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A Dignidade Humana Comprometida pela Política Econômica

O Quadro da Fragilidade Social de 2022 Ficará Registrado na História

Que destino pode ter uma política pública se preceitos básicos de humanismo não são relevados? Quais os limites éticos de quem a executa, diante de um deficit de tolerância com a falta de dignidade? Mesmo sob efeito de algum sortilégio extravagante, o que significa tratar políticas e pessoas com tanto desrespeito? Afinal, a instauração do ódio separatista nas relações socioeconômicas só têm trazido instabilidades. E foi o grande e infeliz marco de 2022. Por mais que os espasmos cíclicos da nossa economia e algo da grandeza avassaladora de uma pandemia tivessem lá seus efeitos desfavoráveis. 

 

Claro que algumas agruras já estavam antecipadas pelos novos tempos, pautados por situações extremas, que se imaginavam fora do contexto. O que dizer do lado malévolo das redes sociais, que reproduziram mentiras, negacionismos e supremacismos opressores? Uma miríade de tolices que se fez firme a atuante, que foi capaz de deixar as políticas econômicas e sociais em constante estado de turbulência.

 

Num plano geral, 2022 foi aquele exemplo de ano que merece o devido esquecimento. Nada a dizer setoriamente, por exemplo. Que avanço se pode registrar na educação, eixo vital de um modelo que logo se revise, para efeito de um desenvolvimemto sustentável? O que se pode extrair do fiasco que foi a saúde pública, depois da gravidade causada pela pandemia? E no meio ambiente, que avanço por registrar? Até que ponto o negacionismo dirigido à ciência e tecnologia explica o desprezo pelas politicas publicas a elas direcionadas? E como arremate final, por que o ódio dirigido aos artistas e realizadores culturais contribuíram para a destruição de um setor que possui tanto ou mais dimensão econômica, que outros tratados por prioridades de vieses ideológicos?

 

Nesse desmantelo socioconômico geral, não dá também para esquecer de manifestações que serviram como "piadinhas de mau gosto", sobretudo, quando o assunto era associado à pobreza. Que tal aquela, cujo questionamento sobre "empregadas domésticas na Disney", deu provas da extensão do supremacismo, ditado pela amplitude dos preconceitos (de renda e de cor)? E aquela outra de que a "pandemia traria algum benefício para a crise previdenciária, na medida em que muitos velhos viriam a óbito"? 

 

De fato, a "porteira foi mais aberta do que se pensava", posto que operou a favor do maior número de atitudes autoritárias e ignorâncias abertas, consideradas as boas lembranças de situações históricas, onde exercícios democráticos sempre foram práxis.

 

Por fim, minha palavra final traz à tona um sentimento que já expressei aqui na coluna, por algumas vezes. Preciso repeti-lo tamanha foi a demonstração da grandeza do problema social. Refiro-me à amplitude da insegurança alimentar, que trouxe o Brasil de volta para o mapa da fome. A dureza do quadro e a estupidez no trato, deixam-me incomodado como economista e cidadão.  Aceitar passivamente esse erro, em qualquer circunstância de política pública, é algo vergonhoso. O mínimo de dignidade humana não condiz com o absurdo irracional de se assistir ao drama da fome e contra ela pouco ser feito. 

 

É preciso avançar nos padrões de respeito e dignidade para todas as formas de exclusão  social. Só assim a humanidade terá o reconhecimento que merece. Bem longe do que se viu em 2022.

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