Alimentar cães com carne crua está associado ao aumento de bactérias resistentes a antibióticos
E.coli resistente a antibióticos é encontrada mais facilmente em cães que consomem carne crua
O mapeamento de bactérias do tipo Escherichia coli (E.coli) no Reino Unido, feito pela Universidade de Bristol, realizou uma descoberta que afeta diretamente a criação de pets: alimentar cães com carne crua aumenta a população de bactérias E.coli resistentes a antibióticos da classe das fluoroquinolonas (como o ciprofloxacino, levofloxacino, norfloxacino, moxifloxacino, ofloxacino dentre outras).
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A pesquisadora Jordan Sealey, PHD em Medicila Celular e Molecular, autora do estudo, tem como ponto de partida os genes de resistência a antibióticos que podem ser compartilhados entre humanos, animais e meio ambiente. Em uma recente descoberta, publicada em artigos da universidade, Jordan identificou ligações entre cães que comem carne crua e excretam E. coli resistente.
Para a pesquisa, foram recrutados mais de 823 (223 filhotes e 600 cães adultos) cães em duas pesquisas. Os tutores preencheram questionários sobre os animais, a dieta e o ambiente. Além disso, foram fornecidas amostras fecais para a investigação.
“Nosso objetivo não era focar em comida crua para cães, mas investigar o que poderia tornar um cão mais propenso a excretar E. coli resistente em suas fezes. Nosso estudo encontrou uma associação muito forte entre a excreção de E. coli resistente à ciprofloxacina e a alimentação com dieta de alimentos crus", explicou Sealey.
A resistência à ciprofloxacino já era uma investigação realizada por Sealey por conta do aumento da resistência de bactérias ao antibiótico em tratamentos com humanos no Reino Unido. Com relação aos animais, a resistência se estende a todos os antibióticos classificados como fluoroquinolonas.
"Escolher a alimentação com carne crua significa que uma pessoa quase certamente terá que lidar com esse produto, e nossa pesquisa deixa claro que a alimentação crua também significa que essas pessoas provavelmente estarão interagindo com um animal de estimação que excreta E. coli resistente", informou a pesquisadora.
Segundo Sealey, a melhor forma de reduzir o risco de bactérias resistentes excretadas por cães é garantir uma alimentação cozida.
Confira o vídeo:
️ In light of #WorldAMRAwarenessWeek, we spoke to Dr @jordanesealey, former @MedResFdn PhD student, whose research shows evidence of resistant E.coli in dogs, cattle, and zoo animals.
— Medical Research Foundation (@MedResFdn) November 23, 2023
Read more https://t.co/z0a9RM30SZ@MedResFdn_AMR @Bristol_AMR @BristolUni #WAAW2023 pic.twitter.com/HQGTJ9jrFR
Escherichia coli
A E. coli é encontrada normalmente nos intestinos de pessoas e animais e pode ser transmitida entre eles, geralmente via má higiene doméstica. Como, por exemplo, após usar o banheiro ou manusear alimentos contaminados com material fecal (a carne crua pode estar contaminada). Quando os cães excretam bactérias resistentes no ambiente e em casa, existe a possibilidade de essas bactérias serem transmitidas aos seus donos e outras pessoas.
Depois que uma pessoa ingere um pouco de E. coli, essas bactérias podem permanecer no intestino por anos sem causar uma infecção intestinal ou podem até não causar, visto que sua presença no trato intestinal é normal. Contudo, infecção causada por um desequilíbrio dessa bactéria pode demandar tratamento médico, que tende a ser feito com antibióticos.
Quando a E. coli é resistente a antibióticos importantes como a ciprofloxacino, as infecções são mais difíceis de tratar, o que significa que os pacientes têm maior probabilidade de serem hospitalizados e, até, chegarem a óbito.