Dr. Álvaro Dantas, entrevistado do livro ''Inspiração Saúde'', explica a relação entre a pandemia e a síndrome do olho seco

Dr. Álvaro Dantas esclarece dúvidas sobre a síndrome do olho seco - Livro Inspiração Saúde

A síndrome do olho seco é a doença ocular mais frequente no consultório oftalmológico, podendo afetar mais de 30% da população, dependendo da idade, sexo e presença de outras doenças oculares ou sistêmicas. 

A doença afeta mais mulheres, especialmente na pós-menopausa, portadores de diversas doenças sistêmicas como síndrome de Sjogren, Artrite, Lúpus, diabetes, usuários de diversos tipos de medicamentos (antidepressivos, anti-hipertensivos, etc), usuários de lentes de contato e, recentemente, percebemos que o uso excessivo de eletrônicos, como computador, tablets e smartphones, está relacionado a uma maior incidência de olho seco, simplesmente porque, quando o usuário está concentrado em alguma atividade visual, pisca os olhos com uma frequência bem menor que a necessária, contribuindo assim para o agravamento da secura ocular. 

Além dos eletrônicos, recentemente com a pandemia ainda em curso, percebemos um aumento da demanda de queixas de olho seco que atribuímos possivelmente ao uso frequente de máscaras, que dependendo do ajuste na face, podem gerar um fluxo de ar da respiração atingindo diretamente sua superfície ocular, aumentando assim o ressecamento. 

Os sintomas nem sempre são fáceis ou tão óbvios como poderia se esperar. É bem verdade que uma parte dos pacientes já se diagnostica com a doença por sentir sensação de secura nos olhos, principalmente ao acordar e quando em ambientes refrigerados, naturalmente mais secos. Queixas essas que se exacerbam nas estações mais secas do ano ou nos que residem em cidades menos úmidas e poluídas. 

Mas além da sensação de secura, muitos pacientes podem apresentar queixas bem variadas, que podem passar desapercebidas, tais como irritação, ardência, vermelhidão, sensação de fadiga ou peso nos olhos, coceira constante, intolerância à lentes de contato, oscilação da visão (momentos com visão boa, momentos com visão menos nítida) ou até mesmo lacrimejamento, justificado pelo fato que, na maioria dos portadores de olho seco, não há deficiência de volume de produção da lágrima, mas sim uma má qualidade. Ou seja, a lágrima de má qualidade produzida não protege a superfície ocular, provocando ressecamento e inflamação, causando assim lacrimejamento, considerado paradoxal. 

A medicina muito evoluiu nesse assunto nos últimos anos. Antigamente, esse ramo da oftalmologia era muito carente de recursos. As técnicas diagnósticas eram escassas e o tratamento, da grande maioria dos casos, era feito apenas com colírios paliativos, na base empírica de tentativas. Quando o paciente não se sentia bem com um colírio, simplesmente tentava outra marca de lubrificante. Hoje é bem diferente e começa no diagnóstico, com diversos recursos tecnológicos para analisar com minúcia o sistema lacrimal de cada paciente, identificando principalmente qual o tipo de carência de cada caso, o que permite o tratamento de forma muito personalizada. 

São três tipos diferentes de olho seco: a deficiência aquosa, quando o volume de produção da lágrima está comprometido; a deficiência qualitativa, também conhecida como olho seco evaporativo, quando o paciente produz um volume adequado, mas de qualidade deficiente; e a deficiência mista. O tipo mais comum é o olho seco evaporativo. 

Nesses casos, encontramos uma deficiência na produção gordurosa das glândulas localizadas nas pálpebras superiores e inferiores (glândulas de Meibomius), fazendo com que a lágrima se torne frágil e instável. Ao contrário de olhos normais, cuja lágrima demora mais de 10 segundos para se romper, tempo suficiente para sua renovação no próximo piscar, quando existe a deficiência gordurosa, a lágrima se rompe em menos de 5 segundos, expondo a superfície ocular aos efeitos de ressecamento do ar e toda reação inflamatória que se sucede. 

Quando falamos sobre tratamento do olho seco, hoje as opções são bem maiores e é justamente essa maioria de pacientes com olho seco evaporativo que mais se beneficiou dos avanços recentes; além de uma variedade bem melhor de lubrificantes, contamos com novas tecnologias que possuem funções anti-inflamatórias, estimulantes e desobstrutivas, podendo aumentar a produção e drenagem gordurosa das pálpebras, melhorando sensivelmente a qualidade da lágrima. São duas principais tecnologias que se somam no efeito: a Luz Intensa Pulsada (IPL), aplicada em 4 sessões a cada 15 dias, associada a uma sessão de drenagem por fisioterapia térmica pulsada (Lipiflow – Johnson&Jonhson, USA). 

No ICONE, a prestação desse serviço foi conceituada, com marca registrada, no que passamos a chamar de Spa da Visão. Em ambiente confortável e acolhedor, semelhante a um Spa de massagem, nosso paciente é submetido as sessões de IPL e Lipiflow. Tratamento que deve ser repetido a cada ano ou se os sintomas retornarem antes do prazo.

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