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O doce mel II (a Península Ibérica)

Lecticia Cavalcanti - Cortesia

Foram os árabes os grandes divulgadores do mel na Europa. Especialmente em Portugal. Colméias eram ali tão importantes que, por segurança, acabavam cultivadas sempre perto das casas. Havia “meleiros” - aqueles que retiravam o favo das col­méias; e “apicultores” - os que viviam de vender esse mel. No reinado de D. João III, tanto prestígio tinham que até impostos podiam ser pagos com ele. Os mostei­­ros se tornaram, por essa época, grandes produtores des­­se mel - usado, então, pa­­ra preparar sobremesas e fabricar velas. “O mel era mui­to usa­do, e em certas loca­lidades tão abundante, que se indicam dele foros a­vul­tados, e algumas vezes con­sumido em favos; mas em geral usavam-no no lugar do açúcar de hoje”, segundo Alberto Sampaio (em Estudos históricos e econômicos, 1923). Durante a Idade Mé­dia, o mel (junto com azeite, cortiça e vinho) era um dos principais produtos de expor­tação da Península Ibérica.

Havia, nos conventos daquele tempo, fartura de tu­do. Em razão, especialmente, de heranças deixadas por fa­mílias ricas ou por pecado­res interessados na redenção de suas almas. Disso já falamos em coluna passada (11 de novembro). Assim se deu, por exemplo, com D. Maria Francisca Isabel, filha do rei D. Pedro II - o português, cla­ro.

Que o Pedro II brasilei­ro, filho de D. Pedro I (em Por­tugal, Pedro IV), não foi nun­ca rei na terra em que mor­reria velho e triste. Con­ta-se que essa princesa chegou a pagar a fortuna de 1.200.000 réis por 12 mil mis­sas, a serem celebradas após sua morte. Dada tanta opulência, ou pela origem no­bre de freiras educadas nos requintes da Corte, nesses mosteiros se davam banquetes que em nada lembra­­­vam o rigor próprio das re­­gras monásticas. Foi assim so­bretudo no reinado de Dom Afonso IV, “O Bravo” (início do século XIV). E até o fim da Inquisição.

Em decre­to de 19 de dezembro de 1834, ainda no reinado de Dom Miguel I, “O Absoluto”, o ministro Joaquim Augusto Aguiar aboliu as ordens religiosas e confiscou seus patri­mônios. Ainda ratificando a expulsão dos jesuítas (em 3 de setembro de 1759) e a extin­ção da Ordem (em 21 de ju­lho de 1773); passando a ser, por isso, conhecido co­mo “o Mata-Frades”. A tudo isso resistiu o mel, consumi­do então por toda a gente.

 

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