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A carta de compromisso pela redenção econômica ou a carta de identidade pela composição ideológica?

O desafio histórico de Lula e o dilema do pêndulo num eventual terceiro governo

Nos textos anteriores, procurei ter o cuidado analitico de expor os ambientes econômicos e políticos nos dois governos do Presidente Lula. O que se pode extrair de ambos como experiências reais são dois contextos bem distintos. Cabe-me explicá-los melhor.

O momento Lula 1, do seu primeiro mandato, trouxe algo inédito. No primeiro triênio de governo, houve uma insólita aproximação entre o técnico e o político. A carta apresentada à sociedade brasileira, ainda no clima de campanha eleitoral, não ficou em promessa estéril. Houve um claro entendimemro convergente no sentido de se buscar a estabilidade do plano real, mesmo que em circunstâncias de adversidades. Isso impunha à equipe econômica do Presidente Lula uma estratégia de enfrentanento do descontrole das contas publicas. O acordo foi honrado, de tal sorte que os sinais de um pacto entre o proposto pelo  time de FHC e o que foi considerado pelo governo Lula foram mesmo evidentes. Foi um triênio de ajustes e êxito, interrompido por pressões políticas distintas (por ideologia ou desgaste) e que serviram para bloquear o pacto e promover a inflexão, tanto na ação política, como na econômica.

Essa ruptura, consolidada no último ano do primeiro governo, garantiu as bases para o momento Lula 2. Uma mudança de postura na política e economia. Dai, até o governo Dilma, o que se assistiu foi uma opção clara em favor de um modelo que apelou para uma ideia de desenvolvimento social, cuja força motriz estava naturalmente amarrada à  expansão dos gastos públicos. A própria circunstância de picos de melhora de desempenho naquele período jamais foi vinculado aos esforços anteriores em favor do controle das contas públicas. 

Em síntese: na junção dos momentos Lula 1 e Lula 2, assistiu-se a uma clara inversão no discurso político. Enfim, o presidente se rende aos compromissos da carta numbmovimento pendular para o centro, embora após 3 anos recue dessa decisão. O pêndulo volta às suas origens, fazendo valer a carta que estabelece os princípios da ideologia partidária.

Diante de tal comportamento, o que se pode esperar do protagonismo da candidatura que hoje, desponta nas pesquisas, 20 anos depois? Ou melhor: e agora Lula? Uma vez que as condições econômicas parecem bem mais deterioradas. Que o quadro de falência social é bem mais dramático. Que os efeitos de uma pandemia devastadora são um fato. E que as perspectivas externas de crescimdnto não se revelam passíveis. A pergunta que não quer calar neste momento se desdobra em três direções. Ou seja, num eventual momento Lula 3: 

a) repete-se o filme 5híbrido, de primeiro tentar controlar as contas públicas e depois pisar no acelerador? 

b) Considera-se a sustentação numa nova gestão, o que foi o triênio do momento Lula 1? 

c) Assume-se o preceito básico da "carta partidária" e faz-se um governo à semelhança do momento Lula 2, com a repetição da fase Dilma ?

No momento, o que se percebe é uma demonstração do candidato de querer levar o pêndulo mais para o centro. Daí se observa a intenção de compor com Alckmin para a vaga de vice. Isso serve para equlibrar o discurso, num gesto parecido com a carta de 2002. Mas, tal movimento não expressa  garantias. Nem para quem deseja um olhar mais atento para o controle macroeconômico. Nem para os que, noutra linha, fazem pressão política contrária.

Portanto, é preciso saber qual Lula o próprio Lula irá se revelar. Afinal, a experiência passada exprimiu dubiedade na postura. Enquanto protagonista de uma disputa agora, só  restam dúvidas pairando no ar. O certo mesmo é que a crise socioeconômica e politica se mostraram bem mais graves e que o ambiente externo não contribui em nada.

As eleições deste ano trazem muitas diferenças. A conferir.

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