No novembro azul, Filipe Tenório, do Santa Joana Recife, fala sobre técnica que ajuda no tratamento de homens inférteis
A falta de informação e o preconceito são algumas das razões que levam o público masculino a deixar de lado procedimentos simples, rápidos, indolores e fundamentais para identificar doenças. Porém, é relevante conscientizar os homens quanto à importância de cuidar da saúde. Os cuidados que o homem moderno tem de ter com relação a infertilidade, que afeta milhões em todo o mundo.
Para tratar desse problema, uma nova técnica foi desenvolvida na China: a vesiculoscopia seminal com laser, que poucos médicos no mundo dominam. Este é um procedimento minimamente invasivo e avançado que é utilizado no tratamento em pacientes inférteis ou que apresentam sangramento durante a ejaculação devido a obstrução dos ductos ejaculatórios.
A técnica é recente, por isso, eu e o médico Eduardo Miranda fomos convidados pela Associação Americana de Urologia para falar sobre o procedimento na revista AUANews, que pertence à Sociedade Americana de Urologia. O relato de caso é de um paciente que fez o tratamento para fertilidade e presença de sangue no sêmen. Descobrimos que ele tinha uma obstrução dos ductos ejaculatórios, que são os que transportam o sêmen durante a ejaculação." relata Dr Filipe Tenório.
Poucas pessoas conseguem fazer o diagnóstico dessa patologia, que apresenta um tratamento difícil. Aqui no Recife, já estamos utilizando essa técnica no Centro de Cirurgia Minimamente Invasiva, do Hospital Santa Joana Recife, o que vem possibilitando a recuperação de muitos pacientes. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 7% dos homens são inférteis no mundo.
A técnica utiliza aparelhos endoscópicos com o objetivo de ter acesso ao ducto ejaculatório, através da uretra do paciente. O método é muito interessante e possui um resultado bom, já que o paciente tem alta hospitalar mesmo dia. É rápido e tranquilo, além disso, não precisa usar sonda e a recuperação é acelerada.
É usado um aparelho de endoscopia urinária bem fino, que é chamado de ureterorrenoscópio. A cirurgia é através de sedação, na qual é introduzido esse aparelho pelo canal da urina do homem, permitindo chegar em um nível perto da próstata. Dessa forma, é possível identificar os orifícios do ducto ejaculatório. Para isso, é utilizado um fio guia e, com isso, nortear a entrada do aparelho.
Quando entramos com o aparelho dentro do ducto, que é bem estreito, já conseguimos dilatá-lo. Geralmente, encontramos cálculo e sêmen antigo acumulado, drenamos o sêmen e usamos laser para quebrar os cálculos e desobstruir o paciente. É relativamente simples, mas por usar aparelhos delicados e tecnologia avançada, se torna um pouco complexa. A patologia é rara e ocorre em 5% dos homens inférteis.
*Filipe Tenório – Urologista do Hospital Santa Joana Recife
Formado em medicina pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o urologista é especializado em microcirurgia, infertilidade masculina e saúde sexual. É um dos pioneiros de Pernambuco a concluir especialização formal no segmento. Filipe é mestrando em Cirurgia pela UFPE, e desenvolve pesquisas na área de infertilidade masculina na UFPE, no IMIP e na Weill Cornell Medical College (WCMC), renomada universidade em Nova Iorque, nos Estados Unidos, onde também atuou como instrutor de cursos de Microcirurgia. O especialista também se destaca na área acadêmica com artigos científicos publicados em revistas internacionais e por realizar palestras em vários congressos pelo mundo. É membro da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), da Associação Americana de Urologia (AUA), da Sociedade Internacional de Medicina Sexual (ISSM) e da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM).