaram bem seus planos de emergências.

Em várias conversas que tive com os empresários no geral, pude perceber o quanto estavam todos muito mais preocupados em preservar o que tinham feito do que em expansão.

Os “gabinetes de crise” foram responsáveis por manter o muito que estava sendo feito para viver o bom momento que seria 2020, pelas projeções. Algo positivo que pude ver em Pernambuco foi a escala em campanhas de proteção aos pequenos negócios locais, o que chamamos de locavorismo. 

Os grandes comerciantes e grandes redes de varejo não foram tão afetados quanto os pequenos e microempresários, que ficaram mais vulneráveis à crise econômica por não terem capital reserva e ficarem impossibilitados de trabalhar devido à quarentena. Foi importante o apoio da população em consumir produtos locais. Pode parecer que não foi expressivo, mas muitos amigos que montaram seus negócios na pandemia e outros pequenos foram abençoados por tais atitudes. 

O que esperar da economia de Pernambuco em 2021? 

Em virtude do alto consumo de bens e alimentos no geral, a indústria se fortalecerá ainda mais. Não posso deixar de compartilhar um dado que foi muito observado nos últimos meses. 

A produção industrial de Pernambuco segue apresentando números robustos. O Estado apresentou o melhor resultado do Brasil em julho, com alta de 17% ante o mesmo mês de 2019.

Mesmo com a chegada de uma provável segunda onda da Covid-19, estamos muito mais perto de acabar. Com a retomada das atividades acontecendo em uma velocidade maior do que o esperado, empresas têm conseguido construir projeções de expansão e já vislumbram resultados melhores do que antes da pandemia. 

A construção civil chegou a patamares que remontam para aquele período do apogeu econômico. Prosseguirá da mesma forma. Os negócios que atendem a cadeia da construção como o varejo que oferece produtos de casa, reformas, obras no geral, aquece e emprega muita gente. 

O turismo local muito aquecido com a demanda reprimida do isolamento. Porém, o turismo internacional quando voltar no meio de 2021, virá com muita força e chamará atenção, já que há um mercado consumidor muito carente de consumir o mercado internacional. 

Acima de tudo, se destacam os negócios de tecnologia pela capacidade que eles tem em nortear o novo universo corporativo. 

Sigo muito animado e estimulado a participar do pós pandemia.

Quais setores devem apresentar maiores dificuldades para retomada econômica?

Na parte hoteleira precisa ter um cuidado, os hotéis corporativos, são alguns que vão sofrer bastante. Você observa o fechamento de vários hotéis no Brasil do turismo de negócios, temos uma quantidade grande de empreendimentos para isso, e em um mundo onde não vai precisar sair de uma cidade para outra, podendo fazer os encontros de forma virtual. 

Haverá uma redução drástica das viagens corporativas em cidades internacionais, onde vai poder fazer reunião digital, negociações que não precisam ir mais três ou quatro vezes, e pode ir uma vez para conhecer, ou concretizar. Os hotéis corporativos precisam ser transformados em hotéis de cidade ou em de experiência, para lazer, não pode ser apenas de convenção, e não conseguirão se sustentar por muito tempo em um redesenhamento da sociedade. 

O turismo que vem crescendo e sinto que vai crescer é o de lazer, o corporativo vai demorar a retomar e não vai ser como antes, vai ser mais tímido pela nova configuração de negócios e de viagens. 

Na aviação, também em conversas com o setor, não serão mais cinco anos para a recuperação, mas sim 10 anos para voltar ao patamar que tinha no passado. É importante falar sobre as dificuldades.

Quais segmentos devem ter melhor desempenho no próximo ano?

Em termos de crescimento destaco a construção civil, empresas de tecnologia que exercem consultoria de transformação digital, computação na nuvem, cybersecurity, vão crescer muito. Elas norteiam a nova visão das marcas, olho isso como empresas que tem escalabilidade maior. 

Observo também em 2021 um crescimento grande do setor de beleza, que quando retomar os eventos, fóruns, convenções, viagens, vão ter pessoas querendo se cuidar ainda mais do que se cuidavam no passado. 

Outro setor que é importante observar é o de medicina popular, as pessoas passaram a gastar com saúde, odontologia, oftalmologia. Clínicas populares são os tipos de empresas que vão escalar e crescer muito na área de saúde. 
 

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