As Métricas do Medo
Uma Semana de Instabilidades Econômicas e Políticas Mexe com Ânimos e Expectativas
É do conhecimento geral que as Ciências Econômicas convivem com indicadores e métricas. Nesse universo de números, existe até um deles destacado como o "índice do medo". Trata-se, simplesmente, de um certo "indicador de volatilidade CBOE ou VIX", mais um entre tantos que aferem sobre as variações de preços e os ânimos deste ser sensível chamado de mercado. Mais precisamente, a referência aqui em curso diz respeito a uma ferramenta indexada, que mede as expectativas do mercado acionário de Wall Street e adjacências.
Bem, a gente sabe que esse simples recurso estatístico tem seus efeitos sobre muitas economias. Todas, fisicamente, distantes dos burburinhos econômicos que vêm de Nova Iorque e de outros centros financeiros. Pois bem, independente da lógica desse perfil, cabe-me também interptetá-lo por outra linha. Justo no sentido de que as expectativas de medo que aquele "termômetro financeiro" é capaz de traduzir, podem ser também apropriadas, pelo viés do "barômetro econômico". Neste particular, refiro-me às pressões que atuam sobre a Economia e Política, tão costumeiras em um Brasil de diversidades instigantes, dadas as respectivas dinâmicas dessas áreas.
De fato, a proposição aqui me parece simples. É fazer prevalecer que, independente do que seja afetado pelo ambiente externo, a recorrência das instabilidades da política e economia, tão comuns no nosso ambiente interno, favorece à minha abstração sobre uma certa "métrica do medo". A fragilidade "nossa de cada dia" é sempre risco iminente, com fluidos de nitroglicerina pura pairando no ar.
Nesse clima, o resumo da semana que se encerra, considera os abalos decorrentes das manobras de lideranças políticas e dos desencontros de protagonistas econômicos. No primeiro caso, com a sequência de cenas da novela "puxa e estica", bem produzida pelos poderes constituídos. O ápice dos tremores sísmicos sentidos na Praça que os abriga, foi pura consequência de conflitos. Particularmente, entre quem do Executivo articula as ações, contra quem no Legislativo guia as conduções. Resultado disso? Como Padilha "não foi pra casa", o "Rei Arthur delira" em cima de um pacto por entraves legislativos. Uma disputa por espaço de poder, no melhor estilo paroquiano, de costas para a urgência das questoes nacionais da hora.
Para completar o grau de instabilidade, no momento menos oportuno e sem uma linha de comunicação amortecedora dos efeitos da medida, o anuncio de uma revisão das metas fiscais. Nem houve uma inversão de compromissos, que jogasse o padrão das expectativas para o solo. Mas, a simples maneira de se tratar a revisão ainda dentro de um pacto sustentável, não foi priorizada. Afinal, era preciso ir além no destaque de que, depois de um governo obscurantista conduzido pela falta de políticas públicas, os gastos precisavam ser retomados, de um modo mimimamente planejado. Dito isso, uma vez ajustados ao limite de 75% das receitas, o anuncio ds uma revisão teria que contemplar fatos que impusessem mais confiança. Diria até, algo além de sinalizar para a efetividade imediata das despesas. Uma proposta que não ignorarasse um olhar futuro, capaz de rever o engessamento promovido pela obrigatoriedade de gastos alinhados com desperdícios.
É fato. O esforço por atenuar as métricas do medo precisa ser considerado.