Vilões para a saúde, alimentos da Páscoa não devem ser compartilhados com os pets
Por mais que a Covid-19 impeça os grandes encontros familiares durante a Páscoa, a celebração não passará em branco em grande parte dos lares. E, tradicionalmente, essa é uma época de cardápio bem marcante. Além do clássico chocolate, a bacalhoada recheada de especiarias também se faz presente, bem como uvas e algumas oleaginosas.
Essas delícias, porém, representam uma ameaça para a saúde dos pets, cada vez mais presentes nas residências, por serem tóxicas para os organismos deles.
Por isso, é preciso lembrar que a mesa do tutor não deve ser compartilhada com o cão ou gato de estimação, por mais sofrido que seja resistir aos olhinhos pidões.
A médica veterinária Natália Lopes, gerente de Comunicação Científica da marca Royal Canin no Brasil, explica melhor sobre alimentos da Páscoa que são vilões para os pets e dá dicas de como o tutor deve proceder caso tenha algum problema com seu animal.
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Chocolate
A teobromina, substância presente no cacau (em maior concentração nos chocolates do tipo amargo e de preparo culinário), pode causar intoxicação quando consumida mesmo em pequenas quantidades, acarretando vômito, diarreia, agitação, arritmia cardíaca, espasmos musculares e convulsões, podendo levar à morte.
Geralmente, os sintomas de intoxicação ocorrem cerca de seis a 15 horas após o consumo do alimento ou de receitas que levem este ingrediente.
A teobromina é lentamente eliminada do organismo e possui um efeito cumulativo, o que significa que ingestões repetidas, mesmo em quantidades menores (não tóxicas), também podem causar a intoxicação.
Alho e cebola
Os cães e gatos são sensíveis ao alho e à cebola, sejam crus, cozidos ou desidratados. As substâncias podem provocar alterações nas hemácias (células sanguíneas) dos pets, levando-as à ruptura e, consequentemente, à anemia.
A gravidade do efeito é dose-dependente e mesmo quantidades muito pequenas podem ser tóxicas. Os sintomas são secundários à anemia, aparecem dias após a ingestão, e incluem membranas mucosas pálidas, taquicardia, taquipneia, letargia e fraqueza. Vômito, diarreia e dor abdominal também podem surgir. Casos graves evoluem para icterícia e insuficiência renal, podendo levar à morte.
Uvas e passas
Essas frutas são saudáveis para os seres humanos, mas são tóxicas para os pets. Por exemplo, cães acometidos pela intoxicação de uvas ou passas, normalmente, apresentam dores gastrintestinais seguidas por insuficiência renal aguda.
Os sinais iniciais de toxicidade neste caso são vômito, seguido por letargia, anorexia, diarreia, dor abdominal, ataxia e fraqueza, que podem aparecer nas primeiras cinco a seis horas após a ingestão.
Os sinais da insuficiência renal aguda são menos frequentes e podem ocorrer com 24 horas ou dias depois, e se caracterizam por anorexia, apatia, vômito, diarreia, ataxia e convulsões.
Nozes e Sementes
Embora elas possam parecer saudáveis, evite, por exemplo, oferecer nozes ao pet. O tamanho delas representa um perigo de asfixia e elas possuem muita gordura, o que pode desencadear um mal-estar estomacal no animal.
Em especial, as sementes de macadâmia mostraram-se altamente tóxicas para cães. Embora não tendam a resultar em mortes, elas podem fazer o cão sofrer com incapacidade de andar, vômitos, letargia e tremores.
Leite, creme e queijo
À medida que os pets atingem a idade adulta, a capacidade de digerir laticínios diminui conforme faltam as enzimas para isso. Isso significa que eles podem apresentar sinais de intolerância à lactose caso acabem ingerindo leite, creme ou queijo, como vômitos, diarreia e um mal-estar estomacal.
Alimentos fritos e gordurosos
Alimentos fritos e gordurosos podem ser ruins para os pets. Os altamente gordurosos podem causar mal-estar estomacal e também favorecer o surgimento de pancreatite. Além disso, o consumo regular desses tipos de alimentos pode levar à obesidade e problemas de saúde relacionados.
Adoçante
Para pets, xilitol é tóxico. É importante manter produtos que contenham o composto longe do alcance do animal para que ele não o consuma nem mesmo acidentalmente.
De modo geral, deve-se evitar oferecer alimentos que não foram desenvolvidos especificamente para gatos e cães ou não foram preparados de acordo com prescrições realizadas por um médico veterinário.
Além do risco de intoxicações, outros alimentos podem provocar desconfortos digestivos, flatulência, vômitos e diarreia. No caso dos peixes, especificamente, é preciso estar atento não só ao preparo, mas ao tipo do peixe, por conta das espinhas, que podem causar problemas sérios.
"Além disso, desenvolver este hábito de ceder alimentos de humanos aos pets também pode levar a uma desnutrição, já que isso pode provocar um desbalanço nutricional", explica Natália Lopes.
E se o pet comer algo perigoso?
Se o tutor vir ou suspeitar que o pet tenha ingerido algum alimento, ou qualquer outra coisa fora do habitual, que possa colocar a saúde dele em risco, deve contatar imediatamente o veterinário de confiança e detalhar a situação.
Caso o cão ou gato apresente sintomas de intoxicação, deve ser levado imediatamente ao consultório para que o tratamento adequado possa ser iniciado o mais rápido possível, a fim de minimizar os danos.
Não é recomendada a administração de qualquer substância ou medicamento sem a devida orientação profissional, até porque, alguns medicamentos podem, inclusive, piorar o quadro.