A Longa Espera pela Conquista do Parque Automotivo de PE (Parte 1)
De Velhos Discursos e Planos, Tudo Pode Chegar com o Tempo
As conquistas recentes comemoradas em torno do parque automotivo de PE não revelam suas raízes. De fato, os indicadores transmitem muitos bons motivos para se comemorar, embora escondam, com a longevidade do tempo, a real essência de velhos discursos e planos. Mais precisamente, pelo histórico técnico e político, que serviram para auxiliar uma montadora a apostar na sua escolha e crer no retorno do seu investimento. Decisão tomada, planta industrial instalada e resultados colhidos, tudo isso se deu num bom termpo depois, quando se passou a evidenciar este Polo, como uma conquista, que foi capaz de imprimir outra dinâmica à economia estadual.
Particularmente, enquanto técnico que participou de um processo político que esteve nessa raiz, sinto-me orgulhoso por esse esforço coletivo, que trouxe para PE, um novo despertar para seu desenvolvimento socioeconômico. Comecei nessa história quando ainda muito jovem, estive no grupo que concebeu em campanha e executou no governo, mais alguns ingredientes para essa trajetória econômica, que significou o roteiro para atração de uma montadora de veículos. Aliás, uma pretensão que se juntou a outra decisão técnica, de agregar ao mesmo esforço, uma unidade industrial para refinar petróleo.
Assim, montadora e refinaria seriam projetos temáticos, tratados para uma alavancagem necessária àquele intento de conduzir PE para a rota do desenvolvimento. Tudo visto numa perspectiva que encarava os efeitos de encadeamento bem à moda do que predizia o modelo de Hirschman. Neste ponto, como estratégia essencial do que foi sua teoria de desenvolvimento.
Originalmente, essas concepções de investimentos foram defendidas para que fossem instaladas no Complexo Industrial e Portuário de Suape. E, nos limites do meu ofício, assim segui a trilha. Em 1990, como integrante e coordenador técnico-operacional da equipe que formulou o plano de governo, que foi uma foi uma marca da campanha do então candidato, Joaquim Francisco. Em 1991, já em posto do governo eleito, na condição de Presidente do Comolexo Industrial e Portuário de Suape. E, por fim, em 1994, na então pasta da Indústria, do Comércio e do Turismo, no monitoramento dos estudos de localização encomendados.
Portanto, desde a primeira concepção daquilo que se projetava para o território de Suape (ponto que nos leva ao final dos anos 60 e início dos 70), passando pela implantação desse Complexo (nos anos 70 e 80) até se chegar à concretização dos investimentos hoje em operação, creio que se impôs o mérito de esforços coletivos aplicados. Todos atuaram no enraizamento de duas árvores que frutificaram em PE, independente da longevidade do tempo, das instabilidades dos cenários econômicos e das localizações das plantas industriais. Mesmo que a montadora terminasse por optar pela oferta de área, na cidade de Goiana. Embora a unidade de tempo tenha extrapolado todas previsões colocadas em décadas, as referidas indústrias chegaram e criaram suas próprias perspectivas de contribuição para o desenvolvimento recente de PE.
Nesse contexto, aenho-me à particularidade da decisão tomada, já nos anos 2000, pelo grupo FIAT/JEEP. Hoje, estabelecido e consolidado, com a agregação de outras marcas fortes da indústria automobilística, como Polo Automotivo Stellantis, sediado em Goiana e com significativas influências de encadeamento econômico sobre outros municípios, da mata e do agreste.
Eis o vetor resultante daquela velha persistência técnica e política, concretizada pela aposta do investimento em avançadas linhas para montagem de veículos automotores. Seja pela opção de uso de tecnologias modernas, com elevada capacidade de automação/robótica. Como pelo compromisso com a qualificação humana, através do valor criativo incorporado aos produtos. Ou mesmo, pela aposta inclusiva, materializada no compromisso social de transformar e adequar a mão de obra local, diante desses novos tempos de reinvenção, na forma de consumir os veículos.
Sobre essa nova ordem que se impôs à indústria automobilística, bem como, às proprias conquistas econômicas do Polo de Goiana, comprometo-me em expor algumas observações, na coluna da próxima sexta-feira, dia 24/11. A conferir.