Os Reis Magos
“Tendo, pois, Jesus nascido em Belém da Judéia no tempo do rei Herodes, eis que Magos vieram do Oriente a Jerusalém” (Mateus 2, 1). Esses magos diziam ter visto a mesma estrela, diferente de todas as outras. Por razão que não sabem explicar, a seguiram.
Na esperança, talvez, de que viesse indicar o lugar em que nasceria o Salvador. Magos é expressão que vem de Heródoto, o Pai da História (420 a.C.), referindo todos os que se interessavam pelas coisas do céu – hoje, equivalente a astrônomos e astrólogos. Com o passar do tempo, a tradição cristã os converteu em reis – Os Reis Magos, assim ficaram conhecidos. Eram três: Melquior ou Belchior veio da Europa; Gaspar, da Asia; Baltazar, da África.
A Belém chegaram em camelos “e prostrando-se diante do menino, o adoraram. Depois, abrindo seus tesouros, ofereceram-lhe presentes” (Mateus 2, 11-12). O primeiro presente foi ouro – mais precioso dos metais, representando realeza.
O segundo, incenso – resina que, ao ser queimada, desprende um aroma agradável. Vem da Índia, extraída de árvore (“Boswellia”) usada em sacrifícios religiosos, representando a fé. O terceiro, mirra – outra resina, extraída de árvore (“Commiphora”) nativa da África, própria para a fabricação de perfumes; e, também, embalsamamentos – daí vindo o verbo “mirrar”, com o sentido de
definhar, de ganhar aparência de defunto, representando o lado humano de Jesus.
Em 1164, os restos mortais dos Reis Magos foram transferidos para Colônia (Alemanha). As casas dessa região, ainda hoje, ostentam nos portais a inscrição CMB (Christus Mansionem Benedicat), “Cristo abençoe esta morada” – que, por semelhança às primeiras letras dos nomes dos Magos, muitos interpretam como sendo suas iniciais. O dia de homenagear esses Magos será na próxima segunda, 6 de janeiro, data que encerra o ciclo de Natal. Dia de Reis, assim chamamos.
Em alguns lugares, como na Espanha, por exemplo, nessa data são distribuídos presentes – reproduzindo o gesto dos Reis magos. Em Portugal se faz o Bolo Rei – bolo em forma de coroa, feito de massa levedada (massa de pão), com um brinde e uma fava dentro. Quem encontrar o brinde realizará seus desejos. Quem encontrar a fava, deverá comprar outro bolo-rei. Esse bolo, em verdade, nasceu na França, à época de Luís XIV – quando esse dia era celebrado na corte.
E ficou até registrado em quadro do pintor inglês Jean-Baptiste Greuze (1725-1805), Gâteau des Roi. Com a revolução francesa foi proibido. Mas os confeiteiros de Paris continuaram a fazê-lo, apenas trocando seu nome para Gâteau des sans-cullottes. A receita foi trazida a Portugal por Baltazar Rodrigues Castanheiro, em 1869 – quando ele inaugurou a Confeitaria Nacional, na rua da Betesga (que liga o Rossio à Praça da Figueira), em Lisboa.
Logo fez grande sucesso, passando a frequentar todas as mesas portuguesas, no Natal e no dia de Reis. Ao Brasil os primeiros bolos chegaram em São Paulo, na década de 60. Mas entre nós, apesar de já serem encontrados nas principais delicatéssens, ainda não fazem muito sucesso.