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Conheça o Recife: Cidade de Mil Encantos

Museus, Circuitos da Poesia, e Circuito Sagrados e Circuito Prédios Históricos

Museu da Cidade do Recife. - Alexandre/Folha de Pernambuco.

MUSEUS

Museu da Cidade do Recife: a memória da cidade bem guardada e protegida

“Construir possibilidades para a reflexão sobre a memória e os valores urbanos, visando o desenvolvimento do Recife”. Assim é descrita a missão do Museu da Cidade do Recife, um dos maiores acervos cartográficos da cidade, que reflete o profundo respeito que é preciso nutrir pela história e pelo patrimônio da cidade. Criado em 1982 e instalado no Forte das Cinco Pontas, no bairro de São José, o museu é um dos monumentos mais expressivos da herança colonial no Brasil. Por lá, é possível encontrar mais de 200 mil imagens, além de títulos, livros, revistas, mapas, plantas de arquitetura: um tesouro inestimável. 

Com a expulsão dos holandeses de Pernambuco, os colonos portugueses decidiram reerguer um forte construído pelos holandeses para proteger o suprimento de água. Com a reconstrução, esse forte passou a ter quatro pontas e ganhou novos usos, como o de quartel militar. Após ser tombado como patrimônio nacional, ele foi reconstruído novamente, e, agora, seu interior abriga o Museu da Cidade do Recife, repleto de histórias importantes e registros imagéticos feitos desde o início do século XIX até a década de 1980. 

Apesar do impressionante monumento que o cerca, o que realmente impacta quem passa por lá é o acervo contido dentro do museu, que, além das fotografias, também possui alguns detalhes preciosos da trajetória do Recife como cidade: 146 azulejos, três portas e duas imagens de santos pertencentes à Igreja dos Martírios, que foi demolida para a abertura da Avenida Dantas Barreto. O Museu da Cidade do Recife é aberto para visitação e é espaço de pesquisa, eventos culturais e oficinas artísticas. 


Cais do Sertão: histórias ancestrais contadas com tecnologia
Cais do Sertão.
Como unir a valorização da ancestralidade e da tradição com o que há de mais moderno e tecnológico nas abordagens museológicas? O Cais do Sertão responde a esse questionamento com excelência. Idealizado como parte do projeto de revitalização do centro antigo do Recife, o complexo cultural é sede do Museu Luiz Gonzaga, eleito como um dos vinte melhores museus da América do Sul pelos usuários do site de viagens TripAdvisor.


O espaço conta a história do sertanejo, seus contrastes, sua luta e sua beleza, tudo partindo da celebração da vida do cantor e compositor Luiz Gonzaga, o famoso Rei do Baião e um dos maiores nomes da música popular brasileira. É um museu interativo, onde é possível se comunicar com o acervo, criar e vivenciar as histórias que são contadas por lá. Trajetórias ricas, plurais, cheias de personalidades inesquecíveis e uma linguagem toda particular. 
  Cais do Sertão.
A ideia original do museu é do antropólogo e poeta Antonio Risério, e sua concepção é da socióloga Isa Grinspum Ferraz, que priorizou o dinamismo do lugar, a troca, a diversão e o estímulo à criatividade. A partir daí, muitas cabeças pensaram e criaram para o museu, como cineastas, cantores, escritores e historiadores. 


A história do sertanejo tem um lugar todo especial na construção do Brasil. Retratada na música de Luiz Gonzaga, ela ressoa no país inteiro e guia quem chega pelos pavilhões do Cais do Sertão. À beira mar, com uma vista de tirar o fôlego, o visitante se depara com a riqueza da cultura nordestina, a partir da vida dos homens e mulheres do sertão, uma homenagem e um presente para cada um deles. 


O complexo do Cais do Sertão tem uma figura imponente a poucos metros do Marco Zero. O seu interior também impressiona, com uma arquitetura diferenciada assinada por Francisco Fanucci e Marcelo Ferraz, que já ganhou o prêmio internacional “Obra do Ano 2019”, organizado pelo site ArchDaily. Os mais de 2 mil cobogós produzidos artesanalmente são o destaque de sua fachada.


Os módulos do complexo contam, ainda, com salas de aula para cursos, auditório multiúso com espaço para eventos e exposições e restaurante na cobertura — o Cais Rooftop Lounge — com vista para o mar, para o Porto do Recife e a cidade, além de um luxuoso vão livre de cerca de 60 metros, o segundo maior da América Latina.

Museu do Trem: lar de memórias ferroviárias 

A memória ferroviária de Pernambuco está no acervo do Museu do Trem, que reúne mais de 500 peças históricas e é considerado o primeiro do Brasil e o segundo do gênero da América Latina. Antigas locomotivas, relógios, cadeiras e outros objetos de maquinário antigo ficam nesse espaço localizado na Estação Central Capiba, no bairro de São José, primeira estação ferroviária da cidade, responsável por ligar o centro aos subúrbios, ao interior e até a outros estados. 

Fundação Gilberto Freyre: uma ilustre visita ao passado
 Fundação Gilberto Freyre.
A casa onde o sociólogo e escritor pernambucano Gilberto Freyre (1900–1987) morou por mais de quatro décadas está aberta para visitação, no tradicional bairro de Apipucos. Eis um passeio por referências históricas e memórias afetivas do célebre autor do livro Casa-grande & senzala e sua família. 

Além dos objetos originais da casa, arrumados do mesmo modo que na década de 1980, com mais de 5 mil peças entre móveis, louças e fotografias, há um clima bucólico em volta do terreno. A antiga moradia fica em um sítio ecológico repleto de verde, como a pitangueira de onde Freyre retirava a fruta para produzir cachaça artesanal. 

Instituto Arqueológico Histórico e Geográfico Pernambucano: endereço centenário do centro do Recife
IAHGP.
Localizado na Rua do Hospício, no bairro da Boa Vista, o Instituto Arqueológico Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP) é uma instituição centenária fundada em 1862 com o objetivo principal de divulgar a história de Pernambuco. Não à toa, é o mais antigo instituto histórico regional do Brasil, e a segunda instituição dedicada à História no país, depois apenas do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. 

Uma visita ao IAHGP é um mergulho nas particularidades do estado. Tem um acervo diverso e valioso, com telas e retratos de figuras importantes, além de objetos decorativos e utilitários pertencentes às antigas famílias locais, comuns em casas urbanas e rurais. Chamam a atenção os armamentos antigos, como armas brancas e de fogo que foram utilizadas em batalhas decisivas nos movimentos revolucionários pernambucanos.

Instituto Ricardo Brennand: um mergulho no mundo das artes

 IRB.
Arte, história e contemplação guiam a visita ao Instituto Ricardo Brennand, espaço cultural sem fins lucrativos localizado no antigo Engenho São João, no bairro da Várzea. Desde 2002, o lugar abriga o acervo artístico e histórico originário da coleção particular do industrial pernambucano Ricardo Brennand. 
IRB.
Em meio ao verde, uma das mais modernas instalações museológicas do Brasil abrange um complexo de edificações constituído pelo Museu Castelo São João (museu de armas brancas) e por pinacoteca, biblioteca, auditório, jardins das esculturas e uma galeria para exposições temporárias e eventos.

Todos eles merecem ser vistos sem pressa. Não à toa, mais de 3,5 milhões de pessoas já passaram pelo local desde a sua inauguração.

Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães: reduto contemporâneo

Reunindo mais de mil trabalhos, o Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães (Mamam) é uma das opções para conferir e compreender a arte moderna brasileira.
Criado em 1997, o museu presta uma homenagem ao artista plástico, designer e ativista cultural pernambucano que nomeia o local. Substituindo a antiga Galeria Metropolitana de Arte Aloisio Magalhães, o equipamento fica em um antigo casarão do século XIX localizado na Rua da Aurora. 

No local, são sete salas de exposição, biblioteca especializada em arte moderna e contemporânea, reserva técnica, sala de atividades educativas, sala de administração e auditório. O Mamam conta com trabalhos de um período histórico compreendido entre 1920 e 2016. Neste segmento do museu, estão obras de Tomie Ohtake, João Câmara (com a série “Cenas da Vida Brasileira”), Fédora do Rego Monteiro, Gil Vicente, Aloisio Magalhães, Abelardo da Hora, Tarsila do Amaral, entre outros.

Museu do Estado de Pernambuco: memórias da aristocracia pernambucana
MEPE.
Imagine entrar em uma residência da aristocracia do século XIX e se deparar com mobiliário de época, fotografias antigas do Recife, imagens sacras e pinturas suntuosas. O requinte de influência europeia está neste palacete onde viveu o filho do Barão de Beberibe e que, desde 1940, é o Museu do Estado de Pernambuco (MEPE), na Avenida Rui Barbosa, no bairro das Graças. O espaço reúne mais de 15 mil peças em seu acervo, incluindo coleções de arqueologia, cultura afro-brasileira, indígena e muito mais na exposição de longa duração “Pernambuco, território e patrimônio de um povo”. 

Memorial Luiz Gonzaga: homenagem ao Rei do Baião
I Memorial Luiz Gonzaga.
No Pátio de São Pedro, no bairro de Santo Antônio, existe um lugar que reúne toda a memória de Luiz Gonzaga e da cultura nordestina. No Memorial Luiz Gonzaga, está concentrado o acervo da exposição permanente, com mediação em ambiente climatizado, composto por biografia, ponto de consulta ao acervo digital, discos, fotos, livros, instrumentos musicais, além de objetos típicos da cultura sertaneja, ambientados em moderno projeto expositivo. Quem deseja se aprofundar ainda mais na história do Rei do Baião pode agendar uma visita para pesquisas. Oficinas, cursos, palestras, apresentações culturais e exposições itinerantes dão ainda mais vida ao espaço. 

Museu do Homem do Nordeste: local de estudo antropológico

Vinculado à Fundação Joaquim Nabuco, o Museu do Homem do Nordeste exalta a pluralidade da população brasileira. O espaço, inaugurado no final da década de 1970, oferece exposições que refletem detalhes das culturas negra, indígena e branca, através de acervo com objetos dos senhores de engenho, passando por itens de famílias pobres, além de coleções de arte popular, brinquedos e objetos dos povos originários. Um passeio indispensável para quem busca refletir sobre a diversidade nordestina.

Museu Militar do Forte do Brum: guardião das batalhas de Pernambuco
Forte do Brum.
Construído em 1629, por ordem do Governador Matias de Albuquerque, o Forte do Brum, que abriga hoje o Museu Militar, foi criado para estabelecer a segurança do Porto do Recife contra possíveis invasões. Por isso, sua arquitetura impressiona. Erguido inicialmente por portugueses, mas depois ocupado por holandeses, o local foi nomeado como Forte Bruyne — em homenagem ao presidente do conselho administrativo da capitania recém-conquistada. 

O nome foi aportuguesado posteriormente pelos nativos para “Brum” e, então, administrado pelo Exército Brasileiro, que inaugurou o museu em 1987. Atualmente, o equipamento preserva e dissemina os fatos e feitos do Exército, enaltecendo a participação do soldado nordestino. O museu também conta com uma biblioteca com ênfase na 2ª Guerra Mundial, história do Brasil, história militar e museologia.

Oficina Francisco Brennand: onde a natureza encontra a arte
Oficina Francisco Brennand.  
É aqui onde um importante capítulo da arte brasileira ganha forma. Desde a década de 1970, a antiga fábrica de tijolos e telhas situada no bairro da Várzea abriga a produção com assinatura do artista plástico e ceramista pernambucano Francisco Brennand (1927-2019). Um lugar inspirador, que dá continuidade ao legado do mestre Brennand, através dos conceitos de território, cosmologia e natureza. 

Em meio ao verde, está o Pátio das Esculturas, repleto de peças de cerâmica criadas por um imaginário fantástico. O passeio segue com galeria de exposições temporárias, esculturas ao ar livre e muita beleza histórica. Vale conferir a peça “Lara”, um personagem mitológico que ganhou forma em 1978. Foi a obra que Brennand mais demorou a finalizar, indo ao forno por diversas vezes até alcançar a perfeição.

CIRCUITO DA POESIA 

Tudo no Recife inspira poesia. A cidade é casa de poetas, inspiração para escritores e, além disso, tem um roteiro especial todo dedicado à arte das palavras. O Circuito da Poesia do Recife é composto por 20 esculturas em tamanho real de figuras marcantes espalhadas ao ar livre. Todas as obras são do artista plástico Demétrio Albuquerque.

Alberto da Cunha Lima 

Jornalista, sociólogo e poeta, Alberto criou uma poesia formal e rigorosa, mas cheia de paixão. Foi grande incentivador do Movimento dos Escritores de Pernambuco, de 1980. Sua estátua pode ser vista no Parque 13 de Maio.

Antônio Maria 

Conhecido por compor muitos dos clássicos da música popular brasileira, Antônio escreveu frevos, sambas-canções e outras odes ao amor, seu tema principal. Sua estátua está na Rua do Bom Jesus. 


Ariano Suassuna 
Ariano Suassuna
Poeta, escritor, teórico de arte, romancista, dramaturgo e muito mais. Nascido na Paraíba, Ariano se mudou para o Recife, onde se inspirou para criar seus trabalhos mais expressivos. Foi o fundador do Movimento Armorial, que buscava uma arte essencialmente brasileira, que tinha como base as raízes populares. É possível encontrar a sua escultura na Rua da Aurora. 

Ascenso Ferreira 

Expoente do modernismo brasileiro e grande folclorista. Sua poesia exaltava temáticas regionais e era marcada por uma nostalgia do campo, principalmente em contraponto ao início da industrialização. Sua estátua pode ser vista no Cais da Alfândega.


Capiba 
capiba
Músico, poeta e pianista, Capiba foi o maior compositor de frevo de Pernambuco, autor de mais de 100 canções do gênero. Em 1931 fundou a Jazz Banda Acadêmica, para músicos e acadêmicos de Direito, que tocavam de forma beneficente. Sua estátua está na Rua do Sol.

Carlos Pena Filho 
Carlos Pena Filho
Considerado um dos poetas pernambucanos mais importantes da segunda metade do século XX. Era engajado, preocupado com as condições sociais do Recife, e sua poética era cheia de musicalidade, com um lirismo único. Sua estátua está na Praça do Diário.

Celina de Holanda 

Jornalista e poeta, era conhecida como Cecé, e sua poesia tinha como foco o sofrimento humano. Seus versos são cheios de vigor e, apesar da dor, têm muita esperança. Sua estátua está na Avenida Beira Rio.

Chico Science 
Chico Science
Precursor do movimento de contracultura Manguebeat, o líder da banda Nação Zumbi respirava poesia. Sua arte era engajada, política, mas também amorosa e delicada. O artista influenciou gerações inteiras e até hoje é um dos mais lembrados e respeitados do Recife. Sua estátua está na Rua da Moeda. 

Clarice Lispector 
Clarisse Lispector
Recifense de alma, a escritora nasceu na Ucrânia, mas veio ainda nova para o Recife. É autora de romances, contos e ensaios e uma das escritoras mais admiradas do mundo. Seu texto é revolucionário e popularizou as narrativas psicológicas. É possível encontrar a sua estátua na Praça Maciel Pinheiro.

Janice Japiassu 
Janice Japiassu
Considerada a Musa Sertaneja do Movimento Armorial. Sua poesia era de métrica tradicional, mas de criatividade impressionante. Era inspirada, principalmente, pelas paisagens recifenses. Sua estátua está na Rua do Príncipe. 

João Cabral de Melo Neto 
João Cabral
O poeta que sonhava em ser jogador de futebol. Sua poesia era caracterizada pelo rigor estético e pouco apego ao subjetivismo, era analítico e preciso como um bom atacante. Seus textos pensam o Brasil e suas relações sociais, e sua estátua está na Rua da Aurora. 

Joaquim Cardozo 
Joaquim Cardozo
Poeta, contista, dramaturgo, professor, desenhista, crítico de arte. Sua poesia era fortemente baseada na experiência popular nordestina, e seu trabalho é, até hoje, inspiração para as gerações mais novas. Sua estátua pode ser encontrada na Ponte Maurício de Nassau. 

Liêdo Maranhão 

Poeta da galhofa, Liêdo tinha como inspiração para suas poesias as pessoas que encontrava diariamente no centro da cidade. Também era escultor, cineasta e fotógrafo, além de um boêmio irrefreável. Sua estátua está na Praça Dom Vital.

Luiz Gonzaga 

Conhecido como Rei do Baião, o poeta fez história portando uma sanfona e cantando sobre o sertão pernambucano. Foi o primeiro artista sertanejo a levar sua arte para o sul do país, inspirando outros com o seu estilo incomparável. Sua estátua está na Praça Mauá. 

Manuel Bandeira 
Manoel Bandeira
Poeta, crítico e professor, Manuel Bandeira é autor de alguns dos versos mais famosos do Brasil. É dele os poemas “Vou-me embora pra Pasárgada” e “Os sapos”. Sua estátua está na Rua da Aurora. 

Mauro Mota 

A cultura da cana-de-açúcar teve forte influência para o poeta, que trabalhou o tema em seus versos e nas suas prosas, que trazem forte característica folclórica. Sua estátua pode ser encontrada no Pátio do Sebo.

Naná Vasconcelos 
Naná Vasconcelos
O maior percussionista do mundo é do Recife. Sua música desenha a nossa cidade com a paixão que só Naná conseguia infundir em seus trabalhos. Autodidata, ele passava por todos os gêneros musicais e por 15 anos abriu o Carnaval do Recife. Sua estátua está, é claro, no Marco Zero.

Reginaldo Rossi 
Reginaldo Rossi
Conhecido como o Rei do Brega, Reginaldo ficou famoso pelas suas canções românticas, que tinham como fundo as paisagens do Recife. Como bom bebedor que era, sua estátua está sentada à mesa de um bar, no Pátio de Santa Cruz. 

Solano Trindade 
Solano Trindade
Também conhecido como “o poeta negro”, tinha como tema central do seu trabalho as relações raciais e a cultura popular. Foi cineasta e militante, fundou um teatro e criou grupos de dança. Sua estátua está no Pátio de São Pedro.


Tarcísio Pereira 

Guardião da literatura recifense, Tarcísio Pereira era livreiro e comandou a maior livraria do país, a Livro 7. Ele financiou artistas literários locais, como Ariano Suassuna, e era pilar da vida cultural no Recife. Sua estátua está na Rua Sete de Setembro. 

CIRCUITO SAGRADO

No Recife, sempre houve espaço para a fé. Reconhecendo a importância do sagrado como manifestação cultural que constrói os valores da sociedade, foi criado o Circuito Sagrado do Recife, um projeto que apresenta aos visitantes os endereços religiosos da capital, tesouros da arquitetura e lugares de contemplação. 

Sinagoga Kahal Zur Israel 
Sinagoga
A primeira sinagoga das Américas, estabelecida na Rua do Bom Jesus, simboliza o momento de prosperidade dos judeus que migraram para o Recife. Foi fundada em 1636 e encerrou as atividades 18 anos depois. Felizmente, ela foi restaurada depois de séculos e hoje representa um mergulho na vida judaica na capital, preservando parte fundamental da nossa história em fotos, mapas e pinturas. 

Igreja Madre de Deus 
Igreja Madre de Deus
Também incluída no Circuito Sagrado, a Igreja Madre de Deus arrebata os olhos. Situada no Bairro do Recife, ela foi inaugurada em 1709, com arquitetura em estilo barroco. É uma construção ampla, com capelas laterais, arco triunfal e detalhes dourados por toda a parte. É uma das igrejas clássicas mais utilizadas para cerimônias de casamento, unindo o amor e a fé. 

Capela Dourada 
Capela Dourada
A Capela Dourada tem como nome oficial “Capela dos Noviços da Ordem Terceira de São Francisco de Assis”, é de ordem franciscana e está localizada no bairro de Santo Antônio. É um dos principais templos barrocos do Brasil e tem estrutura imponente, repleta de ouro e azulejos. Seu nome, inclusive, deriva da quantidade de ouro usado na sua cobertura. É também repleta de telas com painéis onde se veem quadros imponentes, alguns deles incrustados de pedras preciosas. É a simbiose da arte com a religião. 

Basílica da Penha 
Basilica da penha
A Basílica da Penha está bem no meio do centro do Recife. Localizada na Praça Dom Vital, no bairro de São José, ela foi confiada aos frades capuchinhos nos tempos das capitanias hereditárias. Sua arquitetura é inspirada na basílica veneziana de San Giorggio Maggiore, de estilo neoclássico. Dentro dela, é possível apreciar os afrescos do pintor Murillo La Greca. É lá que acontece, todas as sextas-feiras, a benção de São Félix, que reúne uma legião de devotos. 


Basílica de Nossa Senhora do Carmo 

Quem passa na Avenida Dantas Barreto logo se depara com a Basílica de Nossa Senhora do Carmo, uma construção barroca que possibilita um respiro em meio ao dia a dia do comércio. Ela foi fundada pelos padres carmelitas, vindos de Portugal, e sua construção data da segunda metade do século XVII. É um monumento portentoso, de fachada rococó e adornada em talha dourada, pedraria e madeira. Desde que Nossa Senhora do Carmo foi consagrada padroeira do Recife, em 1908, a igreja tem um significado simbólico ainda mais especial e recebe grandes comemorações dos fiéis. 


Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos do Recife 

No bairro de Santo Antônio, está a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos do Recife. Construída por escravizados negros da Irmandade dos Homens Pretos da Vitória, ela representa uma tentativa de erguer um templo belo e imponente como os da nobreza recifense. É cheia de ricos detalhes, um ícone da arquitetura barroca, e em seu corredor é possível encontrar uma galeria de arte repleta de imagens de santos negros, como São Benedito e Santo Estevão. 

Igreja Santa Tereza D’Ávila da Ordem Terceira do Carmo 

Inaugurada no ano de 1710, a Igreja Santa Tereza D’Ávila da Ordem Terceira do Carmo foi criada em homenagem a sua padroeira, Santa Tereza, que viveu dedicada à igreja e escreveu textos impressionantes sobre a religião católica. Com estilo barroco, sua nave é repleta de pinturas de autoria de João de Deus Sepúlveda. Está localizada no Pátio do Carmo, ao lado da basílica de mesmo nome. 

Igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Militares

Este é um verdadeiro tesouro do estilo barroco-rococó, localizado no bairro de Santo Antônio. Construída em 1771, a Igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Militares foi fundada por sargentos e soldados do terço de infantaria da guarnição do Recife. Autorizada a obra pelo então governador da capitania de Pernambuco, eis um templo que chama atenção pelos detalhes. Em 1938, a igreja foi tombada pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (atual Iphan). O forro da sua nave exibe 11 pinturas em madeira, emolduradas com talha dourada. Seus altares dourados, janelões e colunas salomônicas impressionam.

Morro da Conceição

A origem do Morro da Conceição, na Zona Norte do Recife, está ligada à chegada da imagem da Imaculada Conceição, com mais de três metros de altura e quase 2 mil quilos, trazida da França em um navio, no ano de 1904, em comemoração ao cinquentenário do Dogma da Imaculada Conceição. Dois anos depois, foi inaugurada uma capela anexa em estilo gótico, que, por vários anos, foi reformada e modernizada, atraindo hoje devotos de todas as partes do estado, especialmente no dia 8 de dezembro, quando é comemorada a virtude da Virgem Maria. A Festa do Morro da Conceição é o maior evento religioso da cidade, mobilizando mais de 1 milhão de pessoas. Embora não seja padroeira do Recife, a população expressa enorme devoção pela santa, a ponto de o dia 8 de dezembro ser feriado municipal.

CIRCUITO PRÉDIOS HISTÓRICOS

Estar no Recife é caminhar por histórias. Muitas delas estão logo ali, nos prédios pelos quais passamos e admiramos. Alguns deles acompanham a própria trajetória da cidade, e os citamos aqui. 

Edifício Chanteclair
Edifício Chanteclair
O imponente Edifício Chanteclair (ou Chantecler) não tem uma data de fundação registrada, mas estima-se que foi construído no final do século XIX ou início do século XX. Ele surge às margens do Rio Capibaribe, e é difícil não admirar sua arquitetura cheia de detalhes históricos como uma breve viagem no tempo. Sua beleza e características especiais o fez ser tombado pelo Iphan em 1988.

O edifício contempla sete prédios com as mesmas características, que serviam como residência para trabalhadores da região do Porto do Recife, além de abrigar armazéns de açúcar. Porém, seu uso foi mudando ao longo dos anos, e ele já abrigou também boates, salões de festas, bares e restaurantes. O edifício foi peça importantíssima na noite do Recife e até hoje carrega o glamour dos tempos de outrora. Após alguns restauros, foi reaberto em partes para visitação.

Conjunto de sobrados da Rua da Aurora
Conjunto de Sobrados da Rua da Aurora
Poucas ruas são mais charmosas do que a Rua da Aurora. Margeada pelo Capibaribe, ela oferece uma das melhores vistas no fim de tarde do Recife, destacando a relação tão íntima da capital pernambucana com as águas. Um dos motivos pelas quais ela também é tão admirada são os lindos sobrados construídos durante a ocupação do bairro da Boa Vista, no século XIX. De tão belos e expressivos, eles foram tombados pela Fundarpe. 

Com o início da urbanização do Recife, as ruas do bairro da Boa Vista começaram a chamar a atenção da nobreza. Por lá, instalaram-se figuras ilustres, como governadores e condes. Para recebê-los, foram construídos sobrados de estilo neoclássicos, coloridos e chamativos, e a Rua da Aurora foi ganhando um charme especial. Atualmente, nos sobrados, estão instalados museus, cinemas e órgãos públicos, e a vida acontece de forma agitada em um dos pontos mais bonitos da cidade. 

Faculdade de Direito do Recife

Localizada em uma praça ampla e repleta de árvores frondosas — a Praça Adolfo Cirne —, a Faculdade de Direito do Recife é um belo e imponente prédio entre as ruas do Riachuelo e Princesa Isabel, no bairro da Boa Vista. Foi inaugurado em 1911 e construído sob ordem do Imperador Dom Pedro I, que queria estabelecer dois cursos jurídicos no país, um em São Paulo e outro em Pernambuco. A princípio, o prédio pernambucano seria construído em Olinda, mas seu endereço teve mudanças entre 1852 e 1859 até chegar ao bairro da Boa Vista.

Quem executou as ordens do imperador e prosseguiu com a construção do curso jurídico foi o político José de Almeida Pernambuco, e o projeto arquitetônico, com estilo predominantemente neoclássico, é do francês Gustave Varin. Depois da criação da Universidade Federal de Pernambuco, o edifício foi anexado à instituição e passou a se chamar Centro de Ciências Jurídicas (CCJ). 

Além da beleza do prédio, chama atenção também sua grandiosa biblioteca com mais de 100 mil volumes das áreas de Direito, Filosofia, História e Literatura, muitos deles verdadeiras raridades preservadas. Em agosto de 1980, a Faculdade foi tombada pelo Iphan. 

Associação Comercial de Pernambuco
Associação Comercial.

Quem já passou pela Praça do Marco Zero com certeza já perdeu alguns minutos admirando um casarão que fica no seu centro, decorado de vitrais coloridos e com arquitetura clássica. O edifício abriga a Associação Comercial de Pernambuco (ACP), bela e abundante em história, tombada pelo Iphan como bem cultural material e considerada referência e atração turística da capital. A ACP é a mais antiga e emblemática entidade associativa do setor empresarial de Pernambuco e supervisionava tudo aquilo que deixava o Porto do Recife. 

A ACP foi fundada em 1938 pelo Comendador José Ramos e presidida pelo Barão de Casa Forte. A casa já funcionou como bolsa de negociação de açúcar e conta com um rico acervo de registros de carga, além de jornais originais da época. Mas o que chama mesmo a atenção no prédio é a coleção de vitrais originais que fazem menção às navegações comerciais do Porto e suas exportações de café, açúcar e outros produtos, à industrialização do Recife e outros acontecimentos fundamentais da história da capital. A Associação também possui uma pinacoteca, que inclui quadros de pintores de diversos estilos e escolas artísticas. 

Restaurante Leite

Em um prédio histórico localizado na Praça Joaquim Nabuco, no bairro de Santo Antônio, está o mais antigo restaurante do Brasil. Criado pelo português Armando Manoel Leite em 1882, o Restaurante Leite foi popular entre a alta sociedade pernambucana do século XIX e até os dias atuais ostenta pratarias, louças e cristais importados da Europa. Foi nele que se popularizou uma das sobremesas mais tradicionais da cozinha pernambucana, a cartola.

No início, o lugar se limitava a um pequeno quiosque às margens do Rio Capibaribe, na Rua do Sol. Com o sucesso da cozinha, foi preciso um local maior para receber a clientela, e o Leite foi transferido para a Praça Joaquim Nabuco. Não faltaram investimentos para deixar o espaço luxuoso: louças inglesas, taças, copos e toalhas franceses, guardanapos portugueses. Tudo adquirido após fina curadoria. 

Fachada do Restaurante Leite.

Restaurante pronto, as portas estavam abertas para receber senhores de engenho, políticos, celebridades e outros personagens ilustres da sociedade. Nomes como Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir e Gilberto Freyre visitaram o restaurante e provaram da culinária que fez o Leite ser considerado um patrimônio pernambucano que encanta o paladar de moradores e turistas até os dias de hoje. 

Poço da Panela 

O Poço da Panela é um bairro tombado pela Prefeitura do Recife, localizado na Zona Norte da capital. Surgiu por volta do século XVIII, à beira do Rio Capibaribe, pertencente às terras do Engenho Casa Forte. Não à toa, um passeio por suas ruas de casarões coloridos é uma verdadeira viagem no tempo.

Em 1746, a região, que era formada por moradores simples, começou a ser ocupada pelos ricos do Recife, interessados nos banhos medicinais do rio. No bairro, moraram célebres personalidades, como o escritor Ariano Suassuna, o ex-governador do estado Miguel Arraes e o poeta Maciel Monteiro.

Apesar de ser um reduto de tranquilidade e contato com a natureza em meio à cidade, nas semanas que antecedem o Carnaval, blocos líricos costumam desfilar pelas tradicionais ruas de pedras do Poço da Panela, arrastando milhares de foliões.

Edifício Acaiaca
 Aurelina Moura/PCR. 
Em meio a tantos prédios na beira-mar de Boa Viagem, há um em especial que não passa despercebido. O Edifício Acaiaca é um ícone da arquitetura do Recife, e suas paredes revestidas de azulejo adornam a avenida, além de contar histórias de muitas décadas atrás. Construído nos anos 1950 e projetado pelos arquitetos Delfim Amorim e Lúcio Estelita, é um dos prédios mais antigos da Avenida Boa Viagem e, hoje, ponto de referência na principal praia urbana da capital.

A construção do Edifício Acaiaca representou, em sua época, uma mudança de estilo de vida da elite recifense. Por conta do crescimento do mercado imobiliário, a opção de morar em apartamentos começou a seduzir a classe mais abastada da cidade e, entre as alternativas disponíveis, foi escolhida a mais privilegiada, a beira-mar. 

O Acaiaca foi, então, a representação desse desejo se tornando realidade e, com suas janelas viradas para o oceano, inaugurou uma época mais badalada na orla da praia, quando os banhos de mar começaram a ficar mais frequentes. Hoje, ele divide a rua com dezenas de outros prédios de arquitetura mais moderna e verticalizados, mas mantém a elegância de quem representa a era dourada do litoral recifense.

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