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A Real Liberdade e a Novíssima República

Um Marco Civilizatório para Outra Ordenação Econômica

Alfredo Bertini - Arthur de Souza/Folha de Pernambuco

Duas situações que pautaram a História do Brasil foram consagradas no final dos anos 80, do século XIX: a Abolição da Escravatura e a Proclamação da República. Julgo que foram fatos históricos interligados, que bem caracterizam a incompletude da nossa formação de sociedade. Foram marcos descolados de questões estruturais básicas. E que também não decolaram o suficiente para um padrão de desenvolvimento, humanamente digno e tecnicamente sustentável.

Taí outro paradoxo brasileiro, cujas questões socioeconômicas vinculadas são consequências de um passado mal resolvido. Por um lado, devido ao contexto de uma fragilidade humanista, que validado por um falso conceito de liberdade individual, não proporcionou grandes avanços no que se convencionou chamar de capital humano. Por outro lado, devido à construção de um contexto político republicano que também não se completou. Seja por instabilidades institucionais que, ocasionalmente, puseram sob risco a ordem democrática. Seja por agentes políticos individuais que, geralmente, mostram-se incapazes, populistas e/ou provincianos nos seus  (en)cargos.

Explico melhor tais contextos desse traço de incompletude da sociedade brasileira. Noutras palavras, os erros históricos de fatos marcantes, cujos resultados não são seus velhos alvos, apesar das lutas empreendidas a favor. Antes, uma Abolição que se propôs libertar humanos escravizados por longo tempo, mas que não cumpriu com a real essência da liberdade. Depois, uma República que se instalou com propósitos autoritários e que jamais se firmou ao longo do tempo, pela defesa efetiva dos sólidos princípios democráticos. Muito menos, pelo compromisso com valores necessários a uma plenitude cidadã. Nos dois casos, conquistas pífias, em se tratando do intersse público. Em síntese, ainda falta ao Brasil, no esplendor do século XXI, um marco civilizatório, que fosse capaz de revelar algumas transformações de impacto na sociedade e ⁵na economia.

Algoritmo singular está por trás de tamanha fragilidade: a ausência da educação como agente catalisador dessa transformação. Sigo aqui aqui o raciocínio da incompletude daqueles fatos históricos. Por um lado, deixaram livres os seres até então escravizados, mas não lhe deram o elemento chave da liberdade: a formação que se adquire pelo sistema educacional. Por outro lado, em três situações políticas de restauro do sentimento republicano (a Velha e as Novas Repúblicas, de 1930 e 1985), as instabilidades foram os registros maiores vividos pela sociedade brasileira. Não só pelas crises políticas. As econômicas e sociais também foram bastante presentes.

O que tudo isso expressa? Bem, em primeiro lugar, dado esse tempo de tanto prestígio autoral, penso que a liberdade está mal entendida, por qualquer que seja a lupa de avaliação. A estupidez das discussões atuais, com brutais vieses ideológicos, é pura histeria estéril. Simples assim: a liberdade individual só se conquista de modo pleno, quando o direito à educação não seja mero pretexto discursivo. Afinal, precisa ser tão respeitado quanto exercido. Depois disso, vale aqui entender o sentido do que pode ser uma "Novíssima República", na qual os valores da humanização nas relações socioeconômicas são o  alicerce de uma sustentabilidade tão cobiçada pelo desenvolvimento. 

Eis a agenda da verdadeira mudança. O marco civilizatório que tem-se mostrado tão atrasado na nossa instável República.

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