Doenças respiratórias do inverno em tempos de pandemia
Entre o final de março e início de abril iniciam-se mudanças climáticas que aumentam a incidência das doenças sazonais. O clima do Recife não possui as quatro estações definidas, é quente e úmido com incidência maior de chuvas nos meses de junho, julho e agosto. Esta é uma época propícia ao aumento das doenças respiratórias infecciosas e alérgicas. Nesta temporada as pessoas ficam mais susceptíveis a gripes, resfriados e até pneumonia além da exacerbação de outras doenças como asma, rinite, bronquites ou Doença Pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).Geralmente nesta época o frio e as chuvas levam as pessoas a permanecer mais tempo em ambientes fechados o que pode favorecer o maior contato com ambientes de muita umidade, mofo ou poeira e até favorecer a contaminação pelo ar. Em tempos de pandemia as doenças que acometem as vias respiratórias podem ter seus sintomas confundidos com um quadro de COVID-19 e é importante manter as doenças crônicas respiratórias alérgicas ou não controladas.
Um dos aprendizados da pandemia do novo coronavírus é que pessoas com doenças crônicas, sobretudo descontroladas, estão no grupo de maior risco para complicações pela COVID-19, sendo as doenças pulmonares crônicas graves pertencentes aos grupos prioritários de vacinação. A asma por exemplo é uma das doenças crônicas mais comuns que afeta tanto crianças quanto adultos. Estima-se que no Brasil exista aproximadamente 20 milhões de asmáticos, é uma causa importante de faltas escolares e no trabalho. É uma doença crônica, mas quem tem asma pode ter uma vida normal com o tratamento adequado, em tempos de pandemia é importante que o indivíduo que usa medicações para o controle da asma, mantenha seu uso regular e consulte seu médico em caso de dúvidas, assim como reforce as medidas de higiene que mantenham sua casa livre de alérgenos. A Sociedade Brasileira de pneumologia e Tisiologia- SBPT e órgãos internacionais que estudam a asma como a Global Initiative for Asthma-GINA, reforçam a importância de continuar o tratamento da asma, tanto com as drogas inalatórias como imunobiológicos para manter um bom controle dos sintomas, reduzir o risco de crises graves e minimizar a necessidade de corticoide oral.
A doença pulmonar obstrutiva crônica ou DPOC, também conhecida como enfisema pulmonar é causada pela inalação de poluentes ou pelo cigarro, entre seus sintomas destacamos a falta de ar e a tosse seca ou com catarro, os sintomas podem ser controlados com uso regular de medicação e acompanhamento médico. As infecções pulmonares podem agravar a DPOC podendo levar a crises ou exacerbações. Neste período de pandemia, as pessoas que possuem esta doença devem também usar regularmente os medicamentos prescritos pelo seu médico e se ainda fumam, parar de fumar. Lembrar que para todas estas situações, caso a falta de ar se torne severa e não melhore com o tratamento medicamentoso orientado pelo seu médico o paciente deve procurar atendimento hospitalar.
Sintomas de uma gripe, como a Influenza são mais fáceis de serem confundidos com a COVID-19, além de tosse e coriza podem surgir dores no corpo e febre e ambas as doenças podem levar a pneumonia. Nos dois casos é importante o diagnóstico e tratamento adequado além da vacinação, caso já esteja na sua hora de vacinar não deixe de ir. Mesmo que você esteja em casa e cumprindo isolamento social, o que diminui a incidência das infecções respiratórias, sugerimos alguns cuidados para evitar alergias e cuidar melhor da sua saúde respiratória:
1. Verifique o calendário vacinal e mantenha as vacinas em dia;
2. Evite locais de aglomeração e prefira ambientes arejados;
3. Deixe os ambientes sempre limpos e livres de poeiras;
4. Evite tapetes e cortinas dentro do quarto e troque as roupas de cama regularmente;
5. Não fume ou fique perto de fumantes;
6. Abra as janelas para ventilar locais fechados e úmidos;
7. Mantenha-se hidratado e com uma alimentação balanceada;
8. Consulte o seu médico em caso de sintomas respiratórios;
9. E se for sair, use máscara, lembre-se da higiene frequente das mãos e de manter o distanciamento das pessoas.
*Adriana Velozo Gonçalves é graduada em medicina pela Universidade de Pernambuco no ano de 1999, tem mestrado em Ciências da Saúde pela UFPE e é especialista em pneumologia, tendo realizado residência em Pneumologia no Hospital Otávio de Freitas-HOF no ano de 2004, referência em pneumologia no Estado de PE, onde atua até hoje como pneumologista e preceptora da Residência médica em Pneumologia. Atua ainda como Professora na Faculdade de Medicina de Olinda-FMO e em consultório particular na cidade do Recife, atendendo pacientes portadores de doenças pulmonares. Atualmente é presidente da Sociedade Pernambucana de Pneumologia e Tisiologia em exercício (2020-2021), sociedade que congrega os profissionais desta especialidade no estado, tendo caráter científico e que promove atividades de atualização na área, além de atividades educativas e de auxílio a população no diagnóstico e manejo das doenças pulmonares.