Conheça as propostas dos candidatos à Prefeitura do Recife para a causa animal
Um rápido passeio pelas ruas do Recife e é possível identificar uma quantidade significativa de animais em situação de vulnerabilidade, sobretudo cães, gatos e cavalos, esses últimos ainda muito utilizados na chamada tração-animal.
É uma demanda que assola a Capital pernambucana como um todo, mas que, notadamente, tem uma distribuição que acompanha o mapa demográfico local. E, além de trabalhar contra os maus-tratos e na melhoria das condições de vida desses animais, o setor deve ser visto também como uma emergência sanitária.
O movimento em defesa da causa animal cresceu apoiado principalmente pelo trabalho de ONGs, associações e protetores independentes. Embora ainda haja muito a ser feito, essa força-tarefa proporcionou ao tema uma notoriedade que permitiu avanços importantes e, à base de muito esforço, chamou a atenção do poder público.
Há cerca de oito anos, o tema vem sendo tratado como carro-chefe nas campanhas de vários candidatos a vereador, por exemplo. Fato este que, inclusive, gera debates intensos entre militantes da causa. O motivo é simples: identificar de quem, de fato, é atuante. Neste ano, contudo, a causa animal ganhou ainda mais evidência, passando a ter até certo protagonismo entre os candidatos à Prefeitura do Recife.
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No Plano de Governo, documento protocolado por cada candidato ao início da campanha eleitoral junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), apenas quatro das 11 chapas que iniciaram o pleito municipal no Recife fizeram menção à causa animal.
Foram elas Carlos Andrade Lima (PSL)/Rosaly Almeida (PSL), Coronel Alberto Feitosa (PSC)/Pastor Wellington Carneiro (PSC), João Campos (PSB)/Isabella de Roldão (PDT) e Delegada Patrícia Domingos (Podemos)/Leo Salazar (Cidadania).
Com o andamento da campanha, porém, os demais candidatos também se mobilizaram em torno da pauta e, aos poucos, apresentaram ideias. O Folha Pet procurou os postulantes ao cargo de chefe do Executivo Municipal que têm ao menos 1% das intenções de voto, de acordo com pesquisas recentes, para conhecer as propostas de cada um para a causa animal. Confira:
João Campos (PSB) e Isabella de Roldão (PDT)
O candidato que lidera as pesquisas de intenção de voto na cidade tem feito diversas ações de campanha com a temática, sobretudo nas redes sociais. Entre os compromissos que pretende assumir, está a ampliação de áreas para pets em parques e praças (ParCão).
Disse, ainda, que visa tornar o Hospital Veterinário do Recife uma unidade de atendimento 24 horas, além de ampliar o serviço de castração com o incremento do CastraMóvel, aumentando o número de procedimentos cirúrgicos mensais.
Outra proposta é abrir edital para ajudar a bancar custos de abrigos e ONGs que possam atuar como lares temporários em parceria com a gestão.
"Para garantir o aporte financeiro municipal, eles deverão provar que têm condições de receber mais animais. Vamos intensificar o diálogo com as ONGs que trabalham no acolhimento e nas campanhas de adoção de animais na nossa cidade”, disse João Campos. Sobre a tração-animal, o candidato do PSB falou que “será compromisso da gestão o combate aos maus-tratos, com rigor e punição necessária”.
Marília Arraes (PT) e João Arnaldo (PSOL)
As principais propostas da coligação estão relacionadas ao Hospital Veterinário do Recife. "Hoje funciona como uma clínica, sem sistema de internação, sem plantão 24 horas. Na nossa gestão, ele irá oferecer tudo que um hospital deve oferecer”. Fala-se, ainda, em garantir a realização de exames laboratoriais e de imagem (ultrassom, raio-X) em animais atendidos na unidade, além de dispor anestesia inalatória para os pacientes idosos e/ou cardiopatas que forem atendidos pelo município e apresentem necessidade de intervenção cirúrgica.
A candidata propõe, também, investir na educação, levando para as instituições da rede municipal campanhas educativas sobre a posse responsável e o combate aos maus-tratos. O planejamento lista, ainda, “realizar, em parceria com entidades da sociedade civil, campanhas mensais de adoção de animais com distribuição de material educativo sobre os deveres da posse responsável”. Por fim, propõe ampliar a fiscalização contra os maus-tratos.
Mendonça Filho (DEM) e Priscila Krause (DEM)
Segundo o candidato do Partido Democratas, o objetivo será ouvir ativistas e protetores "para construir a melhor proposta que contemple a causa animal, sem imposições”. Entre as prioridades, está a realização de melhorias no Hospital Veterinário do Recife. “É um equipamento ainda novo, mas já descuidado, sujo. Vamos melhorá-lo e equipá-lo bem. E trabalhar para que os atendimentos aconteçam de forma impessoal. Temos ouvido de muitos cuidadores que há privilégios na fila, e isso não pode acontecer”.
Para o ex-ministro da Educação, uma das ideias é digitalizar o processo de marcação de consultas, exames e pequenas cirurgias. “Vamos criar um aplicativo para que o próprio tutor possa cadastrar seu animal e fazer as marcações, sem que tenha de passar pelo crivo pessoal de funcionários”. A coligação Recife Acima de Tudo (DEM, PSDB, PTB e PL) diz, ainda, “defender que a unidade tenha o horário de atendimento estendido, além de manifestar a intenção de firmar parcerias com outros equipamentos, como o da Universidade Federal Rural de Pernambuco (URFPE), para que os tutores e animais tenham acessos a mais procedimentos”.
Delegada Patrícia Domingos (Podemos) e Leo Salazar (Cidadania)
"Nosso objetivo é tornar o Recife uma cidade sem animais de rua. Vamos implementar um projeto de ampla castração desses animais, sejam de rua ou semi-domiciliares, fazer a chipagem e fomentar a adoção responsável. Com isso sendo feito de forma sistemática, pretendemos que a população de animais de rua chegue a zero em quatro anos”, disse a candidata, sobre o seu plano principal para a causa animal. Outra proposta da candidata é cadastrar os protetores de animais para que recebam ajuda do poder público com castração e ração.
"Vamos amparar os carroceiros e incentivar a substituição dos animais de tração por bicicletas de carga. Esse projeto pode ser feito por meio de parcerias público-privadas. Assim, poderemos dar a esses animais uma ‘aposentadoria', para que possam ter descanso e esse tipo de transporte deixe de existir na nossa cidade”, pontuou a delegada Patrícia Domingos, explicando o que seria essa “aposentadoria”. "Existem muitos projetos que hoje trabalham os animais junto a crianças com deficiência, em escolas. Seria entregar os animais para esse tipo de projeto e não para o trabalho", sentencia.
Carlos Andrade Lima (PSL) e Rosaly Almeida (PSL)
O candidato defende o tema com um dos pontos principais da sua campanha. “Rosaly tem trabalhos na causa animal e, por isso, a nossa escolha para compor a chapa”, disse ele, apontando a criação de novos hospitais veterinários públicos como uma prioridade. “Além de tornar o hospital já existente em uma unidade 24 horas, temos a intenção de abrir mais dois. Estamos identificando áreas opostas da cidade, no intuito de atender o maior número de pessoas".
Carlos Andrade Lima citou, ainda, a intenção de criar um cadastro para animais de rua que passem por castração e de firmar parceria com abrigos promover eventos de adoção. "A prefeitura tem total condição de fazer uma política de adoção em larga escala para adoção”, frisou o prefeiturável. Em relação à tração-animal, disse que “lei e decisão judicial não se discute, se cumpre”, referindo-se à legislação que proíbe tal prática no município. "Temos que fazer uma política pública para requalificar essas pessoas e colocá-las no mercado. A partir disso, identificar os animais doentes e os sãos. Será uma política séria e a gente não vai admitir enfrentamento a isso".
Coronel Alberto Feitosa (PSC) e Pastor Wellington Carneiro (PSC)
O candidato do PSC defende a necessidade de promover a castração, vacinação e chipagem dos animais em situação de rua. “Planejo a construção de um centro de triagem, pra pegar o animal, tratar e depois ver se ele vai ser entregue a uma família ou abrigo voluntário parceiro. A partir disso, fazer campanhas e estimular a adoção”, disse. “Junto a esse centro, a ideia é construir um crematório público. Encontro muitos animais mortos largados no lixo. É um caso de saúde pública", completou.
O Hospital Veterinário também foi citado. "Recurso é uma coisa que tem que ser criativo e saber administrar. Não adianta ter um hospital que funcione parcialmente. A manutenção às vezes custa o valor do investimento. Mas investir para ficar fechado não adianta”, pontuou Coronel Alberto Feitosa. Sobre a tração-animal, falou que é preciso fiscalizar, mas também entender que “é o instrumento de trabalho de muitas pessoas que não têm habilitação, às vezes são analfabetas”.
"Tem que cadastrar e qualificar essas pessoas, fazer a troca desse tipo de equipamento, como aconteceu em outros locais, por uma espécie de triciclo de cargas. Mas tem que ser com diálogo. Quero aplicar algo como escola amiga do animal, para que o assunto maus-tratos seja debatido e combatido desde cedo nas escolas do município”, explica.
Charbel Mauron (Novo) e Procurador André Teixeira (Novo)
Reduzir os tributos e a burocracia para clínicas veterinárias é uma das apostas do Partido Novo, visando parcerias público-privadas. “Com isso, reduzimos os custos para o atendimento e tratamento dos animais e ainda facilitaríamos a ampliação da quantidade de estabelecimentos. Acho mais eficiente e otimizado fazer parcerias com entidades privadas para fazer a castração. Em troca de abatimento nos impostos, a gente poderia fazer as cirurgias nas clínicas”, disse Charbel Mauron. “O hospital da prefeitura atenderia também, mas acredito que não tem estrutura para funcionar como deveria. Ao invés de ampliar o hospital público, prefiro recorrer às parcerias privadas”, completou.
Segundo ele, não estão previstas melhorias no Hospital Veterinário do Recife. “Por falta de recursos mesmo. O município não tem condições”, enfatizou. Charbel acredita ainda que abrigos e ONGs são mais eficientes na captação de animais em situação de rua do que a prefeitura poderia ser: "A gente pode ajudar na castração e na utilização dos espaços públicos para promover eventos de adoção, por exemplo. Seria uma parceria".
O candidato disse, ainda, ser contra a tração-animal. “No século 21, ainda temos isso nas ruas, ainda mais em um centro urbano. Por outro lado, tem uma população que depende disso. O que vejo de saída é chamar essa população, capacitar e indenizá-los, para que não usem. E, a partir do momento que credencia, os que voltarem a usar estarão infringindo a lei. Chamaríamos entidades privadas para atender e fazer essa capacitação para as pessoas terem suas atividades e tocarem a vida. Não basta fazer a lei, mas fiscalizar e dar estrutura para que não voltem”, disse.