ONG de São Paulo deverá receber pit bull que atacou criança em Pernambuco
Deputado estadual em São Paulo e ativista reconhecido pelo trabalho realizado em prol da causa animal, o delegado Bruno Lima está no Recife, durante esta semana, para ajudar os protetores pernambucanos envolvidos na repercussão do episódio em que um cão da raça pit bull atacou uma criança, no último dia 22.
O caso aconteceu em uma marina localizada em Barra de Jangada, no Jaboatão dos Guararapes, onde o menino de cinco anos estava com a família. O cão teria se soltado do local onde ficava e acabou o atacando.
O menino foi socorrido para o Hospital da Restauração e depois transferido para uma unidade particular, no Recife. Ele passou por cirurgias de buco-maxilo.
Após o ocorrido, o município recolheu o animal, Thor, assim como Pandora, fêmea também pit bull que vivia no mesmo ambiente que ele e que também teria se soltado no dia do incidente, mas foi contida por um funcionário do espaço.
Ambos estão no Centro de Vigilância Animal do Jaboatão, para onde foram levados após terem sido recolhidos pela gestão local. Eles cumprem quarentena para observação de zoonoses, como raiva e leishmaniose, mas apresentam boa saúde. Thor, inclusive, sofreu um ferimento de faca no momento do ocorrido, na região do dorso, mas teve boa evolução.
Nesta quarta-feira (2), Bruno Lima formalizou, junto à Secretaria de Saúde do município, um pedido para a retirada dos cães e disse já ter recebido um retorno positivo.
Segundo o ativista, duas Organizações Não Governamentais (ONGs) manifestaram interesse em recebê-los, a Anjos do Poço, do Recife, e a Pit’s Ales, de São Paulo. A segunda acabou sendo priorizada por ter um trabalho reconhecido no resgate, tratamento, socialização e adoção de animais da raça.
A Pit’s Ales foi quem recebeu os pit bulls que eram usados em rinhas de cães, nos municípios de Mariporã e Itu, em São Paulo. Esses resgates, que contaram com a participação da protetora Luisa Mell, ganharam repercussão nacional pelo cenário de crueldade.
O projeto, comandado pelo protetor Alessandro Desco, é especialista na raça, que, segundo ele, é a mais abandonada e a que sofre mais preconceito.
O período de quarentena de Thor e Pandora encerra nesta sexta (4) e, a partir de então, eles estarão aptos para viajar. Os cães, de acordo com o delegado Bruno Lima, deverão ser encaminhados para São Paulo na próxima semana.
Os custos com o traslado serão pagos pelo Projeto Recomeços, do Recife, e o trâmite ficará sob responsabilidade do ativista local Douglas Brito. Já as despesas com a permanência deles na ONG serão arcados por outros parceiros.
“O primeiro passo é salvar os cães, que terão a oportunidade de fazer um adestramento correto e serem bem cuidados”, diz Bruno Lima, que tem uma reunião marcada, na tarde desta quinta (3), com protetores locais, na ONG Anjos do Poço. “Ficamos bem tocados com esse caso.”
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Thor e Pandora têm idade estimada entre três e quatro anos. Protetores locais se organizam para entrar com uma ação contra o tutor, que teve a identidade preservada pelo município. É sabido que ambos eram usados como cães de guarda e que viviam presos.
Da parte do município, o tutor recebeu uma multa de R$ 3 mil por animal. O valor é referente a aplicação da Lei municipal 225/08, que proíbe a criação e circulação de pit bulls na cidade.
A lei, que é de 2008, era desconhecida por grande parte da população e até pelos próprios políticos do Jaboatão. Voltou à tona após uma pessoa, no local do incidente com a criança, em Barra de Jangada, citar a existência dela.
Segundo informações coletadas por Bruno Lima, os cães estavam sob a responsabilidade desse tutor desde pequenos e essa não teria sido a primeira vez que o macho se soltou. Em março desse ano, havia acontecido de ele sair, mas sem registro de ataque, como ocorreu recentemente.
Bruno Lima disse, inclusive, que profissionais da área jurídica estão analisando a lei e que tenta contato para diálogo com a gestão local. O ativista fica em Pernambuco até sexta (4).