A maçã valiosa não é agro
Numa boa troca de ideias com o Consultor de agronegócio José Luiz Tejon, conversávamos sobre a importância desse segmento hoje para a formação do PIB brasileiro. Que apesar da incompreensão açodada sobre avanços tecnológicos e resultados conquistados, o agronegócio têm dado uma colaboração efetiva na geração de empregos e rendas. Mas, esse aparente sucesso está muito distante de um potencial ainda por explorar, com qualidade técnica e ações sustentáveis, longe de conflitos éticos, ideológicos e de quaisquer outros interesses associados.
Uma simples maçã poderá ser a razão maior de pensar grande, no sucesso setorial. Só que essa fruta não corresponde àquela colhida no campo, independente até do fato da sua produção nacional não justificar sozinha tamanho ímpeto por crescimento. Essa maçã é mera simbologia, representa apenas uma marca. E das mais famosas do mundo. Isso mesmo, a empresa "Apple" sozinha vale mais (US$ 1,9 trilhão) que o PIB brasileiro (US$ 1,8 trilhão em 2019). Ou, pode-se dizer que representa cerca de quatro vezes o agronegócio (US$ 433 bilhões). Uma simples "maçã" que vale mais que um setor inteiro.
Bem, por mais chocante que esse número possa parecer, o importante é vê-lo como estímulo, diante de todo potencial a ser explorado dentro do agronegócio. E esse muito por fazer pode ser encarado com equilíbrio, porque há caminhos onde a capacidade tecnológica e a visão sustentável podem se mostrar relevantes e exequíveis. Para isso estão aí a EMBRAPA e muitos empreendedores, que sabem desses desafios e possuem discernimentos suficientes para que o setor avance com segurança e firmeza.
Vários estudos apontam para o papel relevante do agronegócio. Não só sobre pelo impacto do setor no crescimento econômico. Referem-se também ao atendimento seguro e sustentável das demandas externa e interna por alimentos. Cabem planejamento estratégico e maior organização da sociedade civil, mirando-se para a dimensão da cadeia produtiva. Além de exportar e gerar divisas é imprescindível assegurar os alimentos para os consumidores brasileiros, em quantidade compatível e de modo acessível. O agronegócio tem sido uma real opção econômica, mas carece ainda de alguns avanços nos modelos de gestão.
ROBERTO CAVALCANTI> Uma notícia triste foi a perda do Prof. Roberto Cavalcanti, um dos pioneiros nas Ciências Econômicas em PE. Referência intelectual de uma geração de economistas, foi Superintendente do Ipea e Secretário dos Ministérios do Planejamento e Interior, tornando-se assessor direto do Ex-Ministro Reis Veloso. Assim, Roberto foi um dos especialistas mais requisitados em Planejamento e Políticas de Desenvolvimento. Pela influência que exerceu sobre todas gerações de economistas, é cabível um valoroso e respeitoso muito obrigado ao Prof. Roberto. Sua contribuição à pesquisa socioeconômica e ao pensamento econômico brasileiro foi meritória. Um réquiem para esse desenvolvimentista.
PIB> Após a divulgação ontem de um segundo trimestre de queda brutal (- 9,7%), recessão explicada pelo ápice da pandemia, os dados de julho e agosto projetam uma recuperação surpreendente para o terceiro trimestre (+5%), segundo analistas do mercado. No entanto, o efeito gráfico do "W" parece confirmar uma possibilidade de "segunda queda" no quarto trimestre. As expectativas negativas com relação ao auxílio emergencial, à política fiscal e ao esfriamento do "efeito volta" poderão explicar o mal desempenho do último trimestre. A conferir.