Viva São Pedro
As festas juninas começam com Santo Antônio (dia 13), passam por São João (dia 24) e terminam hoje com São Pedro. A tradição nos veio de Portugal, desde o início da colonização. E cada um desses santos ganha importância diferente, segundo o lugar. Em Lisboa, mais popular é Santo Antônio. Por ter nascido em Lisboa mesmo.
E era tanta, sua devoção, que o papa Pio XI elevou Santo Antônio a segundo padroeiro da cidade (em1934); junto com São Vicente, primeiro padroeiro, natural de Huesca, nos Pirineus (Espanha), sagrado na Primeira Dinastia, com festa em 22 de janeiro.
Tanto era seu prestígio que nossa vila, mais tarde capital da capitania de Pernambuco, nasceu como Santo Antônio do Recife. Acabou sendo nosso padroeiro oficial. Junto com Nossa Senhora do Carmo - co-padroeira, por decreto de Papa Bento XV, em 12 de novembro de 1918. No Norte de Portugal - Porto e arredores - a mais celebrada é a festa de São João.
“Podem tirar tudo do portuense, mas não lhes tirem o São João”, segundo a escritora portuguesa Maria de Lourdes Modesto. No Nordeste do Brasil, é São João também.
Provavelmente por influência dos primeiros colonos, que chegaram com Duarte Coelho, todos vindos do norte de Portugal. Deles herdamos também os jeitos de fazer a festa. Com música, dança, fogos de artifício, adivinhações, superstições e sobretudo culinária.
São Pedro é o menos festejado deles, talvez pelo cansaço de tantas comemorações. Em algumas cidades, as principais atrações desse dia são apenas fogos, fogueira, pau-de-sebo e, em lugares em que há mar ou rio, procissões náuticas - por ter sido, São Pedro, pescador.
Ele nasceu em Betsaída, na Galileia. Chamava-se Simão (ou Simeão) e levava a vida como pescador, em Cafarnaum. Até o dia em que emprestou seu barco para que Jesus falasse a uma multidão que o queria ouvir. Quando acabou de falar, disse o Senhor: “Lançai as vossas redes para pescar” (Lucas 5, 4-11).
Simão respondeu que havia tentado durante todo o dia, e nada conseguira. Mas acreditou e obedeceu. O resultado foi que “apanharam peixe em tanta quantidade, que a rede se rompeu”. Jesus então lhe disse “Doravante serás pescador de homens”.
Passou a ser seu apóstolo preferido, ganhando o nome de Kepha (em aramaico, pedra) - em latim, Petrus. É o fundador da Igreja, junto com São Paulo. Por isso é considerado, pelas crianças, o “porteiro do céu” - com imagem representada sempre levando uma chave na mão.
Quando começa a trovejar, se diz que “São Pedro está mudando os móveis do céu de lugar”; e quando chove, é “São Pedro que está lavando o céu”.
Vamos aproveitar então o restinho da festa. Que fogueiras, bandeirinhas, balões e fogos, de novo, só no próximo ano.
Também vamos nos fartar de milho assado, canjica, pamonha, bolo de milho, pé de moleque; e em homenagem ao colonizador, de quem herdamos essa festa, também preparar Pataniscas de Bacalhau - um petisco que não pode faltar em nenhum arraial dos Santos juninos, em Portugal; e que também não deveria faltar, por aqui.
RECEITA: PATANISCA DE BACALHAU (4 pessoas)
INGREDIENTES
1 posta grande de bacalhau
Leite
Limão
1 xícara de farinha de trigo
1 ovo
Sal e pimenta-do-reino
1 cebola
Salsa
1 colher de sopa de azeite
Óleo para fritar
PREPARO
· Deixe o bacalhau de molho, na geladeira, por um dia. Retire pele e espinhas. Parta em pedaços pequenos e deixe de molho, por 2 horas, em leite quente e limão. Reserve
· Misture farinha, ovo inteiro, sal, pimenta, cebola, salsa picada, azeite e um pouco de leite. Junte o bacalhau bem desfiado. Frite as colheradas da mistura em óleo bem quente. Escorra em papel absorvente e sirva
*É especialista em Gastronomia e escreve quinzenalmente neste espaço