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Captura, Esteriliza e Devolve: conheça o método CED, que atua no controle de pets vulneráveis

A técnica de controle populacional tem o objetivo de reduzir a superpopulação de animais em situação de rua

Felino após procedimento de castraçãoFelino após procedimento de castração - Gustavo Fring / Pexels

Já falamos aqui sobre pessoas que acumulam animais e o quanto isso pode flertar com os maus-tratos. Mas, se não dá para levar todos os pets em situação de rua para casa, o que fazer?

Além de apoiar ONGs e alimentar os animais de rua, é possível também aplicar o protocolo CED, um método que faz a Captura, Esterilização e Devolução (daí vem a sigla) de cães e gatos que vivem em vulnerabilidade. 

Antes de tudo, é importante salientar que o CED é diferente do abandono de animais. O pet que passa pelo protocolo é retirado da rua por um curto tempo, apenas para a operação e recuperação.

No abandono, o pet sai de um processo de uma convivência familiar para o descaso e desamparo. Um deles é feito pelo bem-estar do animal, visando evitar doenças e reduzir o número de animais sofrendo nas ruas. O outro é um ato egoísta e criminoso. 

 

“O protocolo CED é utilizado há muito tempo como estratégia de controle populacional. Os animais são capturados, esterilizados e devolvidos para os locais de onde foram retirados. Para identificar que eles já foram castrados é feito um corte na orelha esquerda do animal, para que eles não sejam novamente capturados e submetidos a esse estresse. Alguns animais também são vacinados, desparasitados e vermifugados antes de serem devolvidos”, explicou a médica veterinária Luana Pontes (@luanapontesvet).

Especializada em medicina felina, Luana explicou que o método é mais aplicado em gatos por conta do maior número de cios que as fêmeas apresentam.  

Gata usando protetor para não ter acesso aos pontos da cirurgia de castraçãoGata usando protetor para não ter acesso aos pontos da cirurgia de castração - Pexels

“O protocolo não é só para gato, mas ele é mais realizado com gato, porque as gatas entram no cio muito mais frequentemente. A cadela entra no cio duas vezes no ano. Já a gata entra no cio a cada dois meses, a cada 45 dias. Então ela é muito fértil. Após deixar a amamentação, os filhotes com um mês e meio, dois meses, já começam a entrar no cio novamente. Basta ter o estímulo da convivência com um macho”, explicou a veterinária. 

Segundo a médica veterinária, para realizar o protocolo com segurança o animal precisa passar alguns dias em recuperação na casa desse protetor que está realizando o CED. 

“Os animais têm um tempo de pós-operatório diferenciado, que depende de cada paciente. Se é macho, geralmente é muito mais rápido, mas se é fêmea, geralmente é muito mais complexo”, informou. 

A diretora da ONG Associação dos Gatinhos da BR 101 e do CED Central (@gatinhosdabr101 e @cedcentral), Fernanda Araújo, e realiza o protocolo CED desde 2021 em felinos. Através da Associação de Gatinhos da BR 101 ela faz acolhimento e campanhas de adoção para os animais. No CED Central a atuação é focada em captura, esterilização e devolução. 

Nesse tempo, foram 211 animais castrados. Considerando que as fêmeas podem ter até quatro ninhadas no ano, o impacto é de milhares de pets que não nasceram na vulnerabilidade das ruas. 

“A importância é enorme. Os animais castrados têm melhor qualidade de vida e impedimos o surgimento de inúmeras ninhadas que nasceriam para o abandono, a fome e o sofrimento. Além disso, o controle populacional de gatos em abandono é importante para a saúde pública, para evitar a transmissão de zoonoses, como a esporotricose”, explicou Fernanda. 

Segundo a diretora da ONG, a maior parte dos animais que passam pelo procedimento são acolhidos por protetores e instituições independentes, mas deveriam existir ações nesse sentido vindas do poder público. 

Para ela, o maior desafio do método é passar pelo período de recuperação do animal cuidando daquele pet e ter que devolvê-lo. 

“Quem realiza trabalho de CED precisa lidar constantemente com o sofrimento dos animais e com o sentimento de impotência, por não poder ajudar todos da forma que gostaria e da forma que eles mereciam. É muito triste ter que devolver para as ruas um gato dócil ou um gato que poderia ficar dócil se recebesse amor e carinho. Infelizmente, os abrigos, as ONGs e os protetores estão lotados e endividados. Não tem como acolher mais animais”, relatou. 

Segundo Fernanda, o tempo de recuperação dos felinos que já foram castrados através da ONG é em média dez dias.  A ONG Gatinhos da BR101 e CED Central recebem doações e ajuda através do contato no Instagram. 
 

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