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Pets e o luto: animais costumam mudar depois que seus tutores morrem

A manutenção da rotina que o animal tinha com o antigo tutor pode aliviar o sentimento de luto

Cachorro cabisbaixo - Dina / Pexels

Se você nunca assistiu o filme "Sempre ao Seu Lado", talvez a percepção de que pets sentem a perda de seus donos pareça um pouco distante. Mas, que fique claro: os animais passam pelo luto. Não da mesma forma que nós, mas em forma da falta de rotina com o tutor falecido.

Assim como no filme "Sempre ao Seu Lado", alguns animais não abandonam o local onde esperavam ou onde viram o tutor pela última vez. Na produção cinematográfica, que é baseada em uma história real, o cachorro Hachiko vai, mesmo após a morte do tutor, ao mesmo local onde encontrava com Parker Wilson (vivido por Richard Gere) todos os dias.  

Cena do filme Sempre ao Seu Lado


"Há animais que ficam no cemitério e há animais que ficam até na frente do hospital esperando o dono. O animal não se conforma como a gente. Com o tempo ele pode até esquecer, mas se você fala o nome, faz alguma coisa que lembre aquela pessoa ou se ele sente o cheiro, ele vai lembrar", explicou a veterinária especialista em Clínica Médica e Cirúrgica Vivian França Souza.


A especialista ainda falou que o sofrimento se dá com a mudança do cenário em que o animal vivia. "O animal vai crescendo com rotina, isso seja cão ou seja gato. Eles têm hora de acordar, de ir no banheiro, de pedir comida, de brincar. Se esse comportamento repetitivo muda, para eles é completamente invasivo", explicou Vivian.

A mudança na rotina com a falta do antigo tutor vai fazer com que o animal sinta a falta daquela companhia, daquela pessoa. Mas, nem todo animal age da mesma forma: "Existem níveis e níveis de consciência com essa questão de ter empatia, de ter afetividade, a gente sabe que existem animais que demonstram mais isso e outros que não demonstram tanto. Cães, gatos e aves são os que geralmente sentem. Tanto com outros animais que convivem com eles e saem desse convívio quanto com outras pessoas. Às vezes, não precisa nem ser luto, mas apenas a não presença do outro na rotina dele já muda", informou a veterinária.

Eryc da Silva, 14, vivenciou o momento de luto pela morte de seu avô, cerca de um ano atrás, junto com a cadelinha Orquídea. Ela era cuidada pelo seu avô e mudou alguns comportamentos com a perda do tutor.

"Todo domingo, ele ia na feira e ela fazia uma festa quando ele voltava. Depois que ele morreu, todo carro que chegava no domingo ela achava que era ele e ficava toda triste quando percebia que não era", contou.

Os cuidados com Orquídea foram divididos com toda a família, que mora próximo de onde a cadelinha foi criada. De acordo com Eryc, ela se aproximou do restante da família depois que o avô se foi. "Ela ficou meio estranha depois que ele morreu, teve uma aproximação com o restante da família, mas, nos primeiros dias, ela ficou realmente muito triste e isolada", comentou.

De acordo com a veterinária, a manutenção da rotina que o animal tinha com o antigo tutor pode ajudar o pet a sentir menos tristeza. "É legal você tentar não mudar a rotina do animal. Se é uma pessoa que era responsável por passear com o animal, naquele horário costumeiro do passeio, o animal vai sentir mais saudade. É bom tentar fazer com que esses horários, de passeio ou alguma atividade que o animal fazia com o outro tutor, sejam mantidos", orientou Vivian.  

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