Logo Folha de Pernambuco

Recife em 5 Séculos: Da Resistência à Diversidade - Uma Jornada Imperdível

Capitulo Joia Nordestina - Inspiração Recife

Vista para o bairro de Santo Antônio, década de 1940 - Alexandre Berzin/Acervo MCR.

Em  nosso livro, Inpiração Recife além de explorarmos histórias inspiradoras das empresas parceiras, também contamos com a ajuda de profissionais, históriadores e geografos para contar a história da nossa amada cidade. Desfrute agora de trechos que estarão no capitulo Joia Nordestina.
 

Fundada no dia 12 de março de 1537, a cidade do Recife é uma das mais antigas do Brasil e surgiu como Ribeira de Mar dos Arrecifes, uma praia de pescadores e ancoradouro, local de encontro das águas do mar e dos rios Beberibe e Capibaribe.

Arrecifes, final do século XIX


Recife se tornou a principal cidade da Capitania de Pernambuco e foi reconhecida em todo o mundo devido a sua cultura de cana-de-açúcar. Seu protagonismo econômico chamou a atenção dos europeus que dominaram a região de 1630 a 1654.
Planta da Cidade Maurícia, 1698.


Durante o domínio da Holanda, Recife foi chamada de Mauritsstad (Cidade Maurícia), em homenagem ao ex-governador holandês no Brasil, Maurício de Nassau. A influência da história do Brasil Colônia pode ser testemunhada até hoje nas ruas da cidade através dos seus antigos casarios. Percebe-se a atuação dos povos europeus em cada traçado, com destaque para os desenhos da arquitetura eclética e neoclássica.
Os povos europeus coabitaram o Recife durante os seus mais de quatro séculos de existência. Portugueses, holandeses e franceses contribuíram para a construção cultural da cidade e, por isso, o Recife se tornou um lugar onde é possível desfrutar de um pedaço da história da Europa dos séculos XIX e XX.
A cidade se desenvolveu em meio aos rios, e, por isso, um dos traços mais marcantes da invasão dos holandeses foi a formação dos sistemas de urbanização tradicionais dos invasores, sobretudo na construção das pontes que hoje estão localizadas na região central. Foram essas pontes históricas e os cruzamentos de rios que concederam ao Recife as alcunhas de “Veneza brasileira” e “Florença dos trópicos”.

Atual Ponte Maurício de Nassau, é possível visualizar o edifício da Alfândega e Igreja da Madre de Deus ao fundo, 1878.
 

No Bairro do Recife foi instalado o primeiro porto de Pernambuco. Ainda no século XVII, esse lugar passou pela sua primeira transformação com a presença holandesa. A quantidade de construções foi ampliada, aterros foram realizados, o chão da cidade cresceu. As mudanças em relação à paisagem logo se fizeram perceber: uma cidade europeizada, com sobrados esguios, que poderia até lembrar Amsterdam. Com o passar dos anos, muitas transformações ocorreram, mas foi nas primeiras décadas do século XX, precisamente a partir de 1909, que o bairro — também nomeado como Recife Antigo — teve a sua maior reforma, inspirada nos projetos urbanísticos realizados em Paris durante o século XIX. A partir desse momento, o Bairro do Recife passou a ver crescer os edifícios com os quais hoje nos deparamos, foi uma iniciativa de modernização da cidade.


Pioneira no setor de comércio, Recife foi intitulada como “a capital holandesa” em 1630 e, desde então, devido à intensa atuação dos comerciantes no início do século XVIII — conhecidos na época como “mascates” —, é protagonista do ramo no país. O forte comércio foi responsável por elevar Recife à categoria de vila em 1709, ano em que a cidade recebeu a nomeação que possui atualmente.

Venda no Recife, 1835.

A proximidade com o porto e a instalação de uma alfândega no século XIX elevaram o Recife à categoria de cidade em 1823, e poucos anos depois, em 1827, recebeu o título de capital de Pernambuco.
O governo de Francisco do Rego Barros, conhecido como Conde da Boa Vista, teve início em 1838 e foi um período de bastante progresso na cidade. A administração foi responsável pela realização de diversas obras e edificações, como a construção do Teatro de Santa Isabel, além de estradas, pontes e sistemas de abastecimento de água.
A capital também foi palco de diversos embates históricos que estampam os livros de História. Entre eles, a Insurreição Pernambucana (1645-1654), responsável pela expulsão dos holandeses de Pernambuco, e diversos movimentos separatistas e anticoloniais que foram pioneiros na luta abolicionista no Brasil, como a Revolução Pernambucana (1817), a Confederação do Equador (1824) e a Revolução Praieira (1848-1850).

Benção das Bandeiras ocorrida durante a Revolução Pernambucana de 1817, início do século XX.

Antes da colonização, o Recife era habitado pela nação indígena Caeté, cujo território se estendia da Paraíba até o Rio São Francisco. A baía do Rio Capibaribe, que corta a cidade, servia de lar para as aldeias, que foram dizimadas durante o período da colonização. 
Apesar do massacre contra a população indígena protagonizado pelos europeus, até os dias atuais é possível perceber a influência da cultura dos povos originários no Recife. Quer seja na culinária, na tradição pesqueira, no artesanato ou nas manifestações das culturas populares, o traço indígena da formação da capital pernambucana segue presente e pulsante.

Brincante de Caboclinho, década de 1940.


Atualmente, Recife é a cidade mais populosa de Pernambuco e a terceira do Nordeste. Nacionalmente, é a nona mais povoada do país, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Junto com os municípios que formam sua região metropolitana, Recife é uma das principais aglomerações urbanas do Brasil e, também, uma das mais urbanizadas.
A capital pernambucana apresenta taxas consistentes de crescimento populacional, que são fomentadas pela forte atração da população do interior do Nordeste. A formação da população recifense está ligada às origens pernambucanas e brasileiras, que é fruto da miscigenação entre os grupos étnicos que constituem a base populacional do país: europeus, indígenas e africanos.

 

Da Vanguarda Econômica à Magia Turística
Vista aérea do Recife.

O ímpeto de liderança é marca registrada do Recife e apresenta uma tendência de crescimento ao longo da história. A cidade dispõe de atrativos que a caracterizam como um centro estratégico de investimento na região Nordeste. Além de sua localização privilegiada, com outras sete capitais a um raio de 800 km de distância, Recife está próxima a dez portos e sete aeroportos internacionais.
Abrigando múltiplas indústrias de diversos setores, atualmente o Recife é sede do maior parque tecnológico do país, o Porto Digital, e é considerado como o Vale do Silício brasileiro. Com mais de 15 mil profissionais atuando em mais de 300 empresas de tecnologia, o Porto Digital integra um forte ecossistema de inovação, e é um centro de formação responsável por conceder à capital o título de cidade brasileira com maior número de estudantes de Tecnologia da Informação per capita.
Empresas de diversos portes compõem o ecossistema do Porto Digital: de startups a multinacionais. Esses empreendimentos da área de tecnologia e inovação geram um faturamento anual bilionário, e a área já é considerada o terceiro maior setor de serviços na capital pernambucana. Além disso, o Recife é responsável por gerir o segundo maior polo médico do Brasil.
A grandiosidade do Recife também está expressa em sua Região Metropolitana, um núcleo urbano composto por outros 13 municípios. Segundo dados do IBGE, o Recife tem o Produto Interno Bruto (PIB) mais elevado de Pernambuco e sedia o aglomerado urbano com o maior PIB da região. Devido à sua importância econômica, a cidade é conhecida por muitos como “a capital do Nordeste”.
No ano de 2022, o Recife ocupou o primeiro lugar no Ranking de Competitividade dos Municípios entre todas as cidades do Nordeste. O índice, realizado pelo Centro de Liderança Pública (CLP), revela o desenvolvimento de líderes públicos e o engajamento de diversos atores da sociedade para a construção de um Estado capaz de entregar serviços públicos de qualidade e de forma sustentável.
Além de ser a primeira do Nordeste, Recife é a única cidade da região entre os 100 municípios mais competitivos do Brasil. A capital pernambucana também ocupa o quarto lugar nacional entre Capitais de Recursos para Ciência e Desenvolvimento Científico.
O Recife é ainda a melhor cidade do Nordeste no Índice de Cidades Empreendedoras. O ranking feito pela Escola Nacional de Administração Pública (ENAP) em parceria com a organização voltada para o estímulo ao empreendedorismo Endeavor demonstra quais são as cidades mais indicadas para quem quer investir em um novo negócio ou em uma expansão. O resultado é obtido através da análise de diversos parâmetros, como capital humano, cultura empreendedora e ambiente regulatório.
Os índices resultam da diversidade econômica da cidade, que é fortemente dominada pelo setor terciário, com as atividades de serviços, administração pública e comércio, mas que também conta com uma parte expressiva nos setores de construção civil e da indústria de transformação.
O Recife também possui um dos melhores aeroportos do mundo. De acordo com o ranking da AirHelp baseado na experiência dos passageiros, em 2022, o Aeroporto Internacional do Recife/Guararapes - Gilberto Freyre foi considerado o segundo melhor aeroporto do mundo. O campo de aviação é porta de entrada e conexão fundamental com as potências econômicas de todo o mundo, além de contribuir para o fato de Recife ser um dos destinos mais escolhidos pelos turistas brasileiros.

Um convite à contemplação 

Vista aérea do bairro de Boa Viagem.
O forte caráter histórico e as belas paisagens naturais do Recife atraem milhares de turistas para a cidade. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis em Pernambuco (ABIH-PE), a cidade conta com mais de 17 mil leitos disponíveis.
Recife foi reconhecida como destino turístico seguro, com o Selo Safe Travels, do Conselho Mundial de Viagens e Turismo, chancelado pela Organização Mundial de Turismo. O título foi criado pela organização para dar mais confiança aos viajantes e impulsionar o turismo no mundo inteiro. O certificado é direcionado a destinos globalmente populares que se adequam aos protocolos que garantem a recepção segura dos turistas.
O ponto forte do turismo no Recife são as praias, devido ao clima tropical úmido privilegiado da capital pernambucana, que garante altas temperaturas e sol em boa parte do ano, e à sua localização central e próxima a diversos municípios litorâneos. A cidade é banhada pelo Oceano Atlântico e está situada em uma zona de relevo formada por planícies que são fruto de um processo constante de deposição de sedimentos realizada pelo mar e pelos rios, e, por isso, o relevo da cidade é predominantemente plano. Dentre os seus principais afluentes, destacam-se os rios Capibaribe, Beberibe e Tejipió.
A vegetação do Recife é predominantemente de Mata Atlântica, mas também há fragmentos de vegetação litorânea nas áreas banhadas pelo oceano, como os mangues. O verde local é mais um atrativo para os turistas, que podem desfrutar dos parques e praças da cidade. Além disso, a capital pernambucana possui cerca de 25 unidades de preservação ambiental com espécies nativas dessas formações vegetais.
Por ser também uma área portuária, o Recife atrai muitos viajantes estrangeiros, que aproveitam a proximidade do porto com o centro histórico da cidade para realizar passeios que podem ter curta ou longa duração. A beleza urbana da cidade — que carrega parte da história e as influências arquitetônicas da Holanda e de Portugal — é encantadora, e a prova disso é que a Rua do Bom Jesus, uma das mais famosas do centro da cidade, foi eleita a terceira rua mais bonita do mundo pela revista americana Architectural Digest.

Rua do Bom Jesus.

Diversos pontos turísticos da capital estão localizados no Recife Antigo, como o famoso Marco Zero, com uma praça situada em uma área portuária da cidade e uma paisagem que une natureza e história. O local foi batizado originalmente como Praça Barão do Rio Branco, todavia ficou conhecido como Praça do Marco Zero pelo fato de que ali se encontra o quilômetro zero das estradas de Pernambuco.
Na região também estão os museus Cais do Sertão e Paço do Frevo, que contam um pouco da formação histórica e cultural da cidade. No centro do Recife também é possível desfrutar do projeto “Circuito da Poesia”, que consiste em um itinerário cultural que passa por 18 esculturas erguidas ao ar livre para homenagear escritores, poetas e músicos que marcaram a história da cidade.
A estratégia da capital pernambucana de conciliar passado, presente e futuro em seus projetos turísticos concedeu ao Recife o título de Destino Turístico Inteligente em Transformação. O mérito foi atribuído em 2022 pelo Ministério do Turismo e caracteriza a cidade como um destino turístico que gerencia os processos em seu território de forma inovadora e sustentável, em comprometimento com os pilares que impactam positivamente na qualidade de vida de moradores e turistas.

Praça do Marco Zero.

O Recife também integra a Rede Internacional de Turismo Criativo (Creative Tourism Network), organização internacional responsável pelo desenvolvimento do turismo criativo em todo o mundo. O título aponta que a cidade é um destino onde o viajante consegue entender a cultura local através da participação em atividades artísticas e criativas junto aos moradores, possibilitando, assim, uma cocriação de experiências.
 

 

Veja também

Newsletter