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As faces de quem não entende o sentido da política pública

É preciso reconhecer os verdadeiros benefícios públicos

Pixabay

Foram nas recentes exposições sobre os valores filosóficos ditados pelos mantras liberais, que a visão do que seja "público" se tornou tão ou mais míope, em reforço aos velhos costumes seguidos pelos adeptos mais eufóricos de Hayek. Vale também dizer que, evidências pouco éticas deram enorme substância ao tema, haja vista o volume de denúncias (comprovadas ou não) sobre apropriações de recursos públicos.

 Aliás, esfe foi um tema abordado pela ótica filosófica mais profunda, quando estudado e questionado pelo viés da ética, como por exemplo, no excelente trabalho escrito por Eduardo Giannetti, "Vícios Privados, Benefícios Públicos?".

Longe de eu trilhar pela dimensão filosófica desse assunto, já tão bem colocado pelo economista e filósofo aqui citado, ouso apenas repor a discussão, não só pelo apelo convencional das ideologias. Muito além disso, prefiro expô-la pela atualidade temática, tamanha tem sido a postura de certos cidadãos. Mais precisamente, os que  parecem desconhecer o papel de tudo aquilo que precisa ser tratado como de interesse público. Tudo posto sem exageros. Na medida do cabivel, respeitadas ideias e situações. 

Nessa situação particular, no caso dada por posicionamentos liberais elevados à potência máxima (e extrema), não se justifica extrair do cotidiano da sociedade, o senso público de certas iniciativas, independente do tamanho e da forma que se apresente. Noutras palavras, é preciso  saber fazer o uso adequado de uma régua coletiva, posto que, na medida de um fervor do individualismo, tende a se revelar exequível. Ademais, os exageros de medidas que só potencializam os atos individuais, põem sob o modo de alerta cenas impróprias de narcisismos e supremacismos. Tudo que a evidência da diversidade não deseja que prospere.  Em nome de relações mais humanas, em quaisquer situações.

As cenas mais recentes de um baixo  comprometimento com a causa pública ficou mais evidente na explosão da pandemia. A adesão tardia, por exemplo, ao Programa Nacional de Imunização (PNI), não só trouxe para o país o registro trágico das vítimas. Trouxe ainda um "caldo cultural" favorável ao negacionismo científico-tecnológico, que ao revogar o mérito das políticas sanitárias, contribuiu para propagar um sentimento ardoroso em nome de um individualismo arrogante. Deu no que deu, muito embora, sob o ponto de vista de se sentir compelido para tal, a extensão catastrófica da crise social desenhada pela pandemia, arrefeceu o mais resistente dos liberais.

Bem, nem quero aqui adentrar no conceito micro que está por trás dos que não entendem o papel público. Por outro lado, este analista, na sua liberdade individual de se manifestar, está bem longe de crer que as soluções públicas são exclusivas e de mão única. O que insisto é na renovação do senso teórico, conforme a ocasião econômica. Não vale apostar no gestor que se recusa a entender a política pública, desde o detalhe básico de que ele é um servidor, por maior que seja seu impulso ideológico. Ou mesmo, sua razão ética particularde jogar todas as cartas, no objeto de que só existem benefícios públicos porque ocorreram vícios privados. Só que a razão que faz as ocasiões sociais, econômicas e políticas pedem por outro meio de desprendimento. Nessa hora, penso que é preciso entender sobre até onde podem ir as contradições sociais, bem como, os esforços cabíveis de humanização nas relações.

Nesse contexto de situar o que precisa ser definido como prioridade na política pública, a sociedade da razão e da ocasião ainda se vê atropelada. E dos dois lados: por uma banda insegura e conflitante do governo e por segmentos políticos que combatem as ações de interesse público por ideologia contrária ou jogo de interesses.

Entre benefícios para carros populares, chantagens para votações importantes e CPIs que só servem para aguçar o clima de ódio reinante entre extremos, tudo isso só serve de exemplos para desperdícios.

Em suma: pensar e fazer politica pública não costuma servir como régua adequada para muita gente dos escalões de governos. Isso é fato desde simples posturas de efeito micro, até mesmo, para ações gerais, mais nutridas na plenitude liberal. Só que o oportunismo de ocasião precisa ser implacável, para trazer a política pública para o nível de equilíbrio necessário. 

Em especial, minha expectativa é levar as próximas análises das politicas econômicas para esse contexto de avaliações.

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