Alberto Cherpak, diretor do Hospital Santa Joana Recife, comenta sobre a retomada das cirurgias eletivas
Com o início da pandemia do Covid-19, diversos processos hospitalares precisaram ser alterados. Um deles foi a suspensão imediata das cirurgias eletivas - as intervenções programadas que não envolvem urgências. No começo desse semestre, conforme liberação dos órgãos sanitários do Governo de Pernambuco, ocorreu o retorno desses serviços. A decisão foi tomada com base em nota da Anvisa que contém orientações sobre a retomada das cirurgias eletivas.
Também foram levados em conta documentos e informações encaminhados por sociedades médicas que asseguraram que as unidades de saúde têm condições de atender a demanda por procedimentos eletivos. Se considerarmos que 50% das cirurgias realizadas no país são eletivas, de acordo com dados do Ministério da Saúde, cada mês de paralisação representou cerca de 200 mil intervenções suspensas em todo o país.
Ou seja, há uma grande demanda reprimida de pacientes com cirurgias, que não são de urgência, que começam a voltar aos hospitais. Com isso, as unidades de saúde tiveram que se preparar para garantir toda a segurança para essas pessoas. O Hospital Santa Joana Recife criou e implantou processos para atender o retorno dos procedimentos eletivos. Até o momento, já alcançamos cerca de 70% do total de cirurgias eletivas que eram realizadas antes da pandemia. As maiores demandas provêm das seguintes especialidades: Urologia, Ortopedia, Cirurgia Geral e Ginecologia.
Para atender a esse crescimento e garantir a segurança necessária de todos, foi implantado um protocolo multidisciplinar, com o apoio do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH), permitindo segurança para pacientes, profissionais de saúde e para a instituição. As recomendações iniciam antes do internamento com aplicação do questionário epidemiológico, dos termos de consentimento e realização do pré check-in. Essas informações podem ser feitas online.
Vale ressaltar que todos os pacientes cirúrgicos eletivos fazem o RT PCR 72h antes da cirurgia, excetuando os casos que apresentam IgM negativo e IgG positivo. Outras informações também são colhidas, como necessidade de reserva sanguínea, de UTI, de algum material especial ou de cuidados adicionais. É importante lembrar que o acompanhante escolhido não pode estar inserido no grupo de risco.
O paciente chega ao hospital com hora marcada, o apartamento é reservado previamente com fluxo rápido na admissão e encaminhamento para o leito. Esse processo é feito através de recepção e elevadores específicos. O término do internamento e a checagem de documentações são feitos no próprio apartamento. O HSJR também disponibiliza orientação para os acompanhantes.
Para a cirurgia é executado um checklist de cirurgia segura e checagem de todo fluxo pré-hospitalar para Covid-19. Organizamos um bloco cirúrgico com área isolada para paciente sem coronavírus. Após a alta, o paciente é aconselhado a ficar em quarentena na primeira semana depois da cirurgia, sendo orientado, também, para possíveis sintomas relacionados à Covid-19. Reforçamos a comunicação adequada entre as equipes, estabelecendo um melhor acompanhamento do paciente. Sabemos o quanto é importante esse momento e valorizar a vida é o nosso maior compromisso.