Depressão também pode afetar cães e gatos
Todo mês de setembro, a campanha “Setembro Amarelo” aborda a prevenção ao suicídio, prática que tem como principal causa a depressão. Doença que já vinha com aumento no registro de casos em todo o mundo e que pipocou com a pandemia da Covid-19, a depressão também pode acometer cães e gatos. Diferente dos humanos, porém, o quadro entre os pets é mais raro e tem um caminho mais complexo até o diagnóstico.
"Tem uma complicação no diagnóstico porque a comunicação é um pouco subjetiva. Em seres humanos, você tem um histórico de conversa. No nosso paciente, vemos mais os sinais e os relacionamos com os sinais dos humanos. Eles ficam mais quietos, prostrados, podem perder o apetite. A medicina veterinária hoje está em processo da especialização, mas essa parte de psiquiatria, como no humano, não tem. Quem trata é o clínico, desde que se sinta seguro para tratar, pois o diagnóstico não é tão fácil”, disse o médico veterinário Magno José.
É que os sintomas que caracterizam um quadro depressivo podem ser facilmente confundidos com os de outras patologias que acometem cães e gatos. Por isso, é importante estar atento aos acontecimentos no entorno do animal. “Desconfiamos da depressão quando vemos alteração de comportamento associado a um histórico que possa levar a isso”, pontuou o profissional. “Os primeiros sintomas da depressão em animais são falta de apetite, isolamento, agressividade repentina e coceira ou lambedura excessiva”, completou. Os felinos podem também evitar o afeto, vocalizar em excesso ou ainda apresentar comportamento agressivo.
A causa mais recorrente para desencadear um quadro de depressão é a separação do pet de alguém de quem ele é muito próximo, seja por uma viagem mais longa, mudança, morte ou mesmo abandono, que, embora seja crime, infelizmente, ainda é algo corriqueiro. Outros fatores que podem interferir são falta de interação, alterações na rotina da casa e a chegada de novos integrantes na moradia, incluindo outros pets. Mudanças de ambiente também podem mexer com o emocional, sobretudo dos felinos, que, segundo o veterinário, são muito territorialistas. Os bichanos podem sentir até mesmo quando a caixa de areia não está disposta ou limpa da forma que gostam.
"A maioria dos pacientes ainda são os cães, porque no Brasil ainda há mais cães em ambiente doméstico do que outros animais. Por isso, a tendência é que haja mais procura por atendimento para eles”, destacou Magno José. Algumas raças caninas têm uma predisposição maior a desenvolver a depressão, por serem mais ligadas aos tutores, como os poodles, yorkshires e pinchers. Mas isso não torna os demais pets imunes.
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“Há alguns anos, resgatamos uma cadelinha SRD (sem raça definida) na rua que parecia que não ia sobreviver a mais uma noite. Estava muito magra, não tinha forças nem para abrir os olhos. Levamos para a veterinária que já cuidava dos nossos pets, ela fez vários exames e, para nossa surpresa, ela não tinha doença alguma. Ela vivia com uma moradora de rua que tinha falecido há poucas semanas, então a veterinária nos disse que era um quadro mais emocional, de depressão. Ela ficou internada para tomar soro e se recuperar da fraqueza, e o amor e a atenção da médica no cuidado com ela foram tão grandes que, em poucas semanas, o semblante já era outro”, recordou o fotojornalista Marcos Pastich.
O mais indicado ao perceber mudanças no comportamento do pet é procurar o veterinário de confiança, que conheça o histórico do animal, pois isso ajudará no diagnóstico. A opção de tratamento vai depender do caso e da linha de atuação do profissional, que pode optar entre alternativas homeopáticas, fitoterápicas e alopáticas, além de terapias associadas, como a acupuntura, o uso de florais e óleos essenciais. Oferecer ao pet momentos de interação, contato com a natureza e um ambiente que tenha luz do sol também podem ajudar a levantar o astral.