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Mercado pet dispara no Brasil, apesar da crise sanitária e econômica

Venda de brinquedos disparou durante a pandemia - Pixabay

Os pets conseguiram manter seu reinado no Brasil em meio à pandemia do coronavírus Sars-CoV-2, à turbulência política e à crise econômica. 

No País com mais cães do que crianças, o mercado de produtos para animais de estimação se expandiu durante a pandemia, o que, segundo especialistas, é um caminho sem volta.

Nos últimos cinco anos, o setor de acessórios e alimentos para pets cresceu 87%, de acordo com a empresa de pesquisa de mercado Euromonitor International. A tendência resistiu à pandemia da Covid-19. 

Com as pessoas ficando mais tempo em casa, elas passaram a investir mais em seus animais. O Instituto Pet Brasil apontou que o segmento cresceu 13,5% em 2020 no País frente a 2019, com um movimento 6,8% maior do que o projetado durante o primeiro semestre.

"O ano foi desafiador para todos os setores, mas nossos resultados mostram um crescimento muito expressivo e reforçam a resiliência do mercado pet", indicou Sergio Zimerman, fundador e diretor executivo da rede de lojas Petz, que cresceu 46,6% em 2020 frente a 2019, faturando 1,7 bilhão de reais, graças, em parte, à aposta nas vendas on-line.

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O setor também foi favorecido ao ser classificado como essencial, o que permitiu manter as lojas e clínicas veterinárias abertas em meio às restrições impostas de forma intermitente no País desde março de 2020. 

"Com o distanciamento social, as famílias passaram a dar mais atenção a seus animais", apontou Nelo Marraccini, presidente executivo do Instituto Pet Brasil. 

Sergio Zimerman assinalou que esse fato fez "disparar" a compra de brinquedos e petiscos para pets, além de produtos de higiene e limpeza, porque muitos passaram a dar banho em seus animais em casa.

Cachorro no banhoFoto: Pixabay

'Boom' de tutores
Com o isolamento social, houve um aumento no número de adoções de pets, o que também incidiu na expansão do mercado. "Em março, quando começou a pandemia, tivemos um aumento de 300% nas adoções, chegando a 15 por dia", contou Marina Inserra, dona de um abrigo em São Paulo.

O técnico de computação Bruno Soares, de 36 anos, que mora em um apartamento de 45m² no Centro de São Paulo, entrou para as estatísticas em julho passado, quando adotou seu primeiro cão. 

"Eu ficava muitas horas em casa e a solidão começou a pegar", contou, em meio a piadas sobre a nova rotina com o vira-lata Max, de apenas seis quilos, que devorou dois de seus sapatos.

O boom de tutores iniciantes também foi registrado pelo setor financeiro. O banco digital Nubank contabilizou um aumento de 73,1% no número de clientes que tiveram gastos com o segmento pet em 2020, comparado com 2019.

Outro lado
Marina Inserra explicou que, neste ano, o número de adoções se estabilizou e aumentou o abandono de animais, causado, principalmente, pela perda de poder aquisitivo devido à crise econômica.

"Quando a pessoa fica sem comida e sem um teto, não tem como oferecer o mínimo, o animal vai para a rua também", observou.

No Recife, ONGs e protetores independentes também têm observado um aumento de cães e gatos em situação de vulnerabilidade. 

Em 2020, por exemplo, mais de 30 cães foram acolhidos somente no Abrigo Seu Alberto, que tem mais de uma década de atividade. Neste ano, mais de 10 pets já chegaram ao espaço. 

“Embora estejam acontecendo, o número de adoções na pandemia não supera o número de entrada de novos cães”, lamentou a voluntária do espaço, Mariana Alves.

Mercado segue ascendendo
O impacto econômico da pandemia, no entanto, afirmam especialistas, não deve ofuscar o futuro do mercado para pets, cuja perspectiva é de um crescimento de 87% até 2026.

Centro Veterinário Seres, em Boa ViagemMercado segue em expansão, com lojas cada vez maiores. Foto: Divulgação

Em 2021, segundo o Euromonitor International, o Brasil deve subir um degrau e se consolidar como sexto maior mercado pet do mundo. 

O País já é o segundo mercado mundial de alimentos para cães (54,2 milhões em 2018, segundo o Pet Brasil) e terceiro de alimentos para pets em geral, atrás de Estados Unidos e China.

Os entrevistados acreditam que o fim do isolamento não irá reverter o consumo, mas favorecerá outras atividades, como os serviços de hospedagem, recreação e cuidadores. Ao ser questionado sobre o futuro, Sergio Zimerman, que vive com dois cães, sorriu, confiante: "No Brasil, o amor pelos pets é universal."

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