Onda de calor: sabia que tosar pode ser pior? Confira dicas para refrescar o pet em dias quentes
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta para o perigo da onda de calor que está fazendo os termômetros pipocarem em todas as regiões do Brasil nesta semana. Períodos com temperaturas elevadas exigem cuidados especiais. Uma das maiores preocupações é com quadros de hipertermia - condição caracterizada pela elevação da temperatura corporal, seja quando o organismo produz (febre) ou absorve mais calor do que consegue dissipar.
Esse quadro pode afetar os sistemas cardiovascular e nervoso central, causando um desequilíbrio que vai além da desidratação e pode levar à morte. E isso vale também para os animais domésticos, sobretudo os cães braquicefálicos, popularmente famosos pelo focinho achatado e já terem uma respiração mais limitada. Animais idosos ou com alguma patologia também aparecem nos grupos mais sensíveis.
Diferente dos humanos, os pets não transpiram, mas conseguem controlar a temperatura do corpo através do sistema respiratório. As narinas têm a função de dissipar o calor: o ar inspirado deve passar por uma umidificação, ajudando a reduzir a temperatura corporal. No caso dos cães braquicefálicos, a região nasal é mais encurtada, o que torna mais difícil a respiração e o processo adequado de troca de calor.
Os animais não têm como dizer que estão desconfortáveis em palavras, mas fazem isso em sinais. A respiração mais ofegante é um dos sintomas mais clássicos de calor. Deitar-se em locais com piso frio, beber mais água, ficar quieto e procurar locais cobertos frescos e ventilados, sem exposição ao sol, são outros comportamentos que servem de alerta. No caso dos gatos, podem ainda se lamber e miar mais do que habitual. A seguir, confira algumas dicas para ajudar a refrescar os pets nos dias mais quentes, que não são restritos às ondas de calor. Meses do Verão e da Primavera castigam mais, embora o Nordeste tenha temperaturas mais elevadas o ano inteiro.
Atenção com a tosa
Ao contrário do que a maioria dos tutores imagina, a tosa pode ser uma inimiga nos períodos mais quentes. A pelagem faz um papel de isolante térmico, evitando que o animal perca ou receba calor em excesso. Ou seja, acaba ajudando na regulação de temperatura do pet. Impede ainda que a pele sofra queimaduras em uma possível exposição aos raios solares. De acordo com a médica veterinária Manuela Passos, tosas mais baixas são contraindicadas tanto nos meses mais quentes quanto nos mais frios. Já as tosas higiênicas são importantes.
Os banhos, por sua vez, são grandes aliados. Mas não submeta o animal a uma água muito fria logo após uma situação de calor intenso, para evitar choque térmico. E, mesmo em dias quentes, é preciso secá-lo adequadamente, para evitar o surgimento de problemas dermatológicos e fungos. No caso dos felinos, que nem sempre são fãs de banho, uma alternativa é fazer carinhos usando um pano úmido.
Reforço na hidratação
Embora você não consiga observar o pet suando, a transpiração existe, pela língua e pelos coxins, as “almofadinhas” das patas, e é preciso que ele esteja se hidratando constantemente para manter o organismo em equilíbrio. Nos dias mais quentes, tenha o cuidado de manter o reservatório de água do pet sempre abastecido e, de preferência, com água mais fresca.
Uma dica é colocar pedrinhas de gelo na água para manter a temperatura por mais tempo. “No caso dos gatos, como eles naturalmente bebem menos água, é interessante investir em bebedouros com água corrente ou algum outro atrativo que estimule esse consumo”, orienta a veterinária.
Alguns alimentos podem ajudar na hidratação, como água de coco - de preferência gelada - e frutas ricas em água, a exemplo de melão e melancia. Essas opções são fontes extras de nutrição, mas jamais devem substituir o consumo da água mineral. Outra dica é congelar opções de lanche. “Pode oferecer picolés de frutas caseiros, além de caldo com carne, que vira uma espécie de sorvete. Tudo feito com ingredientes que os cães e gatos possam consumir sem problemas”, diz Manuela Passos.
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Evite exposição ao sol
Imagina dar uma voltinha debaixo daquele sol de 40ºC, ainda por cima descalço. Parece até castigo. Quando você pensar em levar um cão para passear em horários de sol forte, lembre-se que, diferente de você, ele não terá um calçado para amenizar o chão quente. Além do risco de queimadura nos coxins, essa é uma atitude que pode levar o animal ao óbito.
"Já atendi várias emergências com esse quadro. Animais jovens que morreram por falta de bom senso. Eles só transpiram pela língua e pelos coxins (que abrigam glândulas sudoríparas). Nessa situação, quando os coxins estão em contato com uma superfície muito quente, não conseguem fazer a transpiração e isso dificulta a termorregulação, causando um quadro de hipertermia maligna. No caso dos braquicefálicos, o risco é ainda maior. São situações de muito sofrimento para o animal”, explica a veterinária.
O ideal é passear no início da manhã e a partir do fim da tarde, evitando os horários de sol mais forte. Em épocas de verão ou de ondas de calor, o chão pode ficar quente por mais tempo. Então, mesmo no fim da tarde, faça um teste pisando na área do passeio para checar se está agradável para o pet. “Deve-se evitar até mesmo transportar o animal em local fechado, como caixas, ou deixá-lo mesmo que por alguns minutos em um carro”, alerta a veterinária. Alguns dos sintomas da hipertermia maligna em cães e gatos são respiração ofegante, salivação, desequilíbrio, vômitos, diarreia. Podem ocorrer ainda tremores e convulsões, em situações de maior gravidade.
Ambientes ventilados
Mesmo em casa, é importante estar atento à temperatura do ambiente. Imóveis em posição poente, por exemplo, tendem a ser abafados em alguns horários do dia. É bom aumentar circulação do ar no local, com janelas e portas abertas, ventilador ou ar condicionado, quando possível. Os tapetes gelados, encontrados em lojas de produtos para pets, funcionam mesmo e são excelentes opções.