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A Insustentável Leveza do Ser...Ideológico 

O embate entre ideologias acirra as contradições e mexe com as expectativas dos agentes econômicos 

Alfredo Bertini, economista e colunista da Folha de Pernambuco - Acácio Pinheiro/MinC

Uma das maiores referências da literatura contemporânea é sem dúvida o clássico "A Insustentável Leveza do Ser", de Milan Kundera, publicado em 1984. Romance à parte, tomo a liberdade de me ater na essência do livro, que está justamente ditada por escolhas baseadas na leveza, mas que logo terminam se mostrando como de um peso insustentável.  Assim, vou trazer esse tema à luz do debate em torno da conjuntura econômica. E para isso   considero as diferenças ideológicas como uma questão central. Ou seja, por mais leve que seja a escolha do pensamento econômico dos agentes sociais, costuma-se verificar o peso insustentável que passa a ser estabelecido por ideologias bem conflituosas. Enfim, parto do princípio que o embate entre tais Ideologias acirra as contradições e mexe com as expectativas de distintos agentes econômicos.

De fato, esses embates, na história do pensamento econômico, estabeleceram situações naturais de diferentes formas de se interpretar os fatos econômicos e seus efeitos na sociedade. É também comum registrar que existem ciclos que fazem desses conflitos de pensamentos momentos de maior ou menor grau de acirramento.

Parece-me que estamos por atravessar um ciclo mais afiado de esplendor das diferenças. E, em certas ocasiões, a exacerbação do debate atual tem sido tão intensa, que ódio e violência nunca estiveram tão ao alcance dos que protagonizam esses embates. 

Assim, o equilíbrio que se espera num mundo pautado pela ordem de grandeza das pluralidades, por mais diferente que se apresente, é algo de vital importância. Precisa ser buscado a todo custo.  Por conta disso, irei destacar, com a devida brevidade, alguns pontos de divergência, prestes a serem sustentados debido ao estresse dos conflitos.

O momento é propício. Afinal, até agora, nossos indicadores econômicos não apontam para situações de crise, por menos aguçada que seja. Por exemplo: mesmo que os dados de emprego e desemprego anunciados recentemente confirmem um ambiente de estabilidade, os polos opostos do pensamento econômico, inflamam o debate. Por mais que as reações do mercado de trabalho tragam suas respostas com certo atraso, entender e antecipar que a melhora nos níveis de emprego irão provocar riscos de inflação por excesso de demandas, é opinião precipitada. Isso transmite a mais pura das reações ideológicas, que só sobrevive pelo excesso de conflitos.

Infelizmente, (sobre)vive-se num tempo em que a sensatez do equilíbrio reflete ser mesmo uma leveza insustentável.

Por enquanto, o melhor da realidade está no acompanhar o que dirá a conjuntura econômica nos ciclos que já se desenham. A conferir.

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