Captura, Esteriliza e Devolve: conheça o método CED, que atua no controle de pets vulneráveis
A técnica de controle populacional tem o objetivo de reduzir a superpopulação de animais em situação de rua
Já falamos aqui sobre pessoas que acumulam animais e o quanto isso pode flertar com os maus-tratos. Mas, se não dá para levar todos os pets em situação de rua para casa, o que fazer?
Além de apoiar ONGs e alimentar os animais de rua, é possível também aplicar o protocolo CED, um método que faz a Captura, Esterilização e Devolução (daí vem a sigla) de cães e gatos que vivem em vulnerabilidade.
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Antes de tudo, é importante salientar que o CED é diferente do abandono de animais. O pet que passa pelo protocolo é retirado da rua por um curto tempo, apenas para a operação e recuperação.
No abandono, o pet sai de um processo de uma convivência familiar para o descaso e desamparo. Um deles é feito pelo bem-estar do animal, visando evitar doenças e reduzir o número de animais sofrendo nas ruas. O outro é um ato egoísta e criminoso.
“O protocolo CED é utilizado há muito tempo como estratégia de controle populacional. Os animais são capturados, esterilizados e devolvidos para os locais de onde foram retirados. Para identificar que eles já foram castrados é feito um corte na orelha esquerda do animal, para que eles não sejam novamente capturados e submetidos a esse estresse. Alguns animais também são vacinados, desparasitados e vermifugados antes de serem devolvidos”, explicou a médica veterinária Luana Pontes (@luanapontesvet).
Especializada em medicina felina, Luana explicou que o método é mais aplicado em gatos por conta do maior número de cios que as fêmeas apresentam.

“O protocolo não é só para gato, mas ele é mais realizado com gato, porque as gatas entram no cio muito mais frequentemente. A cadela entra no cio duas vezes no ano. Já a gata entra no cio a cada dois meses, a cada 45 dias. Então ela é muito fértil. Após deixar a amamentação, os filhotes com um mês e meio, dois meses, já começam a entrar no cio novamente. Basta ter o estímulo da convivência com um macho”, explicou a veterinária.
Segundo a médica veterinária, para realizar o protocolo com segurança o animal precisa passar alguns dias em recuperação na casa desse protetor que está realizando o CED.
“Os animais têm um tempo de pós-operatório diferenciado, que depende de cada paciente. Se é macho, geralmente é muito mais rápido, mas se é fêmea, geralmente é muito mais complexo”, informou.
A diretora da ONG Associação dos Gatinhos da BR 101 e do CED Central (@gatinhosdabr101 e @cedcentral), Fernanda Araújo, e realiza o protocolo CED desde 2021 em felinos. Através da Associação de Gatinhos da BR 101 ela faz acolhimento e campanhas de adoção para os animais. No CED Central a atuação é focada em captura, esterilização e devolução.
Nesse tempo, foram 211 animais castrados. Considerando que as fêmeas podem ter até quatro ninhadas no ano, o impacto é de milhares de pets que não nasceram na vulnerabilidade das ruas.
“A importância é enorme. Os animais castrados têm melhor qualidade de vida e impedimos o surgimento de inúmeras ninhadas que nasceriam para o abandono, a fome e o sofrimento. Além disso, o controle populacional de gatos em abandono é importante para a saúde pública, para evitar a transmissão de zoonoses, como a esporotricose”, explicou Fernanda.
Segundo a diretora da ONG, a maior parte dos animais que passam pelo procedimento são acolhidos por protetores e instituições independentes, mas deveriam existir ações nesse sentido vindas do poder público.
Para ela, o maior desafio do método é passar pelo período de recuperação do animal cuidando daquele pet e ter que devolvê-lo.
“Quem realiza trabalho de CED precisa lidar constantemente com o sofrimento dos animais e com o sentimento de impotência, por não poder ajudar todos da forma que gostaria e da forma que eles mereciam. É muito triste ter que devolver para as ruas um gato dócil ou um gato que poderia ficar dócil se recebesse amor e carinho. Infelizmente, os abrigos, as ONGs e os protetores estão lotados e endividados. Não tem como acolher mais animais”, relatou.
Segundo Fernanda, o tempo de recuperação dos felinos que já foram castrados através da ONG é em média dez dias. A ONG Gatinhos da BR101 e CED Central recebem doações e ajuda através do contato no Instagram.