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A Perda de Entropia Política é o que Há (De)Mais Maduro

Os Embates Políticos Parecem ignorar as Reais Urgências Econômicas

Por mais que no Brasil a sociedade seja vista por seus descontroles naturais, os clássicos desperdícios de energia costumam mesmo extrapolar as razões mais comuns. Refiro-me, de pronto, àquelas que advêm dos ensinamentos próprios da Física. No entanto, perdas maiores derivam de uma contumaz entropia política, que põe um modo de debate estéril e histérico à frente de causas bem mais relevantes. 

 

De fato, pautas de CPI's, como as que estão postas sobre às mesas de tais comissões, dizem e reforçam bem esse contexto pouco produtivo, quando assuntos socioeconômicos mais problemáticos seguem sem soluções. Ademais, isso também é um problema bem mais maduro, que toda discussão travada em torno da presença de um presidente de nação vizinha, que carrega consigo o peso, muitas vezes odioso, do seu sobrenome. Por isso, não hesito em dizer que tamanha negligência, no trato político das questões econômicas da hora, representa algo bem mais maduro por encarar. Isso é ponto relevante.

 

Infelizmente, nessa "neura" de tratar tudo pelo viés extremo, como único e melhor caminho, o que se traduz na política como zona de conforto é tão somente o embate conflituoso, arrogante e agressivo. Tudo mais pode esperar por sua pauta. Até mesmo, o mais instigante que seja o problema econômico, posto à mesa.

 

Longe do acerto da restauração diplomática e da falha grotesca na condução política, o que se enxerga como algo "mais maduro", que a personificação de um presidente na berlinda,  revela-se como argumento de atenção bem maior. Nesse sentido, maduro mesmo é o desgaste politico reincidente que, numa nota de entropia filosófica, desperdiça as reservas necessárias para debater o que é essencial e urgente. Mais precisamente, os temas econômicos da hora, que resistem na mesma proporção da negligência política aplicada. A tara mórbida por CPI's, que só se aplica pelo desejo de construir debates agitados, por conta e risco de ódios que se arrastam desde as eleições de 2016, representa o melhor e o mais atual exemplo de ajustamento político. Um verdadeiro horror para os que vêem os desperdícios de energia, por mera negação às causas mais urgentes da sociedade e da economia.

 

No atual contexto, claro que por na ordem imediata de encaminhamento o tal arcabouço fiscal, já representa um passo à frente, de tudo que disse até aqui. Mas, até mesmo relacionado com esse ponto, há outros importantes desdobramentos econômicos que precisam de decisões firmes, dos que fazem a política no seu cotidiano. Que o digam as propostas de reformas, que se mantêm inertes no Congresso. Enquanto a polêmica avança em cada CPI instituída, o desperdício de energia humana para levar à frente temas mais robustos, consolidou-se como instrumento de zona de conforto. 

 

Fato recente foi esse "cabo de guerra" entre os poderes, em torno do que sempre foi tolerado como um dado simples e natural: a proposta de estrutura orgânica de qualquer governo em assunção. Independente das falhas desse processo, o caldo extraído do fato é tão somente para compor o "prato quente" de uma discórdia visceral, que tomou conta das relações políticas. 

 

O Brasil não precisava passar por isso e deixar a impressão de que tudo está perdido. Parece não fazerem falta raros e hábeis políticos do equilíbrio e do bom senso que, imbuídos do espírito publico, agiam a favor do respeito democrático e independente de ideologias. No entanto, diante dessa avalanche de maus confrontos, onde prevalecem violências verbais em vez de inteligências emocionais, talvez esses bons exemplos de políticos já estivessem engolidos pelo processo. Seria a nova versão dos idiotas da objetividade, na arguta construção literária de Nelson Rodrigues. 

 

Enfim, creio que seja preciso rever, urgentemente, as conjecturas politicas. Menos soberbas e mais Brasil.

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