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Vazamento de áudio estremece ainda mais relação entre Executivo e Legislativo em Pernambuco

Governadora Raquel Lyra considerou violência política críticas do presidente da Alepe, Álvaro Porto

Governadora Raquel Lyra e o presidente da Assembleia, deputado Álvaro Porto - Foto: Arthur Mota/Folha de Pernambuco

O áudio que vazou na TV Alepe, ontem, após a abertura dos trabalhos legislativos deste ano, expôs o que se escondeu no discurso. O presidente da Assembleia, deputado Álvaro Porto (PSDB), primeiro a se pronunciar, foi diplomático durante sete minutos e 40 segundos.

Cumprimentou todos, destacou ações legislativas. Registrou que a Alepe vai continuar trabalhando para preservar o ambiente de diálogo, com todos tendo liberdade de expor os pensamentos. Lembrou que o espírito de coletividade ajudou a construir a independência da Casa. Disse ter convicção de que, em um ano de eleições, os parlamentares vão equilibrar os trabalhos legislativos com as ações junto às bases.

Era um Álvaro Porto contido. Sem recados duros ao Executivo. Sem críticas à decisão da governadora Raquel Lyra (PSDB) de recorrer ao STF para derrubar trechos da Lei de Diretrizes Orçamentária, aprovada pela Assembleia.  Assunto tratado apenas com a imprensa.

"A gente viu mais uma vez que a palavra diálogo por parte do Governo não existe. Entrou com uma Adin na Justiça, em vez de ter chamado a Alepe para conversar. A gente espera que o diálogo não fique só da boca para fora", enfatizou, antes da divulgação do trecho de uma conversa entre uma pessoa e ele, usando palavra de baixo calão ao comentar o discurso da governadora, que durou 38 minutos:

"Conversou m* demais e não disse nada." A pessoa retrucou: “Deveria ter perguntado onde é esse Estado”. E Álvaro Porto sustentou: “Eu também queria saber”. Pouco depois das 19h, resolveu divulgar nota em que admitiu ter usado "uma expressão não condizente com o contexto e local". Mas reafirmou considerar "o teor do discurso desconectado com a realidade vivida em Pernambuco".

Violência política e solidariedade
Em entrevista à Rádio Transamérica, Raquel Lyra apontou violência política no áudio. "Às vezes é em gestos, em atitudes, em ações. Hoje foi em voz. Lamento porque isso não está à altura do que Pernambuco representa. Um diálogo fora de propósito, e revela o que uma mulher sofre nos espaços de poder." Das seis deputadas, Débora Almeida e Socorro Pimentel, que não estava na sessão, defenderam a gestora. A vice Priscila Krause também.

AMEAÇA > O Conselho Nacional de Ética do PSDB disse em nota que vai avaliar "eventuais medidas disciplinares" contra Álvaro Porto. O deputado já não se sente acolhido no ninho tucano desde que a governadora desconsiderou seu pedido de presidir a legenda, e indicou Fred Loyo, em novembro.

POSTURA > Líder da Oposição, Dani Portela, que teve bebê há 20 dias, elogiou o presidente da Casa, antes do vazamento do áudio, e pontuou críticas ao Executivo. Não teve resposta. O líder do Governo, Izaías Régis, está de licença médica e um discurso sem entusiasmo coube ao vice-líder, Joãozinho Tenório.

GESTOS > Raquel Lyra citou o nome de cada um dos deputados e secretários presentes à sessão. Foi aplaudida pelo menos sete vezes. Álvaro Porto passou maior parte do tempo ao celular. Não dirigiu o olhar à gestora. Cumprimentos só no fim dos discursos. Por iniciativa dela e da vice Priscila Krause.

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