A Recorrência, a Onipresença e a Panacéia Fazem a Obsessão Educacional
O "Nem, Nem" do Desenvolvimento Econômico: Nem Futuro, Nem Plano
Não costumo descolar das minhas utopias, justo as que penso serem factíveis. Entendo que negar sonhos é apostar no imobilismo. Assim, na minha forma de pensar, sobre um tema da relevância da educação, no sentido de vê-la como eixo verdadeiro de uma política de desenvolvimento, meu realismo utópico "não cabe em si". E "por ser exato e encantado; revela-se"...numa boa obsessão. Com a devida aquiescência pelo uso dos versos precisos de Djavan.
Nesses últimos meses de incursões ou observações sobre o comportamento da sociedade e seus efeitos diante de fatos econômicos e políticos, reforcei toda minha percepção sobre o papel da educação. De fato, as situações que, direta ou indiretamente, foram geradas para mim, fizeram-me chegar a conclusão de que há um tripé de sustentação: a recorrência, a onipresença e a panacéia.
A falta de um vigor nas proposições e de um compromisso que seja transformador, deixam-me ocasionalmente introspectivo, na busca pelo entendimento de um certo "pacto político com o fracasso". A educação fica então num ponto de inércia. Não avança e, por conseguinte, tira do nosso país alguma mínima visão de fururo. Só que, aqui e acolá, a gente se depara com experiências exitosas de um Brasil ainda invisível, que se impõe pelo capital humano, visto pelo prisma do conhecimento, da inovação tecnológica e da criatividade. A cadeia produtiva que decorre dessas iniciativas é capaz de renovar a esperança e dizer que há um "Brasil educado". Que devidamente provocado; poderá nos trazer melhores resultados socioeconômicos...
As situações que presenciei, por exemplo, numa viagem de dias atrás às cidades de São José dos Campos e Porto Alegre traduziram bem essas minhas boas expectativas sobre o futuro do Brasil. O que dizer de uma escola de São José dos Campos que lapida talentos com ensino integral de qualidade? Nela, na companhia enriquecedora de Cristóvam Buarque, pudemos assistir juntos a um modelo de ensino desafiador. Que tem no professor e no aluno um modo de atuar comprometido, capaz de fazer acontecer hoje tudo que possa ser necessário para um futuro melhor. Não apenas para ambos. Mas, para teansformar o Brasil.
E que tal pegar essa deixa da transformação e já vê-la em processo, dentro de ambientes de marca empreendedora e com cara juvenil? Não só em São José, como em Porto Alegre, o exercício pleno do conhecimento e da criatividade a serviço de projetos socioeconômicos inovadores, configurou um quadro de um Brasil promissor. Situações também transformadoras, que geram empregos e rendas, capazes de darem o tom do que representa o valor do capital humano.
Para mim, tudo expressou bem o exemplo de que a opção pela educação é fato recorrente, está onipresente e contínua sendo o remédio para a maioria dos problemas. A questão hoje não é só o "nem, nem", daqueles que, lamentavelmente, caem no fosso dos que nem estudam e nem trabalham. Nem é apenas por conta das discussões acaloradas e muitas vezes viesadas sobre o outro NEM - o Novo Ensino Médio. Tambem não é apenas pelos efeitos ou defeitos do ENEM.
Na verdade, a energia desperdiçada hoje só alimenta um "nem, nem" tão ou mais preocupante. Refiro-me aos atos contínuos de uma educação que nem mira no futuro e nem se compromete com um plano de desenvolvimento que a tenha como dínamo propulsor.