A educação como catalisador do desenvolvimento regional
Um dos principais aspectos da proposta da geração de empregos prevista pelo GTDN está na subestimação da educação como instrumento de qualificação da mão de obra. Claro que, no curto prazo, a questão do enfrentamento do desemprego e o esforço por minimizar a emergencialidade das frentes de trabalho foram pontos tratados pela linha de combate mais imediata. No entanto, não houve em paralelo um esforço adicional, em termos de política social, que desse protagonismo a educação.
Nessa visão mais ampliada, é natural que se reconheça o mérito de uma política de investimentos, que pelo apelo dos incentivos fiscais, proporcionou a chegada do capital industrial. E, ao longo do tempo, esse esforço se traduziu na geração de milhares de empregos dentro da área geográfica de cobertura da SUDENE. Essa dinâmica, porém, não impede que se considere, no mesmo período, a considerável perda de postos de trabalho, seja pelas crises cíclicas, como pelo aspecto da evolução da inovação tecnológica. Neste caso, com a perda de empregos que exigiam maior grau de qualificação da mão de obra. Vale dizer, que esse contexto tem validade até os dias de hoje. Foi muito além do velho diagnóstico do documento do GTDN.
Foi com essa percepção, que na minha passagem recente pela Presidência da Fundação Joaquim Nabuco tomei junto com minha equipe a decisão por priorizar a Educação, como foco de pesquisas.
De fato, considerada a vinculação orgânica da Fundação Joaquim Nabuco, nossa Diretoria tomou a iniciativa de se articular dentro do Ministério da Educação (principalmente, com o FNDE) e fora dessa órbita, com os órgãos que compõem a estrutura de planejamento regional: a SUDENE e o BNB.
Nesse esforço, a ideia motivadora seria fortalecer as ações do FNDE na região, através da disponibilização da equipe da Fundação, na condução prioritária de pesquisas capazes de acompanhar o desempenho sistemático da Educação na região. Isso, por um lado, fortaleceria o vértice que é cabível à Fundação, no triângulo governamental do planejamento regiomal, de atuar a favor da ciência e da pesquisa. Por outro, faria a SUDENE rever alguns aspectos da sua política, no sentido de levar em conta o compromisso com a Educação, como agente de transformação social e econômica, vital ao processo de desenvolvimento. Caberiam ao FNDE e ao BNB estruturarem as formas de custeio para tal.
Particularmente, minha tese é que qualquer modelo de desenvolvimento que se vislumbre, seja qual for o espaço geográfico e a estratégia para geração de empregos, o investimento na Educação tem que ser uma obsessão política.
Romper paradigmas na esfera governamental é o desafio de uma inovação que se impõe nos dias atuais. Está na hora de tratar a transformação econômica do Nordeste através da Educação, por mais que isso não transpareça inovador. Que o diga quem, historicamente, já fez essa aposta.
FINTECH> E por falar em inovação, que entre seus valores principais está a capacidade de romper paradigmas, destaco aqui o crescimento exponencial das fintechs, certamente um fato marcante de grande impacto no mercado financeiro. Tratam-se de startups que operam para inovar e otimizar na prestação de serviços, que assim o fazem porque criaram um modelo de custo operacional mais baixo que o sistema bancário tradiciomal. Segundo uma das maiores instituições do setor, só em tarifas bancárias a economia gerada foi de R$ 13 bilhões neste ano. Mais um exemplo que dá relevância ao papel de soberania que o consumidor tem exercido. Aliás, este será o tema da próxima coluna.