Dá para andar com o cachorro sem coleira? Saiba quais os riscos de andar com animais desprotegidos
O comportamento do animal pode ser imprevisível, independente do nível de adestramento do pet
Você já viu tutores andando com cães sem coleira e/ou guia? A prática, por mais que seja incomum e coloque os animais em risco, tem alguns seguidores. Muitas vezes por acreditar que o pet é obediente e não vai correr em um momento de medo, ameaça ou até curiosidade, o tutor que anda com o bichinho sem coleira põe em risco o seu cão, pessoas e outros animais.
Diferente do que pensam tutores que andam com seus cães sem coleira, o comportamento do animal pode ser imprevisível, independente do nível de adestramento do pet.
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Antônio Araújo, 59, já vivenciou um momento de ataque com sua cadelinha Nina. De porte médio e Sem Raça Definida (SRD ou vira-lata), Nina foi atacada por um outro cachorro que estava passeando em um parque sem coleira.
"Nina está fazendo tratamento com um adestrador porque um labrador sem guia atacou ela. Hoje ela tem muito medo, passou um tempo se escondendo toda vez que via outro cachorro", explicou o tutor. Antônio ainda explicou que só solta Nina em ambientes controlados. "Eu sei que ela é mansa, dócil, mas só solto ela em casa, no Parcão, ou em um quintal, por exemplo", relatou.
Não são situações incomuns, por exemplo, animais atropelados após uma fuga por não estarem usando coleira com guia ou mesmo aqueles que são atacados por outro pet reativo por conta da falta de contenção.
“Eu não aconselho nenhum cliente meu, nem amigo, nem ninguém que eu fale sobre o assunto a andar com o cão na rua sem coleira”, contou o comportamentalista animal Thiago Carvalho (@da_matilha).
Thiago trabalha com adestramento positivo de cães há nove anos e considera que nenhum pet está livre de ocasiões que ponham em risco sua vida e de outros (pessoas ou animais) se está sem coleira.
“Existem instintos muito fortes na cabeça do animal que podem ser despertados por gatilhos imprevisíveis na rua. Cães podem estar completamente treinados, o tutor pode se sentir completamente seguro, mas nada impede que passe, por exemplo, um gato atrás do cachorro ou que aconteça algum barulho que assuste o pet. Às vezes, um passo fora da calçada é suficiente para que venha um carro e atropele ou aconteça outra coisa, como uma briga ou uma aproximação que seria indesejada por parte do cão de uma outra pessoa. Eu não aconselho de jeito nenhum”, explicou o comportamentalista.
Em Pernambuco, não há legislação específica que obrigue o uso de coleiras em cães. A lei de número 12.469, de 18 de novembro de 2003, determina que apenas cachorros com histórico de agressividade ou das raças Pitbull, Pitbull Terrier, Dobermann e Rottweiler devem ser contidos por seus tutores. A medida especifica que não deve ser usada contenção que machuque o animal.
Usar coleira com guia quando o animal está na rua é uma conduta social que garante o bom convívio com a comunidade e a segurança do pet.
“Falta uma orientação ou um direcionamento sobre ser obrigatório o uso de coleira, já que tanta gente anda em parques públicos com um animal solto, né? Acho importante uma orientação, mas o que falta realmente é bom senso…Infelizmente, parece que tudo só começa a funcionar quando burocratiza”, comentou a presidente da Comissão de Defesa e Proteção dos Animais da OAB em Pernambuco, Anaís Araújo.
Os riscos de andar com o animal sem guia são comumente listados quando se faz a adoção de um pet. A ativista da causa animal Goretti Queiroz informou que, em eventos de adoção que realiza, sempre há um cuidado em orientar o novo tutor com os cuidados para evitar fugas, atropelamentos e brigas. O uso da coleira é um dos itens essenciais para que esses três riscos sejam evitados.
“Uma outra coisa que é extremamente importante que nós (ativistas da causa animal) sempre orientamos os tutores é andar também com a identificação do animal na guia. Ela tem que ter o nome do tutor e o telefone caso haja fuga ou animal esteja perdido, para as pessoas saberem a quem procurar”, orientou.
Parcão: um ambiente controlado
Dado o crescimento do mercado pet nos últimos anos, mais empreendimentos estão sendo pensados para que esses animais estejam incluídos em serviços oferecidos em centros urbanos. Parcão é um desses ambientes e foi criado para funcionar como parque para cachorros. Na área delimitada do espaço, os cães podem ficar sem a guia (mantendo a coleira ou o peitoral) enquanto desfrutam do ambiente com diversos obstáculos e brinquedos.
O local conta com regras sobre a presença apenas de animais sociáveis e pouco reativos a outros animais, visto que é um espaço coletivo. Geralmente, cadelas no cio também devem evitar o local devido ao risco de cópula com outros cães que estarão livres.
No Recife, existem alguns espaços do tipo no Shopping Recife, no Shopping Plaza (periódico, precisa consultar disponibilidar), no Parque Santana, no Parque e Centro Esportivo Santos Dumont, na Praça Souto Filho, na Lagoa do Araçá, no Cais da Aurora e no Parque Dona Lindu.