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A Volta dos que Não Foram

Novos Tempos para o Desenvolvimento Regional e a SUDENE

Pixabay

No velho hábito de se dissimular em torno das respostas às questões estruturais brasileiras, parte da sociedade sequer percebe que certos contextos socioeconômicos permanecem na inércia histórica. Mais parece aquele tipo de jogo de tabuleiro, no qual se avança uma casa, para depois recuar duas. 

Bem, por mais que diagnósticos e medidas tenham sido implantadas com êxitos relativos, ao longo de políticas mais diretas e implantadas nos últimos 60/70 anos, os conceitos e inovações foram se alterando, de tal sorte que medidas renovadoras já se faziam cabíveis há anos. Na situação recente, pior do que se ter negligenciado nesses ajustes, foi se deparar diante de um retrocesso total de acolhimentos e parcerias públicas, entre a União e seus federados. Um comportamento estupidamente explicado por rancores ideológicos, que só serviram para dar ainda mais robustez ao nosso velho, indigno e vergonhoso apartheid. 

Num olhar mais panorâmico, diante desse quadro de desigualdades em distintos niveis, o olhar para o lado geográfico da territorialidade, justamente esse que dá o caráter regional, mostra toda uma dimensão histórica, cujo mérito do diagnóstico com plano de ação, vem do final do áureos anos 50. Foi com o olhar técnico criterioso de Celso Furtado e toda uma equipe sensível às discussões políticas e acadêmicas, em torno do tema socioeconômico da distribuição de renda, que o primeiro passo foi dado. Evidentemente, que dentro de uma realidade diferente, na qual o despertar pela urgente necessidade de geração de empregos, passava pela defesa fervorosa de um processo de industrialização impositivo, tamanha era a indisposição por qualquer meio de questionamento.

Não entro no mérito de arguir valores atuaus que nao me parecem oportunos de colocá-los perante aquele contexto histórico. Prefiro considerar alguns avanços, mesmo que no tabuleiro do jogo, certos recuos tenham ocorridos. Sou daqueles que preferem deixar o retrovisor como mera referência educativa, porque à frente há muito para onde olhar, caso se queira mesmo avançar. 

Como ser que advoga na utopia realista, quero acreditar que há um novo tempo por considerar. O mundo nos mostra hoje conceitos e valores que fazem rever os princípios de um outro paradigma de desenvolvimento. Um quadro que possa crer em políticas públicas que incorporem ações criativas e inovadoras, respaldadas pelas ciencias e se permitam atuar como sustentáveis. Tudo em harmonia e com o devido respeito à preservação do meio ambiente e às expressões da diversidade.

Nessa situação, manifesto aqui minhas expectativas favoráveis com relação às novas perspectivas que surgem, com as gestões da SUDENE e do BNB. No que pude constatar em conversas recentes com seus dirigentes, percebi uma completa sintonia, com relação aos olhares respectivos que cabem as instituições, diante da realidade hoje posta. Além de estarem imbuídas desses valores e conceitos, espero que essas instituições atuem também em perfeita sintonia com quem produz, publicamente, ciência na região: as Universidades Federais e a Fundação Joaquim Nabuco.

Ae os vértices desse triângulo funcionarem, de modo sintonizado entre eles, junto com o que está posto no mundo de hoje, talvez a gente possa - como naquele jogo de tabuleiro - avançar em mais casas, do que retomar o velho recuar. Tomara. Será a "volta" dos que resistiram, porque não "foram para o brejo", conforme alguns tentaram.

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