O doce mel II (a Península Ibérica)
Foram os árabes os grandes divulgadores do mel na Europa. Especialmente em Portugal. Colméias eram ali tão importantes que, por segurança, acabavam cultivadas sempre perto das casas. Havia “meleiros” - aqueles que retiravam o favo das colméias; e “apicultores” - os que viviam de vender esse mel. No reinado de D. João III, tanto prestígio tinham que até impostos podiam ser pagos com ele. Os mosteiros se tornaram, por essa época, grandes produtores desse mel - usado, então, para preparar sobremesas e fabricar velas. “O mel era muito usado, e em certas localidades tão abundante, que se indicam dele foros avultados, e algumas vezes consumido em favos; mas em geral usavam-no no lugar do açúcar de hoje”, segundo Alberto Sampaio (em Estudos históricos e econômicos, 1923). Durante a Idade Média, o mel (junto com azeite, cortiça e vinho) era um dos principais produtos de exportação da Península Ibérica.
Que o Pedro II brasileiro, filho de D. Pedro I (em Portugal, Pedro IV), não foi nunca rei na terra em que morreria velho e triste. Conta-se que essa princesa chegou a pagar a fortuna de 1.200.000 réis por 12 mil missas, a serem celebradas após sua morte. Dada tanta opulência, ou pela origem nobre de freiras educadas nos requintes da Corte, nesses mosteiros se davam banquetes que em nada lembravam o rigor próprio das regras monásticas. Foi assim sobretudo no reinado de Dom Afonso IV, “O Bravo” (início do século XIV). E até o fim da Inquisição.
Em decreto de 19 de dezembro de 1834, ainda no reinado de Dom Miguel I, “O Absoluto”, o ministro Joaquim Augusto Aguiar aboliu as ordens religiosas e confiscou seus patrimônios. Ainda ratificando a expulsão dos jesuítas (em 3 de setembro de 1759) e a extinção da Ordem (em 21 de julho de 1773); passando a ser, por isso, conhecido como “o Mata-Frades”. A tudo isso resistiu o mel, consumido então por toda a gente.