Será que meu cão gosta de abraço?
Alguns animais não se sentem à vontade quando abraçados, sobretudo de forma mais intensa
Quem é apaixonado por pets acaba nutrindo em si um “espírito Felícia”, aquela personagem de desenho animado que ama animais e demonstra isso com abraços beeem apertados. Mas, convenhamos, não é tarefa fácil resistir a tanta fofura espalhada por aí, não é?
Foto: Reprodução/Internet
Porém, para a tristeza de muitos, incluindo dessa jornalista que vos escreve, grande parte dos cães tem reticências quanto a serem abraçados.
Uns até aceitam vez ou outra, mas a repetição constante pode acabar causando ansiedade e estresse. Isso acontece também quando são abraçados de forma muito apertada ou ainda segurados no colo, sobretudo se a pessoa estiver em pé.
De acordo com o especialista em comportamento animal da Universidade de British Columbia, no Canadá, Stanley Coren, os cães que não se sentem confortáveis ao serem abraçados costumam dar alguns sinais.
Eles podem virar a cabeça na direção contrária de quem o está abraçando (e, muitas vezes, dando beijos), como um tipo de esquiva, e ainda arriar ou retrair as orelhas.
Sabe aquelas lambidas no rosto que juramos ser “lambeijos” de quem está amando a troca de carinhos? E aqueles olhinhos fechados que parecem um charminho? Pois é, também podem ser uma forma de tentar expressar que não estão curtindo o carinho.
Há alguns anos, Coren fez um estudo com 250 fotos aleatórias publicadas na internet exibindo tutores abraçando seus cães.
Em 80% delas, segundo ele, era possível notar pessoas extremamente felizes e pets um tanto desconfortáveis, enquanto 10% das imagens continham animais com expressões neutras ou ambíguas. Em pouco mais de 7%, os cães demonstravam estar satisfeitos com o afago.
O ideal, portanto, é conhecer bem o seu peludo para saber qual o sentimento dele em relação a esse tipo de carinho. Isso porque toda regra tem suas exceções e há, sim, cães que apreciam esse chamego.
Cães são animais cursoriais, ou seja, corredores. Quando se sentem ameaçados, a primeira reação de defesa deles é correr.
Ao serem abraçados, eles, automaticamente, ficam imobilizados, o que pode gerar algum grau de ansiedade. Por mais que conheçam, confiem e amem o tutor, pode haver uma sensação desconfortável de dominação.
Se for um animal muito assustado ou que realmente não goste de ser abraçado, ele pode reagir rosnando e até mordendo, já que não terá o mecanismo de defesa principal disponível (correr).
Mas, como assim, os cães não abraçam? Logo eles, os melhores amigos do homem, os líderes de qualquer lista de pets mais amorosos, não abraçam?
O que acontece é que eles têm um jeito próprio de demonstrar afetuosidade. Sabe quando eles deitam a cabeça no nosso colo e fazem aquele olhinho fofo pedindo um alisadinho? É uma forma de “abraçar”.
E quando você está vendo televisão e ele chega junto com aquele brinquedo favorito? Ele, também, está demonstrando que te ama. Ah, e tem “lambeijos”, que são beijos mesmo, quando vêm acompanhados de um rabinho abanando alegremente.
A hora certa
Como, então, equilibrar a necessidade do humano em abraçar o peludo sem causar desconforto nele? Existem momentos que são mais favoráveis para esse contato com mais chamego.
Quando você chega em casa e ele vem te receber cheio de alegria é um deles, pois o pet se mostra aberto a manifestações mais calorosas.
Outra boa hora é após um passeio legal ou uma sessão de brincadeiras que fez ele gastar bem muita energia. Há ainda alguns cães que gostam de deitar para dormir junto aos seus tutores. Com ele relaxado ao fim do dia, um abraçadinho de boa noite pode cair bem.
Sempre lembrando de não chegar dando “abraço de urso” para fazer uma surpresa ao pet. Isso pode acabar o assustando e o fazendo associar o ato a algo perigoso.