O doce mel IV
Morena tropicana, eu quero teu sabor
Ai, ai, ai, ai
Da manga rosa quero o gosto e o sumo
Melão maduro, sapoti, joá
Jabuticaba, teu olhar noturno
Beijo travesso de umbu-cajá
Pele macia, ai carne de caju,
Saliva doce, doce mel, mel de uruçu ...
Alceu Valença (Morena Tropicana)
Negros da África Oriental e Mediterrânea conheciam bem o açúcar - produzido com canas plantadas nessa região por árabes, que as trouxeram da Índia. Mas não os escravos que chegaram ao Brasil, todos vindos da África Ocidental (Angola, Guiné, Gana).
Também eles usavam mel na preparação de suas receitas. A cana só se popularizou, ali, a partir do século XVI - quando já havia começado, no Brasil, o ciclo da escravatura.
Foram aqueles árabes, bom lembrar, que desde muito antes difundiram o mel pela Europa, ensinando como usá-lo na preparação de bolos e doces. Fiéis a suas origens continuaram, índios e africanos, durante todo o início da colonização portuguesa, preferindo mel-de-pau ao açúcar - que chamavam mel-de-furo, porque escorria das fôrmas.
Também eles usavam mel na preparação de suas receitas. A cana só se popularizou, ali, a partir do século XVI - quando já havia começado, no Brasil, o ciclo da escravatura.
Foram aqueles árabes, bom lembrar, que desde muito antes difundiram o mel pela Europa, ensinando como usá-lo na preparação de bolos e doces. Fiéis a suas origens continuaram, índios e africanos, durante todo o início da colonização portuguesa, preferindo mel-de-pau ao açúcar - que chamavam mel-de-furo, porque escorria das fôrmas.
A nós chegaram receitas de bolos e doces que, em Portugal, continuavam sendo feitas com mel de abelha. Entre eles o bolo de mel e o folhado com mel, que adaptamos e passamos a chamar de mil folhas. Além do alfenim, conhecido pelo povo como alfeninho - do árabe “al-fenie”, que significa “cor branca”. Diz-se também, em corruptela, de pessoa delicada e melindrosa. Trata-se de massa seca e muito alva, feita com mel (depois, também com açúcar), farinha e clara de ovo. Ao chegar no ponto, é moldada em diferentes formatos - reproduzindo animais, flores e santos. O resultado era uma massa seca e muito alva, feita com mel (ou açúcar), farinha e clara de ovo. Em Portugal, passou a ser servido em bandejas de prata, a nobres e pessoas importantes. Em Pernambuco, no entanto, sempre foi doce popular.
Faltando só falar da alféloa (ou alfelô ou alféolo), do árabe “al-halaua”, que chegou a Portugal com a invasão moura no séc. VIII. É pasta de mel (ou açúcar) em ponto grosso, esfriada aos poucos, enquanto se puxa com as mãos, até embranquecer. D. Manuel, “O Venturoso”, por considerá-la privilégio de mulheres e crianças, proibiu que fosse vendida por homens, sob pena de prisão e açoite. Em Pernambuco, é feita com mel de engenho (ou açúcar). O mel vai ao fogo até ficar em ponto firme - sendo a pasta então esfriada aos poucos, enquanto se puxa com as mãos, até embranquecer. Por conta desse jeito de preparar, acabou conhecida como “puxa-puxa”. A partir daí, e para todo o sempre, o mel acabou sendo substituído pelo açúcar.
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