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A Obsessão Educacional Parece se Perder num Pacto pela Ignorância

A Oportunidade do Debate Econômico Precisa Assumir o Papel da Educação

Tânia Rêgo/Agência Brasil

Diria o "Menestrel" Cristovam Buarque: e como ficará a educação?". Por seu vez, o competente Eduardo Giannetti reforçaria: "a obsessão educacional é nossa velha companheira". Seguidores mais modestos como eu, apoiam esses mestres, pois bem sabem a figuração que reservam à educação, como uma espécie de "viúva Porcina": aquela que nunca foi.

Infelizmente, no Brasil o tema da educação é ofício de fartura no discurso político. No entanto, quando o assunto se traduz por simples resultados, o que se obtém em resposta é quase sempre algo pífio. Costumo dizer que não há melhor exemplo de distancianento entre o querer e o fazer, quando as políticas pública reservadas à educação se revelam para a sociedade. Não há uma pedra no caminho. Há um fosso de proporção incalculável. Afinal, o alcance mensurável da ignorância é o preço que também se paga pela distância que ainda se percorre até o alvo do desenvolvimento socioeconômico.

Deixando-se de lado tanto tempo e discurso, agora com a justa razão derivada do oportunismo pragmático e programático, a boa obsessão pela causa educacional não é só uma questão de prioridade. É preciso ser encarada como tema de subsistência orgânica de uma nação. E daí, pauta compulsória da urgência de um desenvolvimento, que se revele e assuma como realmente sustentável. 

Destaco o que chamei aqui de um "oportunismo pragmático e programático", porque no bojo dos debates recentes sobre a economia brasileira, o senso em torno da solução conjuntural se manteve firme, acima de uma velha herança que se impõe como questões estruturais. A mais basilar delas é, sem dúvida, a baixíssima efetividade nos resultados da educação.

De fato, promessas são postas em evidências, governantes difundem suas ações como feitos extraordinários, mas o tempo passa e as entregas para uma sociedade ansiosa por transformações são simplesmente insuficientes. Diante desse nó, tão dificil para desatar, a passagem do tempo tem sido cruel, pois continuou a expor nossa incapacidade de formar capital humano. Num contexto econômico renovado pelos poderes da criatividade e inovação, o sucesso da ignorância é sinal de preocupação. Uma bomba de efeito retardado, que mexe agora com uma variável de indiscutível peso nos arranjos econômicos - a produtividade.

Volto ao momento econômico nacional para reinserir a importância de um compromisso com a educação, que seja capaz de desatar aqueles velhos nós. Por um lado, a iminência da chegada da transição demográfica. Por outro, o enfrentamento do desafio pela urgência da melhora nos padrões de produtividade.

A oportunidade para as políticas e os investimentos na educação (em especial, na básica) ganham dimensão e força diferenciadas com esse fato novo da transição demográfica. É claro que o envelhecimento da população, visto pelas lentes da formação educacional, implica que, mesmo na faixa de recursos destinada ao setor, as conquistas per capita serão naturais. Da mesma maneira que isso possa servir de alento, há o alerta de se fazer as ações mais efetivas, capazes de, em médio a longo prazo, transformarem a sociedade por meio de empregos mais qualificados e ganhos de produtividade. Apesar do atraso geracional, isso se molda ao jeito que a nova dinâmica econômica já estabelece há alguns anos.

Sem excessos utópicos, sigo com a ideia de que é sempre necessário se falar de esperança. Se possível, todos os dias. Insisto nisso para que não se esqueça que ela existe e precisa ser trabalhada.

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