Pesquisa revela que gatos domésticos comem mais de 2.000 espécies de animais

Os gatinhos consomem 981 espécies de aves, 463 répteis, 431 mamíferos, 119 insetos e 57 anfíbios

Gato em ambiente externo - Quintin Gellar / Pexels

Não é novidade que gatos possuem características ainda marcantes da vida selvagem. A sua independência, quando comparados aos cães, é um indício. Outro sinal é a dieta diversificada que um gato em vida livre (com ou sem tutor e acesso ao ambiente externo) pode consumir. Uma pesquisa publicada na revista Nature Communications revelou que gatos domésticos de vida livre consomem 2.084 espécies

Do total, 981 espécies são de aves, 463 répteis, 431 mamíferos, 119 insetos, 57 anfíbios e 33 de classificação "outros" (que engloba peixes ósseos, aranhas, caramujos, lacraias e crustáceos). As presas mais comuns são, em ordem decrescente, o rato doméstico, o coelho europeu, o rato marrom, o pardal doméstico e o rato preto. 

"Nossos resultados demonstram que os gatos são predadores extremamente generalistas, o que é fundamental para compreender seu impacto nos sistemas ecológicos e desenvolver soluções de manejo", diz a publicação. 

Segundo a pesquisa, essa dieta impacta significativamente a biodiversidade do planeta. Pelo menos 347 (16,65% do total) espécies caçadas são de interesse para a conservação. 

Gatos soltos que vivem em ilhas, por exemplo, possuem uma dieta mais limitada, seguindo o padrão de animais que conseguem viver no ambiente restrito. Por isso, a maioria das espécies de interesse para a conservação que é consumida por gatos está nesses locais. Globalmente, 25,22% das espécies identificadas nas ilhas eram espécies de interesse para a conservação, enquanto apenas 8,62% das espécies identificadas nos continentes eram espécies de interesse para a conservação. 

O estudo foi realizado por pesquisadores dos Estados Unidos, França, Austrália e Nova Zelândia. Foi usada uma base de dados que mesclou pesquisas realizadas nos últimos anos em todo o mundo. 

Preferência

Coletivamente, a descoberta de que os gatos consomem inúmeras espécies de aves (981 espécies) não é surpreendente, dado que existem mais espécies de aves do que mamíferos em todo o mundo (~11.000 aves e ~6.500 mamíferos), e que as aves existem em muitos ecossistemas insulares habitados por gatos, desprovidos de mamíferos nativos (ilhas, por exemplo).

Notavelmente, existem mais de 11.000 espécies de répteis em todo o mundo, mas o número de espécies de répteis registadas como consumidas por gatos foi semelhante ao de mamíferos (463 e 431, respectivamente). Esta discrepância pode ocorrer se os gatos preferirem mamíferos e aves a répteis.

"Os gatos comem principalmente o que está presente e, se uma espécie estiver em falta na análise da dieta, é provável que a presa esteja ausente ou seja rara no ambiente circundante, difícil de ser capturada pelos gatos e, portanto, de baixa rentabilidade", diz a pesquisa. 

Riscos à biodiversidade

Algumas presas dos gatos sofrem risco de extinção, como a tartaruga marinha verde. A pesquisa identificou que essa espécie, provavelmente, é consumida por gatos quando filhotes ou adultas mortas que aparecem na costa marinha. 

"A elevada representação de espécies de interesse para a conservação nas dietas dos gatos (16,65%) é preocupante, dado que eles foram associados a 26% das extinções de aves, mamíferos e répteis em todo o mundo , e são reconhecidas como grandes ameaças para muitas espécies ameaçadas existentes", relata o estudo. 

O estudo busca identificar locais onde gatos sejam mais ameaçadores à biodiversidade para que políticas públicas sejam tomadas visando prevenir a drástica mudança que é a extinção de uma espécie. O estímulo à adoção de animais em situação de rua e o cerceamento do espaço dos adotados que possuem acesso à rua são estratégias indicadas para conter impactos que esses animais podem causar no meio ambiente. 

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