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As expectativas da semana ratificaram a instabilidade na macroeconomia

Os desafios dos riscos bancários e da nova âncora fiscal

Pixabay

Nenhuma variável determinante de distintos modelos econômicos é mais imprevisível que as expectativas, quando se fazem presentes. A dose de incerteza que dá essência à essa relação de funcionalidade é um desafio analítico tão instigante, quanto à própria capacidade da variável de se assumir imprevisível.

Diante de um contexto como esse, para não se precipitar numa provável indução ao erro, cabe ao analista: prudência, responsabilidade e equilíbrio. É o que chamo de alerta PRE. Uma sigla que também revela uma PRÉvia ou uma PREliminar. Penso fazer todo sentido numa hora como essa.

É ser prudente na observação, para saber distinguir o que julgar como certo ou  errado. É agir com responsabilidade, para que as expectativas não gerem riscos incontornáveis. Por fim, é buscar, dentro do possivel, o equilíbrio como estratégia em ambientes assim tão  exacerbados.

De dato, a semana que agora finda foi pura nitroglicerina. No entanto, para espanto dos idólatras do caos, bem que a equipe econômica cumpriu bem suas tarefas. E melhor: evitou propagar especulações contrárias à sensibilidade comum aos mercados. Nesse sentido, tem atuado para amortecer efeitos externos, como os impactos de uma nova instabilidade no sistema bancário. Tal e qual, as apostas internas sobre o futuro fiscal do Brasil. O caos não só foi coroado, como creio que a coroa ficou oculta.

No primeiro ponto, é evidente que a colateralidade e dependência do que ocorre na economia internacional, continuam como efeitos ativos, sobretudo, num ambiente sistêmico de essência global. Todavia, por mais que saibamos sobre a "psicologia" derivada de uma onda ingrata  de alta nas taxas de juros, os aspectos reais e especulativos que ferem a confiança nos sistemas bancários costumam usar réguas distintas. No caso brasileiro, o tom real advém de um sistema bancário mais estável e controlável, talvez até pelo seu poder concentrador. Ou oligopólico, por melhor dizer. Nisso, fez muito bem a equipe econômica, quando reforçou esse conceito de menor vulnerabilidade. A repetição da quebra de confiança que ocoreoda nos EUA (com respingos na Europa), por mais que tenha na rigidez da política monetária sua causa maior (nosso exemplo do rigor da Autoridade Monetária é sabidamente mais amplo), o fato é que o sistema bancário brasileiro está melhor alicerçado.

Por sua vez, diante de um ambiente macroeconômico interno, cujos mercados - e até parte da sociedade - têm cobrado maiores disposições para o enfrentamento histórico do deficit fiscal, o que pude perceber nesses dias foi a revelação de um importante compromisso. Refiro-me à idéia já posta de se anunciar, em definitivo, o primeiro passo: a âncora que dará sentido a politica fiscal que a economia prescinde. Passado o equívoco de se descartar o chamado "teto" (como fator limitante e consequente da velha responsabilidade fiscal), os agentes econômicos passaram a desconfiar de que, a opção desmedida pela gastança, fosse algo além do ímpeto eleitoral e populista do governo passado. Esse grau de incerteza, que tanto tem provocado as piores expectativas, foi minimizado nesta semana, na confiança de que o anúncio de uma âncora possa frear os avanços no desequilíbrio fiscal e no endividamento público. 

Como nem tudo que é sólido pode se desmanchar no ar, com a mesma técnica da PRE, cabe-me aguardar.

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