Seu animal pensa que é gente? Entenda por que pets imitam seus tutores
De acordo com a medicina veterinária, o comportamento de "imitar" o tutor faz parte de uma adaptação do animal à rotina de seu dono
Comer no mesmo horário, cochilar no mesmo horário, ler junto, digitar junto e acompanhar todas as atividades do dia são atitudes comuns para animais domesticados. Quem já teve que lidar com um pet tentando digitar no teclado do computador ou tentando morder a caneta na hora de fazer uma anotação importante sabe muito bem do que estou falando. De acordo com a medicina veterinária, o comportamento de "imitar" o tutor faz parte de uma adaptação do animal à rotina de seu dono.
"Esse comportamento de “imitar” os tutores, na verdade, é uma adequação do pet à nossa rotina diária. Eles precisam da nossa rotina para estabelecer a deles, e isso acaba sincronizando nossas ações, como dormir junto, acordar, 'tomar café'etc. Esse comportamento acaba sendo impulsionado tanto pelo tutor quanto pelo pet, já que, à medida que a rotina se estabelece e se firma, há um aumento do vínculo entre tutor e pet dessa rotina compartilhada", explicou Laura Ferreira, especialista em comportamento animal da Guiavet, uma plataforma de acompanhamento integral da saúde animal.
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Alguns animais passam a ideia de que não sabem que são de outra espécie, não humana. Isso pode acontecer se ele tiver comportamentos naturais reprimidos e for tratado de forma mais humanizada. Se um pet é proibido de cavar a terra e incentivado a andar sempre no colo ao invés de percorrer distâncias curtas andando, ele pode se afastar do seu lado "animal" e se aproximar de uma criação muito parecida com a de uma pessoa.
"É difícil afirmar como os pets se identificam dentro da nossa família multiespécie. Ainda mais porque isso depende muito da forma como o tutor trata seu pet: se o animal pode expressar comportamentos naturais mais livremente ou se é tratado de maneira mais humanizada, o que faz com que fique mais retraído em relação a outros animais", informou Laura.
A capacidade de mimetizar o comportamento de seus tutores é mais acentuada em pets que passam desde filhotes até a vida adulta sob cuidado especificamente humano. "E é justamente nessa fase de filhote, até os 12 meses, que há o maior desenvolvimento social do pet. Logo, quanto mais ele vive e compartilha a rotina com seu tutor, mais ele absorve e replica essas atividades", explicou a especialista da Guiavet.
O comportamento humanizado não é um problema, desde que o animal não tenha apenas ele como seu guia. "Tudo depende. Se o animal tem o costume de fazer as coisas com seu tutor, mas ainda tem a sua rotina, fazendo as coisas que deveria fazer como o animal que é, essa rotina compartilhada com o tutor não traz malefícios. Por exemplo, cães devem poder passear e cheirar o chão da rua, e gatos devem brincar de caçar brinquedos. Se o animal vive como o tutor sem realizar seus comportamentos naturais, ao longo do tempo pode desenvolver problemas emocionais, como ansiedade.", concluiu Laura.