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Sem a vaga de vice na chapa de João Campos, PT busca espaço perdido

Partido deve reforçar discurso de aliança contra a extrema-direita

Presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann; vereadora do Recife Liana Cirne (de pé); senadora Teresa Leitão e senador Humberto Costa - Foto: Ricardo Fernandes / Folha de Pernambuco

O Partido dos Trabalhadores vai precisar de um discurso forte para manter a autoestima elevada. A esperada conversa entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o prefeito do Recife, João Campos (PT), sacramentou ontem, depois de duas horas, aquilo que extraoficialmente já se sabia: a vaga de vice não será do PT: Ela está reservada ao ex-chefe de gabinete do prefeito Victor Marques, recém-filiado ao PCdoB.

A legenda integra a Federação Brasil da Esperança ao lado do PV e do PT. Mas os petistas não se sentem contemplados por isso. Sentem-se, de alguma forma, traídos. Pelo PSB e também pelo PCdoB.

O protagonismo político-eleitoral na cidade, colocado em todas as rodas de conversa como principal moeda de troca, não funcionou. Reclamaram em outros momentos  e reforçam: Não se trata desse jeito um aliado com esse potencial.

Na próxima segunda-feira, quando a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, chegar ao Recife para juntar-se às outras forças e oficialmente anunciar o vice, vai precisar tirar da bagagem aquele discurso do ano passado. Na época, ela não levantava sequer a possibilidade de discutir um nome que não fosse petista.

Agora deve agarrar-se a argumentos como a necessidade urgente de forças mais à esquerda se unirem contra a extrema-direita. Será a injeção de ânimo para não deixar feridas expostas, a forma de sanar os arranhões que o próprio partido foi rasgando nas negociações internas, escolhendo nomes a vice sem combinar com o prefeito. O próximo desafio é fazer a militância entrar de corpo e alma nessa disputa.  

A reunião de ontem aconteceu no Palácio do Planalto e teve, além dos três, a presença do presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, e do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.  

Novo estágio
A senadora Teresa Leitão (PT), defensora do nome do ex-vereador Mozart Sales para vice de João Campos, repetiu Gleisi Hoffmann, e manifestou-se pelas redes sociais. Destacou a importância do debate interno. "Isso precisa ser considerado como um novo estágio nas relações políticas locais, com rebatimentos nacionais." O prefeito João Campos não se posicionou. Em suas redes, apenas a declaração da presidente nacional do PT replicada.  

Eu avisei
O deputado João Paulo (PT) que desde o início das discussões alertava para a possibilidade de João Campos não indicar o partido para a vice, deu risada nas redes sociais. Recorreu à música Gargalhada, de Nelson Gondim: "Estou sorrindo, mas posso chorar fazendo cócegas..." E na legenda o recado: "Eu avisei".

Cautela
O Diretório do PT no Recife se reúne amanhã, às 10h, na sede do PT estadual, em Santo Amaro, área central da cidade, para discutir eleições e as decisões de ontem. O ex-assessor de Relações Institucionais Mozart Sales, nome do partido para vice de João Campos, só vai se posicionar depois desse encontro.

 

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