Inspiração Saúde: Dr. Gustavo Andrade Pipoca esclarece dúvidas frequentes sobre o AVC

Dr. Gustavo Andrade - Pipoca entrrevistado do livro "Inspiração Saúde" - Arquivo pessoal

O acidente vascular cerebral (AVC), popularmente chamado de derrame cerebral, é uma entidade comum no dia-a-dia de qualquer hospital, sempre figurando entre as principais causas de morte e incapacidade no Brasil e no mundo. Em Pernambuco, nos últimos 5 anos, houve um aumento de 200% de internamentos decorrentes de AVC, com cerca de mil mortes anualmente. Há dois tipos de derrame, o hemorrágico e o isquêmico.

O derrame hemorrágico ocorre quando algum vaso intracraniano rompe e leva a um sangramento cerebral. Como não há espaço dentro da rígida caixa craniana, o sangue começa a competir pelo espaço com o cérebro, levando ao sofrimento cerebral. Uma das causas mais comuns são os aneurismas cerebrais, que são dilatações vasculares com fragilidade da parede e propensão à ruptura e hemorragia.

O derrame isquêmico ocorre quando há oclusão, fechamento de um vaso cerebral, comprometendo a oxigenação, a irrigação, daquele território cerebral que irá perder sua função e, em poucas horas, irá enfartar e morrer. Este tipo de derrame é bem mais comum e pode ocorrer em qualquer idade, sendo mais comum nos idosos. Quando ocorre em jovens, geralmente são por doenças cardíacas ou dissecções vasculares por atividades e exercícios mal orientados. Nos mais velhos, a causa é por doença ateromatosa, ou seja, acúmulo de gordura e cálcio dentro dos vasos. Nestes, evitar o sedentarismo, controle glicêmico e pressórico, além das taxas de colesterol e triglicerídeos é importante para redução de risco de AVC. 

Os sintomas são muito variados, pois depende de qual região foi afetada. Por exemplo, no caso de uma oclusão da artéria que iria para a área motora do lado direito do cérebro os sintomas predominantes serão a fraqueza de todo o lado esquerdo do corpo. O que chama sempre a atenção é o início agudo dos sintomas. O aparecimento é instantâneo, súbito, ressalta o Dr. Gustavo Pipoca. No derrame hemorrágico, causado pela ruptura do aneurisma cerebral, a cefaleia é súbita, muito intensa, diferente de qualquer outra que a pessoa tenha tido, geralmente relatada pelo paciente como “a pior dor de cabeça da vida”. Além da intensa cefaleia, vômitos e rigidez do pescoço ou nuca, são marcantes. Em qualquer caso de derrame, a sonolência é um sintoma preocupante, indica maior gravidade.

O diagnóstico é realizado pelo médico neurologista ou neurocirurgião na emergência e confirmado pela tomografia ou ressonância, que devem ser feitas imediatamente. Isto já demonstra a importância de uma estrutura hospitalar completa para o tratamento destes pacientes. Uma vez confirmado o diagnóstico do derrame e o tipo, estes pacientes podem ser encaminhados imediatamente à hemodinâmica. Neste setor, realiza-se o cateterismo cerebral através da perna (artéria femoral) e tratamento específico, incluindo a embolização do aneurisma que sangrou, ou retirada do coágulo que entupiu o vaso (trombectomia). Esta última etapa conta com a Radiologia Intervencionista, especialidade médica moderna, pouco conhecida, a que o Dr. Gustavo se dedica há 18 anos. “Somos capazes de fechar o vaso que está sangrando ou alimenta um tumor, podemos abrir o vaso que estava fechado causando isquemia, além de entregar medicamentos diretamente no órgão, implantar dispositivos, através de punção e cateterismo da perna, tudo de forma minimamente invasiva” afirma o especialista com entusiasmo. 

A medicina passou séculos sem conseguir oferecer um tratamento efetivo e seguro para o AVC isquêmico, tentava-se apenas recuperar as sequelas com início precoce de fisioterapia, fonoaudiologia, entre outros. Apenas no século XXI, quando o paciente é diagnosticado nas primeiras horas, consegue-se recanalizar o vaso fechado e reverter os sintomas, isso em grandes centros onde há todos os profissionais e equipamentos disponíveis. O tempo entre o início dos sintomas e o tratamento é muito curto, sendo fundamental a chegada imediata do paciente à uma unidade de referência para que tudo seja ágil e eficiente, sem perda de tempo com burocracia ou inexperiência.  “Recife é muito bem equipado e com excelentes profissionais, já temos protocolos de AVC há mais de 15 anos em grandes hospitais” ratifica Dr. Gustavo.

Outro aspecto importante é a prevenção do AVC isquêmico, mais comumente causado por doença ateromatosa. Assim como praticamente todas as doenças cardiovasculares, o controle das taxas de glicose, gordura, exercícios bem orientados e exames periódicos podem reduzir, consideravelmente, o risco e prevenir esta importante causa de mortalidade e sequelas. Em pacientes com placas de gordura nos vasos, pode-se realizar cirurgia ou colocar stents (pequenos tubos metálicos) para restabelecer o fluxo e evitar o entupimento. 

AVC hemorrágico
Ocorre pela ruptura de um vaso sanguíneo intracraniano. Consequência de um AVC
- Diminuição ou perda do movimento
- Visão dupla ou com campo incompleto
- Dificuldade em falar e escrever
- Alteração na atenção, memória, raciocínio
- Depressão e ansiedade

AVC isquêmico
Ocorre pela oclusão de um vaso sanguíneo que irriga o cérebro. 
Sintomas de um AVC (sempre de início súbito)
- Alteração de movimento em parte do corpo
- Dificuldade para falar ou entender
- Alterações de visão
- Tontura ou falta de equilíbrio
- Náusea e vômitos com rigidez da nuca (hemorrágico) Prevenção
- Atividade física regular
- Alimentação saudável
- Controle glicêmico, pressórico e das gorduras
- Não fumar
- Exames e acompanhamento médico periódicos

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