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Reduzir a população de animais de rua exige trabalho a longo prazo

No Abrigo Seu Alberto vivem, atualmente, cerca de 80 cães - Arthur de Souza/Folha de Pernambuco

Há de se reconhecer que o número de adoções vem aumentado, mas não há como ignorar os milhares de animais em sofrimento nas ruas ou à espera de uma família em abrigos e lares temporários.

Para quem está há anos nessa missão, é impossível não esmorecer vez ou outra, até pela alta demanda e o pouco apoio. Em geral, ONGs, abrigos, associações e protetores independentes sobrevivem de doações da sociedade civil.

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Há mais de uma década acolhendo animais, o Abrigo Seu Alberto, em Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife, é um exemplo do quão desafiador é esse trabalho, que, às vezes, se assemelha a enxugar gelo.

Neste ano, 20 cães foram adotados. Em contrapartida, chegaram 30. “O abandono aumentou bastante durante a pandemia”, pontua a voluntária Talita Marin. “Não diminui nunca”, desabafa Alberto Bezerra, à frente do espaço. 

Após meses de restrição por conta do coronavírus, as feiras de adoção do abrigo retornam neste sábado (10), das 11h às 17h, na Praça Domingos Giovanetti, na Beira Rio, bairro da Madalena. 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Esses eventos aumentam as chances de adoção, mas também geram frustrações.“Alguns cães vão várias vezes, se animam com as famílias que vão vê-los e acabam voltando cabisbaixos. Eles sentem. Por isso, acabam se apegando muito aos voluntários, por serem as pessoas que os acolhem na volta. São muito inteligentes e sensíveis”, diz Talita. 

“Teve um cão, Tufão, que era muito apegado a mim, sempre voltava dos eventos no meu colo. No dia em que ele foi adotado, eu estava chorando de alegria e ele veio até mim. Eu agachei, ele encostou a cabeça no meu ombro, nos abraçamos, agradeci a ele por tudo e só depois ele saiu em direção à adotante”, recorda ela. 

Preconceito com adultos
Não há como discordar da tamanha graciosidade dos filhotes. Quando resgatados ainda novinhos, cães e gatos têm uma perspectiva muito maior de serem adotados do que os adultos. E quando falamos em adultos, não precisam nem ser de mais idade. Animais com apenas um ano, mas já crescidos de tamanho, têm as chances reduzidas em cerca de 50%. 

Animais adultos costumam ter menos oportunidades de adoção. Foto: Arthur de Souza/Folha de Pernambuco

Adotar um animal adulto, contudo, também tem suas vantagens. No caso dos cães, não vai ter aquele “achei que ia ficar menor”. Fora que a personalidade do animal já estará mais consolidada e você poderá optar entre o pet mais tranquilo e o mais agitado. O adulto também consegue ter mais consciência de que foi acolhido, podendo construir uma conexão maior com o novo tutor. 

Trabalho gradativo 
Para diminuir o volume de animais nas ruas, a ativista e ex-vereadora do Recife Goretti Queiroz é categórica: tem que castrar. Segundo ela, só assim é que, a longo prazo, será possível ver uma redução nesse fluxo.

Quem atua na causa compactua, tanto que a grande maioria dos protetores só coloca cães e gatos para adoção após passarem pelo procedimento.  

“É uma questão de saúde pública, inclusive porque os animais em situação de vulnerabilidade, sem cuidados, podem ser vetores de zoonoses. É necessário ter uma política pública eficaz, algo que buscamos há anos”, destaca. 

Neste ano, Goretti firmou parcerias com clínicas e veterinários e lançou o projeto Não ao Abandono, que viabiliza a realização de procedimentos a preços populares, dando prioridade justamente a animais sob a tutela de protetores e ativistas.
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Agora, Goretti inicia uma nova campanha, que visa a conquistar padrinhos e madrinhas que se comprometam a doar R$ 30 mensais. O arrecadado permitirá conceder gratuidades a protetores e ONGs com grandes volumes de resgatados. 

“Mesmo a preço popular, existe um custo, porque a parceria é com uma clínica privada, que paga funcionários, energia, insumos. Tudo é custo, então o procedimento dos felinos sai a R$ 70 e dos caninos até 10kg, a R$ 130. Ainda assim, muitos não têm condições de pagar porque têm muitos animais. Por isso estamos com essa campanha para conseguir padrinhos”, explica Goretti, que começou a se envolver no mundo animal em 2008. 

Gestão pública
Em nota, a Prefeitura do Recife disse que a Seda vem estruturando iniciativas, em parceria com o terceiro setor, no intuito de oferecer melhores condições e qualidade de vida aos animais em situação de rua no município. 

Disse ainda que deve a Seda iniciar, ainda neste mês, em parceria com o Centro de Vigilância Ambiental (CVA) do município, atendimentos gratuitos aos animais de rua resgatados exclusivamente por ONGs, entidades e protetores de animais, com castração, consultas e exames para identificação de doenças como leishmaniose e esporotricose. 

Por fim, disse que vem mantendo o diálogo com entidades e ONGs para fazer uma parceria de ação em mercados públicos da cidade. "A ideia é que as instituições fiquem responsáveis por resgatar os cães e gatos que vivem nesses locais e utilizem as instalações do CVA para realizar consultas, castrações e exames, cuidando da saúde dos bichinhos", diz a nota. "Posteriormente, essas entidades oferecerão os animais para adoção", conclui. 

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