Usina Petribu: potência pernambucana
Registrada como a mais antiga usina de cana-de-açúcar em funcionamento contínuo no mundo, a história da Usina Petribu é marcada por séculos de tradição e inovação. O negócio, que começou como um engenho familiar em 1729, transformou-se em um dos principais players da economia de Pernambuco, tendo como missão principal produzir sempre o melhor açúcar, etanol e energia com lucratividade, humanização, ética e sustentabilidade.
O início dessa trajetória inspiradora data de meados do século XVIII, quando Cristóvão Cavalcanti de Albuquerque mudou-se da região de Igarassu, onde sua família já se dedicava à produção de açúcar desde o período Colonial, para desbravar o interior do estado, fixando-se às margens do Rio Capibaribe, na região da Zona da Mata Norte de Pernambuco.
O pedaço de terra escolhido era conhecido como “potyraybu”, cujo nome, originário do tupi-guarani, significa “nascente de águas claras”. Neste ponto, Cristóvão ergueu um engenho pequeno e rudimentar, feito de madeira e movido por força animal. O jovem pioneiro começou, então, a comandar a fabricação de açúcar bruto e, na fala popular, o local logo ficou conhecido como “Engenho Pitribu”.
Gerações nasceram e cresceram nessas terras, trabalhando para a consolidação do negócio. Com o tempo, seu nome passou a ser escrito como “petribu” e se tornou tão forte que, em 1911, o quinto descendente de Cristóvão Cavalcanti de Albuquerque, o Coronel João Cavalcanti de Albuquerque, passou a adotá-lo também como sobrenome, com registro oficial em cartório.
Empresário nato, arrojado e corajoso, o Coronel não tinha medo de correr riscos. Com o advento da era industrial, resolveu transformar o engenho em uma usina movida a vapor e importou da Europa as máquinas necessárias para tal empreitada. Também construiu uma pequena malha ferroviária, tendo como objetivo absorver as canas provenientes de outros engenhos que ainda não haviam sido modernizados.
Assim, em 29 de setembro de 1909, a primeira safra sem o uso de animais para o acionamento das moendas foi iniciada, marcando uma nova era para a empresa familiar. Nascia a Usina Petribu.
Legado centenário
Tendo herdado do pai o gosto pela terra, Paulo Pessoa Cavalcanti de Petribu, filho de João Cavalcanti de Petribu, deu continuidade ao legado da família e ajudou a estruturar a usina. Em 1953, em uma decisão arriscada, comprou a parte dos irmãos na sociedade e começou a tocar o empreendimento sozinho. À época, o negócio estava em uma situação difícil, mas Paulo não desistiu do legado iniciado por seus antepassados.
A aposta deu certo, mas não sem muito trabalho, esforço e dedicação. Sob o comando do empresário, a Usina Petribu saiu da 42ª colocação no estado em termos de produção para se situar entre os maiores produtores de Pernambuco e o principal empregador da Zona da Mata Norte.
Seguindo a tradição familiar, Jorge Petribu, o caçula dos oito filhos de Paulo, iniciou sua carreira profissional aos 18 anos, já atuando na usina. Estudou Química Industrial e assumiu, em 1995, a presidência do grupo, dando continuidade ao legado de seu pai com visão empreendedora, diversificando e inovando o portfólio de produtos da indústria.
Foi em 2001, durante a sua gestão, que Daniela Petribu Ribeiro Oriá, a oitava geração, começou a atuar na empresa como gerente financeira. O pulso forte e a experiência adquirida no setor sucroalcooleiro ao lado do tio alçaram a executiva, em 2014, ao posto de diretora presidente, tornando-a a primeira mulher a assumir a presidência de uma usina no Nordeste.
Diversificação nos negócios
Estando atualmente sob o comando de Daniela e tendo Jorge Petribu como presidente do Conselho de Administração, a Usina Petribu atua nacionalmente nos setores agrícola, industrial e comercial e tem como carro-chefe a fabricação de açúcar, álcool, energia e CO2. Em seus mais de 22 mil hectares de área, aproveita todos os subprodutos da cana, tendo como meta o lançamento anual de pelo menos dois novos produtos feitos a partir da matéria-prima.
A Usina Petribu produz açúcar para exportação e venda doméstica, tanto para indústrias quanto para o varejo, nas versões cristal, refinado, demerara, triturado, mascavo, refinado especial e glacê, sendo a empresa que produz a maior variedade do derivado da cana no Nordeste. Seu açúcar industrial, com granulometria específica, é feito sob medida para as necessidades das grandes produtoras de bebidas e alimentos, dentro e fora do país, principalmente nos mercados americano, europeu e asiático, onde chegam por meio de trades de venda.
Linha completa de álcool saneante
Já a produção de etanol é mais recente, iniciada em 1917. Na década de 1970, a usina embarcou no Proálcool (Programa Nacional do Álcool) para aplicação como combustível veicular, anidro e hidratado. Sua capacidade instalada para a produção diária de etanol é de 200 mil litros, podendo atingir uma produção de até 40 milhões de litros por safra. Desde 2018, estendeu para o varejo com vários tipos de álcool, desde o saneante, usado na limpeza geral e conservação de ambientes, até o hospitalar.
Toda a produção da Usina Petribu é realizada em seu parque industrial, localizado em Lagoa de Itaenga, incluindo o envase e a rotulagem, e passa por um rígido sistema de gestão de segurança que atende aos requisitos legais e padrões de qualidade exigidos por clientes nacionais e internacionais.
A usina tem capacidade para moagem de um 1,7 milhão de toneladas de cana e três milhões de sacos de açúcar por safra, que vai de agosto até o final de fevereiro. Sempre em março, a empresa realiza a manutenção da usina, finalizada em julho, dando início a um novo ciclo. A cada safra, são empregadas cerca de 5.300 pessoas. Nas entressafras, 3.500 empregos são gerados pela empresa.
Cuidado com o meio ambiente
Ao longo dos anos, o crescimento sustentável se tornou uma das maiores ambições da Usina Petribu. Prova disso é a instalação, em suas dependências, da termoelétrica Itaenga, com capacidade instalada de geração de 72 megawatts de energia limpa, proveniente da biomassa da cana-de-açúcar.
Além de atender toda a demanda necessária para a produção da empresa durante o período da safra, a termelétrica ainda comercializa a energia excedente para o mercado, minimizando a emissão de gás carbônico no meio ambiente.
Barragem de Curtume
Em 2015, a Usina Petribu foi a primeira da Zona da Mata de Pernambuco a substituir uma parte do seu canavial por um sistema de eucaliptocultura.
O eucalipto plantado também pode ser utilizado como combustível de biomassa pela termoelétrica Itaenga para produção de energia.
Educação como base
Além do forte senso de cuidado com o meio ambiente, o olhar atento para os seus trabalhadores e para a comunidade do seu entorno também está no DNA da Usina Petribu. Durante a pandemia, distribuiu cestas básicas para a população das cidades vizinhas e álcool 70% para os funcionários, órgãos públicos e equipamentos de saúde. A usina era a única de Pernambuco habilitada pela Anvisa a produzir o álcool 70%.
Entre os seus valores sociais mais antigos e importantes está o incentivo à educação. Prova disso é que, desde a transição de engenho para usina, a empresa mantém em suas dependências uma escola, batizada em homenagem à Josepha de Petribu, esposa do Coronel João de Petribu.
A instituição de ensino básico disponibiliza alimentação, assistência médica e odontológica, fardamento, livros, aulas de música, informática e práticas agrícolas para mais de 300 alunos, filhos dos funcionários da empresa. Desde a sua fundação, já passaram pela escola mais de 18 mil alunos. Uma contribuição imensa para o desenvolvimento da região onde está inserida.
A empresa também realiza diversas ações sociais nas comunidades do seu entorno, como a instalação de creches, academia de ginástica e quadra poliesportiva; trabalha em prol de programas de incentivo ao esporte, tendo formado, inclusive, um grupo de corrida de rua composto por funcionários; atua pela redução do analfabetismo e incentiva o voluntariado atuante dos seus colaboradores. Além disso, apoia iniciativas como o EJA – Educação para Jovens e Adultos, reforçando a importância da educação para um futuro melhor.
E é com otimismo que a Usina Petribu se prepara para este futuro, ancorada por valores que estão em sua essência há séculos, como honestidade, respeito, liberdade, trabalho em equipe, responsabilidade social e competitividade. Também segue firme em seu propósito de se manter como uma empresa rentável e inovadora, que fabrica produtos com alta qualidade, tecnologia, valor agregado e produtividade, a fim de atender as demandas atuais do mercado, mas sem comprometer a qualidade de vida das gerações que estão por vir.
Este conteúdo, disponibilizado publicamente em parceria com a Folha de Pernambuco, foi desenvolvido com exclusividade pela equipe da Editora Inspiração para o livro Inspiração Pernambuco, com breve lançamento para 2022.