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A Moda Inconsequente do "Modo Apartheid" de Ser e Agir

O Discurso Novo que Só Reforça o Velho Problema das Desigualdades Regionais

Pixabay

A intolerância que hoje invade nosso tempo é como "prato" que se come frio ou quente. Muitas vezes, o "modus operandi" dos intolerantes parece contar com um mero dosímetro, enquanto instrumento natural de separação, daquilo que sua forma de pensar impõe. Só que não perceberam ter em mãos um verdadeiro barômetro, tamanha é a força da pressão que surge de uma sociedade historicamente desigual.

E por falar na História (que talvez por ser ciência, cabe-lhe o ostracismo), creio que faltam a esses inconsequentes "construtores de muros", conhecimento e disposição para entendê-la, mesmo que, minimamente. Para referendar esse pressuposto, sigo na essência de entender a lógica dos que tratam as desigualdades regionais como irrelevância política.Talvez para dar sentido aos muro construídos, como locais adequados para choros e lamentações. Longe de qualquer senso discriminatório que possa caber minha comparação. 

Nesse contexto, nada mais inconsequente que o conjunto da obra de frases e palavras, oriundo do Governador Zema, das Minas Gerais. Justo ele que se apresentou à cena política como o novo, por não ser político e ainda pertencer a um partido que defende o diferente. Só que a política gira noutro eixo de maturidade, que não se rende às tentativas de minimização de fatos históricos que se mostrem resilientes por natureza.

Nem entro no mérito da sutileza do preconceito, que age em nome de grande parte de uma sociedade dissimulada, que faz questão de disfarçar ou esconder, tudo que possa, sobre seus problemas estruturais crônicos. O que me admira nas falas do Governador é seu amadorismo político, que lhe deixa numa condição de pressão inevitável. 

De fato, no bojo da sua proposta de união das unidades federativas do sul/sudeste contra certos "privilégios" do norte/nordeste, há de tudo, além do preconceito dissimulado. No burburinho cenográfico entre burrinhos e vaquinhas, ressalto o que mais me chamou a atenção e que reforça minha incredulidade são três aspectos: o desconhecimento histórico, a ironia imprópria e a desconstrução política. Enfim, um tratamento dispensado ao escandoloso apartheid social, capaz de afrontar de Celso Furtado a Edmar Bacha. De JK a FHC. Das Minas Gerais ao Piauí. As desigualdades são fato.

Falar sobre o ineditismo de um protagonismo das regiões sul/sudeste parece sinalizar para sua ausência nas aulas de História. Será que ele desconhece a política café com leite? E até dos grandes mineiros que protagonizaram a cena política com sensibildade social? Pior que pensar e agir assim é fazer da questão da desigualdade motivo de chacotas e ironias. Suas atitudes nessa dimensão migraram da inteligência presumida para uma burrice assumida, que nem lhe cabe pelo seu êxito noutras competências. Por tudo isso e em nome do equívoco de assumir uma eventual liderança, justo da banda extremista do seu espectro ideológico, para mim essas atitudes representaram um erro crasso de leitura política. O Governador até esqueceu que, na grandeza territorial mineira, a diversidade impôs ao chão, ao povo e à cultura um traço nordestino. Meritório de registro e orgulho, assim penso.

Enfim, a verdade nua e crua de fatos tão descabidos foi mesma digna até do reconhecimento e da repulsa de aliados mais conscientes.Justo na hora de se rever a agenda de desenvolvimento para o Norte e Nordeste, há "uma pedra no meio do caminho". Drummond, o autor mineiro da frase, certamente não esperaria que a atual liderança da sua terra, pusesse tamanha pedra. E ainda apostasse que mais vale construir muros que pontes. Uma pena.

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