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Bach, Vivaldi e fondue Bach, Vivaldi e fondue Bach, Vivaldi e fondue

Boa música e boa fondue compõem o cenário de Gravatá - Da editoria de Arte

A Igreja Matriz de Sant’Ana esteve lotada todas as noites, na semana passada. Por fora o frio (por volta de 17º), próprio dessa época do ano em Gravatá. Por dentro o calor de gente simples, encantada com Bach, Haydn, Mozart, Puccini, Ravel, Schubert, Schumann,Verdi, Vivaldi, Villa-Lobos. Tudo executado por músicos internacionais: Victor Asuncion (piano); Erica Tursi e Mason Yu (violino); Rafael Altino e Jinsun Hong (viola); Alex Cox (cello); Fabio Zanon e João Paulo Ferreira (violão).

E organizado por Ana Lucia Altino e pelo grande maestro Rafael Garcia - obstinados em difundir a música clássica. Custa pouco, senhores políticos. Tão pouco. O festival inteiro representa menos que o cachê de Luan Santana (sem nem contar sua tropa). Nada contra esses mitos globais, quase todos insossos.

Mas é impossível deixar de considerar a cultura em uma dimensão mais ampla, incorporando necessariamente música clássica. Mas não só boa música temos em Gravatá. Também bons restaurantes. Para todos os gostos: com pratos típicos da culinária nordestina, italiana, portuguesa e suíça.

Sobretudo com Fondue, um prato próprio para o frio que anda fazendo por lá. Primeiro restaurante a ficar famoso com ele foi a Taverna Suíça, de José Luiz Truan. Depois, muitos outros foram aparecendo. Só para lembrar, fondue é particípio passado do verbo “fondre” (em francês, fundir).

Dele já falamos em colunas anteriores. O prato surgiu por acaso, em princípios do séc. XIX - quando fabricantes de queijo, na região de Valais (Suíça), decidiram dar destino mais nobre às sobras de suas produções. Então passaram a derreter esses restos de queijo em um caldeirão, provando a mistura com pão.

Logo perceberam ser necessário acrescentar álcool, para que a mistura se conservasse por mais tempo. Deu certo, como um prato popular a ser repartido com amigos. Sempre em volta da mesa, claro. Passando então a ter adaptações. O caldeirão foi substituído por uma pequena panela de barro esmaltada (coquellon); a fogueira, por fogareiro a álcool (rechaud); os ganchos (para retirar o queijo do fogo), por garfos longos (fourchettes); e o álcool, por kirsh.

Passou-se também a temperar a mistura com alho e pimenta; mantendo-se inalterados o pão e o queijo, suíço sempre - gruyère, para dar sabor; e emmenthal, para torná-lo cremoso.

A receita chegou ao Brasil em meados do século passado, trazida por imigrantes franceses e alemães. Primeiro no Sul, de clima frio e mais próprio para esse prato; depois também no Nordeste - onde, apesar do calor dos trópicos, conquistou todos os gostos.

Depois foram surgindo variações dessa receita básica. O bourguignonne (de carne) - com salada de alface e tomate, chips de batata, picles e molhos de alho, beterraba, rosé, tártaro e verde. E o de chocolate, invenção francesa bem mais recente. Para acompanhar o prato, segundo sugestão de Murilo Guimarães (Caderno Sabores 02.06.07), um vinho específico para cada receita: o de queijo, com “vinho branco seco de acidez bem marcada, para se contrapor à gordura do queijo”; carne, com “vinho tinto encorpado e de taninos marcantes”; chocolate, com “vinho do Porto”. Por fim, saborear esse prato, se possível, ao som de Vivaldi ou de algum outro compositor preferido. Por tudo, assim, brindando a própria vida. “Tim, tim!”.

RECEITA: FONDUE DE QUEIJO

INGREDIENTES

1 dente de alho
200g de queijo gruyère
200g de queijo emmenthal
200ml de vinho branco seco
1 colher de chá de fécula de batata (ou maisena)
1 cálice de kirsch (destilado de cereja)

PREPARO
· Rale os queijos e reserve

· Esfregue o dente de alho (partido ao meio) pela panela (de cerâmica). Junte o vinho e leve ao fogo. Quando estiver quente, junte os queijos. Abaixe o fogo e mexa, sem parar, com colher de pau

· Quando derreter, junte a fécula de batata (ou a maisena) dissolvida no kirsh. Mexa e desligue o fogo. Misture. Leve a panela ao réchaud e sirva com pão cortado em cubinhos. Lembrando sempre que não pode ferver no réchaud, nem ficar muito frio

· O pão deve ser de casca grossa, como o italiano, para não cair do espeto

· Para completar, apenas lembrar que a crosta do fundo é uma delícia

*É especialista em Gastronomia e escreve semanalmente neste espaço

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