Os riscos de utilizar anticoncepcionais em cadelas e gatas
Administração hormonal pode provocar problemas de saúde e representar até risco de morte
Em pleno 2021, ainda testemunhamos a utilização de injeções e comprimidos anticoncepcionais em cadelas e gatas. A prática espanta não só pela autorização por parte de alguns tutores sobre a administração dessas substâncias, já que muitos são leigos no assunto, mas por existirem médicos veterinários que adotem tal recurso.
É fato que o controle da natalidade de animais domésticos em determinadas áreas é uma tarefa complexa, sobretudo pela ausência de políticas públicas.
Nos grandes centros urbanos, por exemplo, as populações de cães e gatos em situação de rua ainda são numerosas. Fora que muitos tutores praticam um estilo de guarda que permite o livre acesso a passeios sem supervisão.
Para muitas famílias de baixa renda, o anticoncepcional surge como alternativa "rápida e barata". No entanto a “economia” e a “praticidade” geradas pelos anticoncepcionais é responsável por grandes estragos.
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O princípio ativo desse medicamento é o Acetato de medroxiprogesterona, que tem como principal ação retardar ou suprimir a aceitação sexual, além do sangramento típico do período do cio.
Esses fármacos produzidos em laboratórios têm a função de “imitar” a progesterona (hormônio naturalmente produzido pelos ovários). Quando administrado de forma contínua, esse hormônio evita gestações indesejadas.
Acontece que o uso recorrente dessas medicações pode causar reações severas à saúde de cadelas e gatas, mesmo jovens, como tumores uterinos e de mama, além de infecções urinárias e uterinas (piometra).
Mas não é só o uso contínuo que oferece riscos. Existem períodos dentro do ciclo hormonal dos animais que tornam a administração da substância ainda mais perigosa, podendo até levar ao óbito. E, se já houver gestação quando a medicação for utilizada, sofrem os fetos e a mãe.
As gatas têm mais problemas relacionados ao uso indiscriminado desses fármacos porque possuem uma proliferação celular mamária fisiologicamente acentuada na puberdade.
Quando adicionada a progesterona exógena, farmacológica, há um somatório de hormônios. Principalmente nessa fase da puberdade, muitos tendem a adotar o uso dos anticoncepcionais para evitar reprodução, o que pode causar uma hiperplasia mamária em proporções gravíssimas nas felinas, com risco elevado de morte.
Outras consequências, nesse caso para cadelas e gatas, são distúrbios metabólicos, alterações hepáticas, diabetes, entre outros prejuízos.
A melhor alternativa tanto para controle populacional quanto para minimizar os riscos de doenças associadas a alterações hormonais é a castração. O procedimento de esterilização é indicado por 10 entre 10 médicos veterinários responsáveis.
E, hoje em dia, é possível ter acesso à cirurgia através de projetos sociais ou mesmo em hospitais públicos municipais, como no Recife e em Jaboatão dos Guararapes.
Dito tudo isso, a conclusão é que o uso desses anticoncepcionais é, na realidade, o famoso “barato que sai caro”. O prejuízo maior, claro, é o dano à saúde e o risco de morte da cadela ou gata.
E, se for para falar em cifras especificamente, sai caro por causar problemas que exigem tratamentos médicos mais onerosos até do que uma cirurgia de castração. #ficaadica