Que chuchu!!!
Colunista Lecticia Cavalcanti fala sobre a origem do ingrediente e suas curiosidades
Não houve povo mais civilizado deste lado do mundo, naquele tempo. Os Astecas apreciavam livros – escritos em nauatle, uma mistura de ideogramas com escrita fonética. Construíam aquedutos, diques e estradas. Tinham organização militar bem desenvolvida.
Dominavam técnicas avançadas de astronomia, metalurgia (sabiam trabalhar ouro, prata e cobre) e, sobretudo, agricultura e irrigação – usando meios bem mais modernos que os estão empregados na Europa. Eram mestres no cultivo de abóbora, algodão, batata, cacau, feijão, milho, pimentão, tomate. E, também, de chuchu.
O nome vem do quíchua – chufehuf. Os franceses, quando chegaram às Antilhas, o passaram a chamar de chou-chou – daí vindo o nome, em português. Só que chuchu para essa gente, por ter gosto suave e ser de fácil digestão, era mais alimento de doentes e convalescentes.
Em 1519, o espanhol Hernan Cortés chegou àquelas terras e destruiu o grande império asteca. Como depois Pizarro entrou em Cuzco e destruiu a quase tão grande civilização Inca. Sobrou pouco, deles.
Para Espanha levaram ouro, pedras preciosas e mudas daqueles alimentos – dos quais os de maior prestígio foram a batata e o cacau (usado para fabricação do chocolate). Chuchu também.
No Brasil chegou com os primeiros navegadores portugueses. E foi, aos poucos, ganhando fama. Virou até apelido de um conhecido político paulista.
Diferente do que geralmente se imagina, chuchu (Sechium edule) não é tubérculo. Mas fruto de uma trepadeira, da mesma família (Cucurbitácea) do melão e da melancia.
A cor varia, do branco ao verde escuro. Podem ser arredondados ou em forma de pera. Com casca lisa ou espinhosa, dependendo da espécie. Frágeis, duram no máximo cinco dias depois de colhidos. Na geladeira até oito (se bem embalados).
Normalmente é servido cozido – em saladas, refogados, suflês, pudins e gratinados. Empanados ou fritos – acompanhando carne, galinha ou peixe. Por ser diurético, é usado como remédio para baixar a pressão. E, rico em fibras, acabou sendo eficiente regulador de intestino.
Faltando só dizer que esse chuchu é também sinônimo de coisa sem graça. Sem sabor. “Pra chuchu” significa ainda em grande quantidade, por força do excesso de safra do chuchuzeiro – que, quando começa a frutificar, não para mais.
Chuchu, na gíria carioca, é também “mulher bonita, atraente, sedutora”. Por conta de Chouchou – uma francesa, dona da pensão Imperial no bairro da Lapa (Rio de Janeiro). O novo significado se espalhou pelo Brasil todo. Por essa os astecas não esperavam.
Recentemente, provei salada incrivelmente saborosa com chuchu cru, no Restaurante Celeiro, no Leblon (Rio de Janeiro). O gosto é mesmo surpreendente. Lembra melão. Vale conferir na receita de hoje.
Receita: Salada de chuchu
Ingredientes:
1 ½ kg de chuchu cru descascado, cortado em juliana (tiras bem finas)
1 colher de sopa de sal
1 colher de sopa de pimenta rosa
Para o molho:
6 colheres de sopa de maionese
6 colheres de sopa de iogurte natural
½ colher de sopa de açúcar
2 colheres de sopa de suco de limão
Preparo:
- Misture o chuchu com sal e deixe em uma peneira, para que saia toda a água.
- Prepare o molho: junte maionese, iogurte, açúcar, limão e misture bem.
- Na hora de servir, junte o chuchu ao molho e misture bem. Decore com grãos de
pimenta rosa. Sirva imediatamente.